PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 07.08.2007, horário: 09:15 horas – “O Delegado Regional de Balneário Camboriú Gilberto Cervi e Silva e os ‘astros’ da Polícia”: 

Estava na Delegacia Regional de de Balneário Camboriu e fui direto para o Gabinete do Delegado Gilberto Cervi e Silva a fim de lhe repassar o “projeto” de ‘PEC’, conforme já tinha acertado antes. Gilberto Cervi demonstrando certo “ar” lúdico ou de ingenuidade comentou que mandar uma cópia para a Delegada Sonéa da Adpesc. Argumentei que se fosse esse o encaminhamento eu já tinha tomado essa iniciativa e que o seu desafio era reunir os Delegados da Região e se juntar ao pessoal da DRP de Itajaí, marcar um encontro com o Vice-Governador Pavan para dar ciência da nossa aspiração histórica e do projeto. Gilberto externou um  “ah” de quem tinha entendido a mensagem.  Insisti que ele adotasse essa iniciativa, considerando a importância política do seu cargo, que conversasse com o pessoal, com o Delegado-Geral Maurício Eskudlark... 

Fiquei pensando: “só o tempo é que poderia dizer o que se passava na cabeça desse colega, e lembrei da ideia de se criar o “Colégio dos Delegados Regionais” e que até aquele momento estava esperando uma resposta ou iniciativa da parte de Gilberto Cervi que havia se comprometido de liderar um movimento para realizar um encontro dos Delegados Regionais do Estado na cidade de Balneário Camboriú, mas nada, absolutamente nada foi feito, tampouco deu qualquer satisfação sobre essa nossa solicitação!”

Horáriio: 16:00 horas:

Já havia combinado com o motorista “Zico” para me levar até Joinville para poder me encontrar com a Delegada Marilisa Boehm (Delegada da Mulher, Criança, Adolescente e Idoso), a fim de lhe repassar o projeto de “PEC” e as instruções, para que ela em seguida pudesse ir no jantar político do Delegado e Vereador Zulmar Valverde para repassar o material. Fiquei imaginando que Zulmar já deveria estar se preparando para a nova campanha eleitoral do próximo ano.  Quando menos esperava recebi uma ligação de Marilisa que com a voz tensa me disse:

- “Oi, Felipe, é a Mari. Estais em audiência? ...Olha, lamentavelmente eu não poderei me encontrar contigo hoje à noite. Surgiu um problema. É o meu irmão...”.

Engoli em seco, pois ela conversava comigo como se eu tivesse conhecimento que ela tinha um irmão... Na verdade sabia que ela tinha e apresentava problemas sérios no plano pessoal... Procurei dar um desconto daqueles, e fiz de conta que já sabia do que se tratava como se fosse há a “trocentos” anos. Marilisa foi relatando coisas meio perdidas, mas que acabavam se encaixando:

- “.Ah, esse meu irmão..., mas ele é muito orgulhoso, sabe como é, sempre dando problemas para a família, mas não quer ajuda. Eu vou ter que ir lá resolver o problema com os filhos dele, tem a menina, tem o menino. A mãe ficou muito nervosa, sabes como é problema de família. E, eu não vou ter como ir ao nosso encontro, tu me desculpa...”.

Interrompi:

- “Que é isso? Já estou orando por ti, não tem problema, não!  Mas vai me colocando na tua agenda. Tenho lugar na tua agenda?”

Marilisa:

- “Que é isso, claro que tem”.

Interrompi:

- “Mas eu estou notando pelo tom da tua voz que tu não está muito bem”. Procurei descontrair um pouco porque senti que ela não estava nada bem, era uma outra “Marilisa”, bem diferente daquela pessoa irreverente.  Acabamos nos despedindo daquele jeito e cancelei à viagem a Joinville com “Zico”, lamentando por perder uma ótima oportunidade...

