PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 20.04.2004, horário: 07:30 horas:

Cheguei cedo na Chefia da Polícia Civil e o policial “Nhônhô” já estava na frente do prédio adulando seu “fusca” 1994, branquinho estacionado junto ao meio fio. Me dirigi diretamente à portaria  e ele veio ao meu encontro. Depois de algumas frases sobre amenidades ele me contou a primeira daquela manhã:

- “Doutor o senhor soube da última aí, o doutor Khale já recebeu uma mijada do homem lá encima!”

Fiquei curioso:

- “O quê? Quem? O doutor Khale, por quê?”

 “Nhônhô” continuou:

- “Foi doutor. Foi por causa daquele juiz que mataram. O governador telefonou para o Secretário para obter informações e esse novo Secretário disse que não sabia nada. O secretário telefonou para o Thomé e ele disse que também não sabia nada, mas o doutor Thomé disse que iria telefonar para o doutor Khale. O Meira disse que estava lá e que o doutor Khale disse para o doutor Thomé que também não sabia nada. Ah, o doutor Thomé deu uma ensaboada no doutor Khale, o senhor precisa ver, o Meira contou. Aí o doutor Khale foi atrás de informações. Foi a Polícia Federal que prendeu. Telefonaram para lá, mas eles estão em greve, não informaram nada!”

Interrompi:

- “Sim, mas eles não iriam repassar informações para a Polícia Civil, para ninguém, não são bobos. Depois, houve uma prisão lá em Curitiba e o pessoal daqui não acompanhou nada. Mas sabe ‘Nhônhô’ eu acho que uma das áreas mais estratégicas da Polícia Civil é a área de informações, olha se um dia dependesse de mim essa área seria prioritária, mas olha só como é que funciona?”

 “Nhônhô”  reiterou o que já havia me dito na saída ontem à noite:

- “O homem vem agora de manhã, já reservaram uma vaga para o carro dele na garagem. Ele mandou chamar o Ed (motorista)...”. 

Conclui em tom de brincadeira:

- “Puxa, mas não é que tu tinhas razão, dissestes que o pessoal ia cair por causa daquele episódio no bordel da ‘Marlene-Rica’  e acertasses em cheio mesmo, heim?”

“Nhônhô” soltou aquele seu riso alvo, carregado de energia, vitalidade, espontaneidade... Sim, era o triste fim da “Era Dirceu Silveira”, pura melancolia, assim como foram os tempos com  Lipinski, Moreto..., muitos outros que simplesmente passaram..., todos muito bem intencionadas, com suas habilidades, jogos de cintura....”. 

Fui ler os jornais e encontrei notícias do Bispo Dom Nelson Westrupp, irmão do Investigador Adelson, responsável pela DP de Araquari:

Eminência catarinense - É catarinense, do Sul do Estado, o bispo que realizou a missa do Dia do Trabalho assistida pelo presidente Lula em São Bernardo do Campo. Dom Nelson Westrupp é irmão de Antônio Westrupp e cunhado da Zoé. Bispo Diocesano de Santo André, também no ABC paulista, don Nelson tem alto conceito no Vaticano, onde já morou. Na pregação durante a missa de sábado ele falou, frente à frente com Lula, sobre o problema do desemprego e os consequentes riscos de uma calamidade social”  (DC, Juliana Wosgraus, 3.5.2004).

E, em Joinville, o sogro do Delegado Dirceu Silveira manda ver da tribuna:

“Na tribuna - Vereador Roberto Bisoni (PMDB), com um estilo muito próprio, é certeza de audiência total quando resolve subir à tribuna da Câmara de Joinville. Nesta semana, não fez diferente e usou de sua retórica para lançar criticas à segurança pública, notadamente aos delegados de polícia. ‘Não dá certo eleger delegados como vereadores, porque eles nada fazem. E os Consegs, nada conseguem’, cutucou. Alusão era sobre a existência de delegados na Câmara e outros que estão se candidatando. Roberto Bisoni é sogro do ex-diretor-geral da Polícia Civil do Estado, Dirceu da Silveira” (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 9.5.2004).

Data: 29.04.2004: “A extinção do grupo”:

“Portaria n. 028/GAB/CPC/SSP – O CHEFE DA POLÇIIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA, no uso de suas atribuições e na conformidade do art. 106, da Constituição do Estado  de Santa Catarina, c/c o anexo VI da Lei Complementar n. 243, de 31 de janeiro de 2003, RESOLVE revogar a Portaria n. 006/GAB/CPC/SSP, de 26 de março de 2003, que constituiu a Comissão Especial de estudos técnicos e assessoramento superior em assuntos de interesse da Polícia Civil. Florianópolis, 29 de abril de 2004 – Delegado RICARDO LEMOS THOMÉ – Chefe de Polícia” (DOE n. 17.389, de 06.05.2004).

Data: 11.05.2004, horário: 12:00 horas:

Estava na Churrascaria Viapiana em Araquari almoçando com Sérgio de uma metalúrgica de Joinville e fui informado que o policial Adelson Westrupp estava sentado numa mesa e não tinha me visto. Imediatamente me levantei para ir convidá-lo para se sentar conosco. Logo que o avistei percebi que estava com mais três pessoas na mesa e cancelei minha incursão. Entretanto, pedi para que o avisasse que eu estava no estabelecimento. Em seguida Adelson veio até a minha presença com aquele seu sorriso largo e seu jeito voluptuoso e disse:

- “Oi doutor, eu estou ali na mesa com um pessoal. Estamos esperando o doutor Marcucci. Ele vai almoçar conosco”.

Apenas dei uma olhada para a mesa onde o pessoal estava sentado e o Adelson continuou falando de forma mais velada:

- “O doutor Nivaldo está ali sentado, é o novo Delegado Regional de Joinville. Eu disse que o senhor estava aqui. Ele disse que não lhe conhecia e pediu para eu não dizer que ele estava aqui. Imagina, ele pediu para mim não anunciá-lo porque não lhe conhece”.

Disse que estava tudo bem e perguntei pelo Dirceu Silveira e Adelson respondeu:

- “Falei com ele. Tá lá na Sétima Delegacia. Tá lá...!”

E assim encerramos nosso bate-papo.

Data: 19.05.2004 - “Que despreparo, que coisa mais feia...”:

“Absolvida - Ex-delegada regional de polícia de Joinville, Maria de Fátima, que atua hoje em Itajaí, foi absolvida da acusação de espancamento contra um decorador, conforme registro da imprensa da época. Transferida para aquele município, a delegada telefonou ontem para alguns profissionais da imprensa para dar a notícia” (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 19.5.2004). 

Enquanto Delegados correm para o mundo da política o mundo do crime avança em várias frentes e para relembrar o ‘armeiro’ Delegado Tim Omar:

“Dono de bar chama a PM e vai preso - Depois que seu bar foi apedrejado na madrugada de sábado, Daniel Kuhnen da Silva, 59 anos, deu um tiro para o alto para que os homens que estavam depredando o seu estabelecimento fossem embora. A Polícia Militar foi acionada e, quando chegou ao local da ocorrência, na rua Aquarius, no bairro Jardim Paraíso, o bar estava fechado. O dono foi chamado e recebeu os policiais em sua casa. Silva Contou o que houve e mostrou o revólver Rossi, calibre 38, oxidado com numeração raspada, contendo três projéteis intactos e um deflagrado. Ele foi encaminhado à Central de Plantão Policial e autuado em flagrante por porte ilegal de arma. Depois de prestar depoimento, Silva foi levado ao Presídio Regional de Joinville, onde aguarda decisão judicial”  (A Notícia, 1.6.2004).