PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 30.12.99 - “A Polícia operacional e o Tolerância zero às vésperas do novo milênio”

Tolerância zero

Baderneiro, punguista e outros marginais não terão vez na festa de réveillon  da Gente 2000. A Polícia Militar convocou 700 homens para atuarem em toda a avenida e imediações. Parte do efetivo vai cuidar do trânsito com instruções para agir duro com os infratores, principalmente com aqueles que insistem em estacionar em locais não permitidos, atrapalhando  a festa. Bêbados e vândalos serão encaminhados às delegacias de plantão. Cem policiais civis, comandados por seis delegados, também vão atuar. A 1a e a 5a DPs terão reforço de pessoal. Para completar, 150 seguranças particulares vão auxiliar a organização do evento, que está sendo coordenado pelo jornalista Marcelo Passamai. (DC, 30.12.99, pág. 3).

“A FAB e FHC”:

No âmbito nacional a declaração de desagravo em favor do  brigadeiro Walter Bräuer, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) poderia ser um alento, ou talvez não passasse disso porque lembrava o movimento dos militares da década de vinte:.

 Covas cobra uma reação oficial

Governado de SP considera inaceitáveis as ameaças e críticas de oficiais a FHC

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), lamentou ontem o teor dos discursos que militares da reserva da Aeronáutica fizeram no almoço de desagravo ao ex-comandante  da Força Aérea Brasileira (FAB) brigadeiro Walter Bräuer, terça-feira no Rio de Janeiro, e cobrou uma reação do presidente  Fernando Henrique Cardoso. “Foi muito ruim isso ter acontecido”, disse o governador. “Eu vi coisas inaceitáveis sendo ditas e acho que o governo deve se pronunciar sobre isso.”

Apesar da irritação com os discursos, a possibilidade de um golpe militar foi afastada por Covas. “Não me parece algo com consequências imprevisíveis e não vejo nenhum perigo imediato nisso”, avaliou. “Certas coisas a gente sabe como começam e não sabe como terminam” (...).

A maior crítica de Covas foi ao deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), que é capitão do Exército. “Quando se vê um deputado, que é parlamentar e militar ao mesmo tempo, dizendo que vai matar o presidente, percebe-se que essa histeria, graças a Deus, é um ato isolado de duas ou três pessoas”, obervou Covas. O discurso de Bolsonaro foi o mais radical e chegou a propor a execução de Fernando Henrique Cardoso. “Ele, para mim, tinha de ser fuzilado”, afirmou o deputado.

Já o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, saiu em defesa dos militares da reserva que protestaram contra o presidente (...)” (DC, 30.12.99, pág. 8).

Depois dessa nota, sabendo que o Deputado Bolsonaro era filiado antigo “PPB”, fiquei imaginando qual seria o posicionamento do correligionário Amin... que era defensor ferrenho de “FHC”, inclusive, da sua permanência na presidência com o parlamentarismo?

Horário: 16:00 horas:

Ao deixar a Delegacia-Geral com destino ao Café Pão de Queijo, logo na saída encontrei o Delegado Optemar que parecia querer muito falar comigo. Diante disso fui obrigado a interromper minha trajetória:

  • Vem cá tu soubestes que aquele consultor, como é mesmo o nome dele,  deu um parecer favorável ao Poeta?
  • O Edelson?.
  • Isso!.
  • O quê?
  • É, ele disse que o Poeta tem direito de tirar os pontos, assim como botou ele pode tirar.
  • E o Secretário concordou?
  • Sim.
  • Não acredito. As deliberações do Conselho são exclusivas, trata-se de competência prevista em Lei Complementar nossa, o legislador quis que essa prerrogativa fosse do Conselho e não do Secretário ou do Governador. Alguém tem que fazer alguma coisa!
  • O Moreto disse que se o Secretário decidiu e tá decidido! Não tem o que se discutir!
  • O quê? O Moreto disse isso? A dignidade do Conselho está em xeque. Olha Optemar isso tem que ser levantado na próxima reunião do Conselho, sinceramente, podes ter certeza vou votar favorável a adoção de uma medida que se contraponha a essa decisão do Secretário, inclusive, porque a competência e as prerrogativas dos conselheiros vão ficar comprometidas, qualquer decisão poderá ser revista e o que é pior, com ingerência política, então prá que as deliberações do Conselho?
  • É verdade.
  • Levanta isso na próxima reunião do Conselho, podes ter certeza da minha posição, vou te apoiar.

(...)

Enquanto Optemar me olhava sem nada dizer, fui me despedindo:

  • Optemar eu tenho que ir, já estou atrasado, desculpe eu estar saindo assim depressa.
  • Tudo bem!

