PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 27.12.99 – “Enquanto servidores do Executivo eram penalizados os do Legislativo faziam seus ‘regalos’, tudo sob a batuta do maestro Knaesel e me perguntei: ‘então, nosso Governador Amin iria intervir?” Todos mereceriam um “auxílio moradia”, a começar pelas pessoas mais humildes da sociedade e que exercem o poder do ‘voto’, mas votam em quem? Se deixam dominar e tudo fica dominado enquanto os do andar de cima nem dizem muito obrigado:

Colhendo opiniões

Antes de colocar na pauta de votação o auxílio-moradia, o presidente da Assembleia, Gilmar Knaesel, mantendo uma prática que adotou de um tempo para cá, decidiu ouvir a imprensa. Eu fui comunicado desse “regalo natalino” durante uma agradável confraternização aos jornalistas, promovida pelo deputado Ivan Ranzolin, que contou com a presença de vários parlamentares do PPB, é claro. Knaesel queria ouvir. Eu, também. Emitir uma opinião sem obter os detalhes do projeto seria leviandade. Mas antecipei-me, como cidadão que sou, afirmando que não era o momento mais adequado para votar esse tema. O deputado defendeu a proposta ponderando que o salário é baixo, e os gastos são elevados, principalmente para manter duas residências. Comentei que poderia ser estabelecido um valor-teto, e os que realmente necessitassem teriam o aluguel pago pela Assembleia. Mas voltei a afirmar que não era o momento mais adequado para conquistar esse expediente, que certamente acabaria revoltando a opinião pública, que sofre com as mazelas do desemprego, salário congelado e promessas descabidas. Os deputados, como representantes do povo, deveriam viver a realidade a que todos nós estamos submetidos e não buscar fórmulas para benefícios próprios. Não seriam bem-vindas. Naquele momento, outros parlamentares  se somavam à conversa, defendendo  o auxílio-moradia. Percebi que na mesa era o único contrário, quando fui atropelado pelo deputado Milton Sander que, vociferando, disse que era um direito, não era ilegal e não tinha que dar explicação para a imprensa. Complementou afirmando que todos se defendem e aprovam benesses, desde juízes até profissionais liberais, por que não os deputados, que ganham tão pouco? Evitei polemizar, explicando que esse auxílio cheirava a aumento indireto de salário e não uma ajuda de custo para o aluguel. Sander confirmou minha suspeita. Olhei para o deputado Knaesel e percebi que já estava tudo armado, a sondagem servia apenas de descarga de consciência. Dias depois, a proposta em discussão foi aprovada em plenário. Quem não usufruir do regalo, não vai querer perder com esse ato. Saberá capitalizar.

“Sensacionalismo Mandrakiano”:

E numa página de jornal uma foto tipo “manequim”, cujo protótipo era um policial tupiniquim, ao seu lado aqueles coletes escancarados, seus coldres, óculos de mosca, aviador ou espelhados, pelas paredes brasões e avisos aos interessados, mas que poderiam causar mal aos menos desavisados, tudo ao sabor do imaginário preparado para expor “Mandrakes” de um cenário , tudo bem próximo do figurado, e todos esperavam seu momento de glória acreditando que era o certo o aprovado:  

Polícia

Tráfico

Polícia procura avião que carregava maconha

Carga de 287 quilos da droga foi lançada por aeronave sobre uma fazenda em Bom Retiro

Bom Retiro

A Polícia Civil do Planalto Serrano busca pistas que levem à identificação do avião que transportava o carregamento de 287 quilos de maconha jogado no início da  noite de quinta-feira em uma fazenda no município de Bom Retiro (...) (DC, 27.12.99, pág. 26).

Logo abaixo da foto: “Investigação: Cidade pode ser rota do transporte aéreo de entorpecentes devido à facilidade de escoamento pela BR-282”.

Data: 28.12.99 - “Pangela”:

Pesquisa

Angela é considerada a melhor prefeita do país

Se as eleições fossem hoje, ela poderia ser reeleita já no primeiro turno, revela Datafolha

Marcelo de Oliveira Santos

Pela segunda  vez consecutiva, a prefeita de Florianópolis, Angela Amin (PPB), apareceu como melhor colocada entre chefes de Executivo municipais, em pesquisa do instituto Datafolha. Angela recebeu nota média 7,3 dos 445 entrevistados pelo Datafolha entre 13 e 15 de dezembro. Em junho deste ano, a prefeita da Capital havia ficado em primeiro lugar, com 60% de aprovação (...)” (DC, 28.12.99, pág. 6) .

Angela, apesar de ser política, tem marcado sua administração por discrição... e muito trabalho silencioso...  de bastidores..., pelo menos é que nós aqui de fora pensamos...

