PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 23.01.2004, horário: 17:00 horas:

Estava retornando de um café e encontrei Braga na Portaria da Chefia da Polícia Civil. E logo que me viu afirmou:

- “Felipe o pessoal da Adpesc está intimando todos os Delegados para irem até a Assembleia Legislativa amanhã pedir para os Deputados votarem o aumento do teto. Tu tens que ir. Vamos? Eu sei que tu não gostas muito disso, mais é interesse de todos. Depois, estava tudo certo para ser votado. Já tinha maioria, mas agora houve um fato novo e os deputados estão divididos...”.

Procurei não me demorar e continuei minha trajetória em direção à Assistência Jurídica enquanto ouvia Braga dizer ao fundo:

- “Eu sei que o doutor Felipe é contra...”.

Era típico do Braga esse tipo de provação, atitude, parecia que tinha necessidade disso, parecia mestre em criar provocar os amigos, gerar intrigas.   Da escada repliquei:

- “Eu sou a favor, eu sou a favor! Não sei sobre o quê, mas sou a favor, visse!” 

Quando estava quase alcançando o último andar olhei para baixo e percebi que o Comissário Tadeu que estava na Portaria permanecia rindo da minha resposta, dando a nítida impressão que tinha entendido minha mensagem para o Delegado Braga  “calar a boca e não ficar falando besteiras”. 

Horário: 17:30 horas:

Braga me telefonou:

- “Felipe, tu tens que ir na Assembleia. Os deputados estão divididos. Nós temos que pressionar os deputados...”.

Aproveitei para alfinetar:

- “Olha Braga eu quero saber é qual a carta na ‘manga que o Noronha’  disse que tem, tu já descobrisses isso? Vê se descobre isso para nós. Eles ficam plantando essas coisas de nós irmos para a Assembleia... Este mês o meu salário diminui quarenta reais. Só um grupo reduzido de Delegados é que teve aumento, mesmo assim esbarraram no teto. Agora tu vê, os Oficiais sim que estão pressionando para aumentar o teto. Eles têm um monte de gratificações e querem que os Fiscais da Fazenda e Delegados vão lá para a Assembleia brigar por aumento do teto. Dá licença, né Braga! É só o que me faltava ir lá prá Assembleia pagar mico...”. 

Braga ficou meio que sem ação, pois ele que detinha cargo comissionado, mais agregação, mais anuênio permanência... estava com limite no teto estourado era que tinha interesse e ficava querendo colocar “pilha”..., “rapaz tolo”, pensei.  Aproveitei para perguntar:

- “Quem é que está pressionando os Delegados para ir à Assembleia?”

Braga confirmou que era Maurício Noronha, Artur Régis da Adpesc, sem citar outros nomes.

A tal integração parece que trazia mais resultados, além do P2, agora policias militares iriam andar em trajes civis realizando diligências e investigações nos coletivos.  Era a PM atuando  numa área que deveria ser da Polícia Civil, com uma Delegacia ou órgão especializado nesse tipo de ações criminosas... Enquanto isso Dirceu Silveira dava a impressão que estava dando, digamos, continuidade a era “Lipinskiana” de “desconexão” com a realidade:

“Coletivos terão policiais à paisana - Os ônibus do transporte coletivo da Grande Florianópolis terão policiais em traje civil. O objetivo é conter a onda de assaltos que já ultrapassam os 50 desde o início do ano, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano de Florianópolis e Região (Sintraturb). Um encontro ontem entre o secretário adjunto da Secretaria da Segurança Pública, coronel Pedro Roberto Abel, representantes das empresas de ônibus, Sintraturb, PM e Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Florianópolis (Setuf) definiu algumas medidas (...)”  DC, 27.1.2004).

Aliás, o processo de sufocação da Polícia Civil parecia intensificado com a falta de concursos... Enquanto a “PM”, sempre presente intensiva e permanentemente junto ao Palácio do Governo, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, “Casa da Agronômica, Tribunal de Contas, Ministério Público...:

Concurso - Conforme o presidente da OAB catarinense, Adriano Zanotto, o secretário de Segurança Pública e Defesa do Cidadão, João Henrique Blasi, assumiu ontem o compromisso de nomear todos os 400 aprovados no concurso para a Polícia Civil do Estado. A garantia é de que caso não seja possível fazer todas as nomeações até dezembro, quando expira o prazo legal, haverá a prorrogação por mais dois anos, conforme autoriza a legislação. Blasi também adiantou que até o final de fevereiro serão nomeados os restantes 18 delegados já aprovado” (DC, Paulo Alceu, 27.1.2004).

Data: 28.01.2004, horário 16:00 horas:

Braga esteve na “Assistência Jurídica”. Primeiramente relatou que esteve na sala do Delegado Tim Omar e verificou que estava tudo fechado, portanto, não teve conhecimento das últimas novidades. Perguntou se estava havendo reuniões e que na última semana andavam viajando na Chefia de Polícia. Respondi que sim, que realmente o pessoal estava viajando. Braga avisou que no dia seguinte (quinta-feira) também viajaria e comentou que o Governador havia vetado o projeto dos bingos, e que era uma vergonha...: 

Caça-níqueis - O veto do governador ao projeto que proíbe o uso das máquinas caça-níqueis no Estado não foi bem recebido no Legislativo. O deputado Dionei da Silva (PT) já está trabalhando para derrubar o veto no Parlamento” (DC, Paulo Alceu, 28.1.2004).