“Governadores Amin e Paulo Afonso”:

O Governador Amin e a mídia não esqueciam o antecessor que diziam estava de retorno para o Estado:

Caça às Letras

O governador Amin demonstrou  interesse em recuperar o dinheiro pago com deságio durante a operação da fraudulentas Letras ocorrida na administração Paulo Afonso. De uns tempos para cá, vem revelando  tal intenção, mas até agora, a  bem da verdade, não fez nada de concreto ou prático nessa direção. Ontem, durante entrevista no programa de Mário Motta, na CBN/Diário, realçou mais uma vez que pretende buscar  esse “dinheiro roubado”. Repetiu a expressão, destacando, para quem interessar possa, que não tem imunidade. “Dinheiro roubado”diz constantemente. A ideia é contratar uma empresa de investigação para rastrear esses milhões que serviram como pagamento pouco convencional, dado ao valor excessivo, e evaporaram. “Tenho essa grande tentação”, ressaltou. A Krow, uma empresa norte-americana formada por investigadores aposentados do FBI, poderá realizar esse serviço (...). Pensando bem, já se passaram três anos dessa comentada e polêmica  operação, onde muito dinheiro do contribuinte desapareceu, e até agora só acusações e muitas suspeitas, embora o governador tenha afirmado, durante a entrevista, que alguns envolvidos já foram visitados pelo Leão da Receita e estão pagando pesadas multas” (DC, Paulo Alceu, 30.12.99, pág. 10).

“Data: 01.01.2000 – “Enfim o Novo Milênio”:

Estávamos entrando no século XXI e no próximo milênio. A verdade era que começamos a avançar a casa do ano dois mil sem vislumbrar algo de concreto, sem qualquer esperança que alguma coisa iria mudar na área de Segurança Pública.  A esperança continuava depositada no fator “H”, não de Heitor, de “Heroi”, de “História”..., mas de “H” de “Helou”, de “Homem” e assim se mudar o futuro do modelo de Polícia a começar pelo nosso Estado.

Data: 04.01.2000, horário: 16:00 horas - “O caso Juracy Darolt”

Havia prestado uma informação ao Delegado Juracy Darolt (DPCo de Indaial) sobre sobreaviso. Já era a segunda informação nesse sentido. A primeira tratava sobre cadeias públicas e fiz a remessa diretamente para o requerente por meio de fax. Nessa segunda oportunidade o Delegado Darolt pretendia receber via fax a segunda informação jurídica, para tanto entrou em contato telefônico comigo:

(...)

  • Doutor viu o sucesso daquele seu parecer, tá todo mundo pedindo para mim uma cópia.
  • Ah, é, mas que bom, falta esclarecimento do nosso pessoal.
  • Se não vamos ficar virar carcereiros, apesar da carreira ter sido extinta em noventa e dois.
  • É verdade, infelizmente o nosso pessoal desconhece a situação e se depender da direção da Polícia Civil, continua tudo assim mesmo, pois não irão querer bater de frente com os fortes.
  • E daí doutor recebeu aquele meu material?
  • Sim, já respondi no mesmo dia.
  • Mas foi o meu fax ou...
  • Não! Quanto ao fax eu não fiz nada, esperei chegar o pedido oficial e já respondi no mesmo dia, lembra que eu te disse que já tinha uma opinião formada sobre o assunto?
  • Sim, sim, lembro.
  • Então, se houver agora alguma demora vai ser na tramitação, aí não é comigo.
  • Mas doutor poderia mandar para mim por fax, como fez com aquela outra?
  • Ah, sim, tens o número do fax?
  • Sim.
  • Eu passo em seguida.
  • Doutor se puder me mandar até as dezessete e trinta horas, depois eu vou embora.
  • Certo.

Antes de mandar a informação, resolvi subir e conversar com o Delegado-Geral Moreto:  

  • Doutor Moreto o Delegado Darolt lá de Indaial me pediu que mandasse via fax a informação que trata de sobreaviso e eu achei melhor falar antes contigo.

Moreto ficou me olhando dando a impressão que foi pego de surpresa e precisava pensar um pouco:

  • Desse jeito nós vamos perder tudo, já estamos perdendo o inquérito policial, daqui a pouco é a isonomia, imagina se o governador é citado num caso desses de sobreaviso por uma reivindicação de Delegado?
  • Olha Moreto eu acho que a gente tem que ver isso com uma certa grandeza.

Moreto novamente ficou me olhando dando a impressão que esperava uma explicação sobre aquele termo “grandeza” e Moreto voltou à conversa:

  • O nosso pessoal tem que entender que o momento não é bom e não podem ficar criando problemas, eles têm é que trabalhar.
  • Sim, mas se depender do governo, se um policial puder fazer o serviço de dez vai ficar tudo como está, além do mais esse “sobreaviso” não existe, o juiz, o promotor... eles não fazem sobreaviso, eles têm que residir na comarca.
  • Sim!
  • Bom, então Moreto eu vim aqui falar contigo para ver se eu posso mandar isso para ele, se não der eu não mando, mando ele aguardar até que chegue um pedido formal.

Moreto pediu que eu fizesse isso, procurando no meio de seus papéis o documento do Delegado Darolt:

  • Tá aqui, achei!

(...)”.