Quem um dia foi proprietário de um sítio ou desejou ter um?! Eu tive o meu. Na verdade, eu era o sócio-proprietário. A sociedade era familiar: Eu, meu pai e meu irmão. Montamos uma microempresa, a Atumã Agroecossistemas. O sítio Atumã, estava localizado à margem da rodovia PA-140, km 08, São Caetano de Odivelas, Pará. Cheguei a passar algumas licenças prêmios de meu trabalho na FCAP lá, para cuidar 24 horas dos negócios que estavam se iniciando. Eram criações de patos, marrecos, galinhas, porcos e peixes, em sistemas agrícolas que buscavam a autossustentação, segundo os princípios da ecologia agrícola e da tecnologia moderada.

Este episódio aconteceu na primeira safra de produtos que levei para serem vendidos em Belém.

– Que lindos! Quero um casal pra decorar a pérgola de minha piscina! Disse a madame, ao ver os marrecos de Pequim expostos para a venda, no chão presos por um fio.

Olhei para o caseiro Geraldo, e ele olhou pra mim, ambos com os olhares espantados e ao mesmo tempo decepcionados. Só tínhamos machos.
– Vou ao supermercado e na volta comprarei um casal, viu?! Completou a madame e se foi. Antes de eu falar alguma coisa, o Geraldo dá a solução:
– A gente arranca aquelas peninhas levantadas do rabo e pronto, tá resolvida a questão!

Tínhamos estacionado a belina cargueira no meio-fio do cruzamento da av. Doca de Souza Franco com a rua Antônio Barreto. Uma semana anterior ao Círio de Nazaré de 1987. Tínhamos patos, marrecos de Pequim e de Ruan, alguns capões e umas velhas galinhas pra vender. Tentamos inicialmente vender em frente à Basílica de Nazaré, mas fomos gentilmente convidados a nos retirar por um fiscal da Prefeitura de Belém. Daí optarmos pela Doca, considerando que o supermercado tinha sido recentemente inaugurado.
Sugestão dada, solução realizada. Cerca de 30 minutos depois a madame voltou:
– Cadê o meu casal de patinhos?
– Estão aqui, senhora.
Recebemos o pagamento e entregamos o produto acondicionado em 2 sacolas com as asas e os pés devidamente amarrados. E a madame se foi, com um sorriso de orelha a orelha...