PASSATEMPO

 

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... foi a última de uma extensa lista que já se prolongava por minutos de diálogo-embate acirrado.

            Era o papo que rolava entre dois irmãos. Não havia consenso ou mesmo coerência. Não havia vencedor. Só dúvidas, palavras difíceis jogadas na jogada. Explodiam no ar como as pipocas a estourar na panela – sentiram fome durante exercício mental tão exaustivo!

            Tudo começou porque o primeiro foi desafiado pelo segundo: duvido você conhecer mais palavras difíceis que eu. Desafio aceito, já não havia primeiro ou segundo. O filme a que assistiam perdeu o valor. Havia agora palavras incompreensíveis para muito, talvez até para eles.

            Batalha obstinada, já avançada, suspensa por  sonoro PAREM! BASTA!

            Era o pai que estava por perto ouvindo perto ouvindo tudo, desde que o desafio foi lançado. Ficou admirado com tantas palavras que os filhos em final de adolescência conheciam. Sentiu-se valorizado pelos investimentos feitos na educação deles. Mas cansou de ouvi-los. Aonde queriam chegar? Onde iam parar?

            Suas duas palavras foram simples, práticas, ditas com autoridade e ... vencedoras. Houve um empate entre os dois que com olhar divertido prometiam revanche logo que possível.