Horário: 17:30 horas:

Estava na Delegacia Regional de Itajaí para ouvir o Delegado Quilante num procedimento disciplinar. Antes, porém, fui até o gabinete do Delegado Regional Sílvio Gomes para reiterar a estratégia do projeto  de “PEC” e medir a pressão. Depois de uma conversa sobre assuntos correcionais lembrei que tínhamos que conduzir as tratativas da “PEC” de maneira bem discreta, além de levar em conta que existiam muitos pedidos de aposentadoria represados. Com isso, muita gente iria pedir a suspensão de seus processos para esperar uma possível aprovação das mudanças... Sílvio concordou que deveria haver um encaminhamento inteligente. Lembrei que o projeto da “PM” havia sido aprovado no silêncio e que se nós não tomássemos cuidado o assunto acabaria como manchete nos principais jornais. Sílvio concordou. Recomendei novamente que ele entrasse em contato com o Delegado Regional de Balneário Camboriú e acertassem um encontro com o Vice Governador Pavan e tratassem de um possível encontro dos Delegados Regionais naquela cidade.

Na sequência, depois de terminar a ouvida do Delegado Quilante, conversei com o mesmo e mais o Delegado Antonio Carlos Gomes da 1ª DP da Comarca e repassei as informações sobre o projeto de “PEC”, deixando cópia gravada no computador para que eles divulgassem e fizessem pressão sob os DRPs (Itajaí e Balneário Camboriú) e políticos das duas regiões. Quilante revelou que o Delegado Renato Ribas (Vereador e ex-Presidente da Câmara de Vereadores de Itajaí) era bastante ligado ao Prefeito Jandir Belini.  Deixei também gravado cópia da “Emenda Constitucional” que prevê a criação da Procuradoria-Geral de Polícia. Argumentei que a nossa grande prioridade é uma “emenda constitucional”... Depois chegou o Delegado Celso e disse a ele que estava deixando um material para ele dar uma olhada...

À noite fiquei pensando na Delegada Marilisa e me deu vontade de ligar, mas me segurei, estava curioso para saber se ela tinha algum acesso a alguém que estava no jantar do Delegado e Vereador Zulmar Valverde em Joinville. Fui até o Shopping Atlântida em Balneário Camboriú  e fui naquele mesmo lugar onde encontrei Marilisa junto com Patrícia, bebendo chopp e comendo polenta, fritas e frango... Fiquei pensando: “o que poderia realmente ter acontecido?  Sua voz estava tensa no telefone, parecia que lamentava o nosso desencontro, mas agora ela estava ali em Balnário Camboriú.  Tinha que botar fé na sua explicação que o problema realmente era familiar, até porque ela deu a impressão que não queria cessar nossa ligação, queria que durasse mais... Aliás isso foi uma das coisas marcantes na mudança que observei nos últimos tempos, ela parecia ter caído mais na real a respeito da nossa união de forças em função da “PEC”, ainda mais agora que ela integrava comissões disciplinares sob minha presidência.

Também lamentei porque ela disse que seu irmão era muito orgulhoso e pensei: “Mas ela também parecia ser.  Dava a impressão que não queria dar o braço a torcer, não queria ligar para dar um “oi”, muito menos enviar um “torpedo” sobre amenidades...

Sim, mas o fato de ser orgulhosa não poderia intervir nos projetos institucionais. Na verdade eu sabia que ela era comprometida e que nossa relação poderia ser mal interpretada, então eu teria que ter uma certa discrição.  Acabei pensando: “Bom, ela sabe que eu estou próximo, talvez amanhã ela iria me ligar..., e o que é mais provável,  mergulhará no seu cotidiano, esquecerá seus problemas pessoais, voltará para o convívio de sua família, filhos..., porém, não iria esquecer nossos compromissos”. 

De qualquer maneira isso era muito forte no seu imaginário, na sua visão de mundo, onde a família, os pais, parentes... tinham uma presença muito marcante, depois vinha o resto, Corregedoria, “PECs”, projetos... Quanto a nossa amizade, bom dispensava comentários, vamos ver amanhã, depois e até sexta-feira, poderia ser que ela aparecesse na audiência da policial Eliste Quirino que seria interrogada na DRP de Joinville e então voltaríamos aos assuntos que estavam me consumindo...