“Pantenor”:

No jornal “Diário Catarinense” a foto do Secretário de Segurança Antenor Chinato (coluna do jornalista Paulo Alceu) . e um comentário político no jornal do almoço do mesmo colunista do dia anterior, quando atacou a falta de estrutura policial para a temporada, um belo discurso:

Segurança na temporada

A falta de equipamento é uma realidade reconhecida pelo secretário Antenor Chinato Ribeiro, que espera reverter o quadro no ano que vem, quando terá recursos para aplicar em várias áreas, começando pela informatização. “Este ano não conseguimos comprar nem uma cadeira. O que recebemos foi através de doações. Nossos esforços ficaram concentrados no pagamento de dívidas passadas, que chegaram aos R$ 14 milhões”,  explicou Chinato. Garante que o programa  de segurança para a a temporada de Verão está sendo cumprido tanto que, depois de muitos anos, o número de ocorrências policiais nas principais delegacias do Estado teve uma redução de 60% no Natal. Constatei pessoalmente  o estado precário para um atendimento eficiente  na 7a DP, em Canasvieiras, principal balneário turístico de Florianópolis. Verifiquei e me informaram que havia só um carro em péssimas condições para o atendimento em toda a região, e com apenas 10 litros de gasolina por dia. Percebi que, na prática, o discurso do Tolerância Zero estava um tanto distanciado da realidade. Mas o que observei foi contestado pela Secretaria de Segurança, que garante possuir três carros e gasolina suficiente, tanto que sobrou combustível no fim de semana passado. Melhor assim. Desejo uma situação equilibrada e regulada do que problemas e dificuldades na área de segurança pública. Minha intenção ao criticar a precariedade no atendimento, apesar do esforço dos policiais, era para estimular soluções. O que vi não condiz com o que foi escrito através  de fax oficial, tem uma diferença gritante, mas vou apostar num trabalho eficiente, mesmo porque a partir desta semana o Norte da Ilha será reforçado com equipes volantes para investigação. Vale lembrar que o Sul também sente-se desprotegido, pois vem sofrendo assaltos a residências por marginais encapuzados” (DC, Paulo Alceu, 28.12.99, pág. 8).

Paulo Alceu começou a constatar o que era o “tolerância zero” e o Secretário Chinato não poderia dizer a verdade, apenas dar explicações. Não tinha como não apreciar o estilo Chinato, reservado, discreto, fora de foco, muito embora a grande maioria de fora talvez preferisse o estrelismo “mandrakiano”, bem ao gosto de outras estrelas que passaram pela Segurança Pública e que não saiam da mídia...

E o festejado colunista Cacau Menezes, figura ilhéu e folclórica, mais uma vez no seu melhor, quase que perguntou: “onde estaria a polícia?” Tratava-se do nicho meio-ambiente tão desprezado, mas sem ousar perguntar para o Governador, para a Prefeita e para o Secretário de Segurança, só para a Polícia que parecia nesses momentos ter autonomia para prender...?

Vergonha

A Lagoa da Conceição está agonizando pelo despejo de esgoto nas suas águas.

Ninguém vai preso?

Dizia Rui Barbosa, que tem hora que a gente tem vergonha de ser honesto.

Assistindo esse absurdo que ocorre com a riqueza ecológica maior da Ilha, dá pra sentir vergonha  de ser florianopolitano. (DC, Cacau Menezes, 28.12.99, pág. 47)

“Ao largo dos colunistas políticos, o caso do ‘Auxílio-moradia’ dos Deputados: ‘colhendo mais opiniões’”:

Auxílio-moradia

Lendo um comentário de Paulo Alceu no DC de 27/12, fiquei injuriado com a resposta dada  pelo deputado Milton Sander ao jornalista em uma conversa informal sobre a concessão do auxílio-moradia aos deputados.

Quando Paulo Alceu tentava convencer Sander e outros deputados de que não era uma boa hora para a concessão do auxílio-moradia, em virtude das atuais dificuldades da população, o tal deputado simplesmente respondeu que o auxílio era um direito, que não era ilegal e que eles não deviam satisfação a ninguém, muito menos à imprensa.

Será que educação, saúde, menos impostos, polícia equipada e atuante também não são direitos da população? Isto para não falar em outras necessidades do povo. Hein, caros deputados? (DC, Diário do Leitor, João Alberto Brognoli, Orleans, 29.12.99, pág. 42).

Bom, pelo menos restava um consolo, o governador Esperidião Amin dizia que enquanto não pagasse os atrasados... não concederia aumento para ninguém., como dizia Paulo Alceu: “então tá!” Com a palavra o pessoal do lado de lá, digamos os excelentes Moacir Pereira, Cacau Menezes... fiquem bem à vontade, por favor! .

E o colunista Cacau Menezes, como era uma de suas especialidades, abriu espaços preciosos na sua festejada coluna no “DC” para notas a respeito do pessoal do andar de cima, todos gente bonita, parecendo sempre muito felizes e de bem com a vida:

** GOVERNADOR Esperidião Amin confessou, no churrasco de anteontem com os jornalistas, no Palácio da Agronômica, que 1999 foi um ano extremamente difícil. Mas reconhece que é um homem feliz, grato com o que a vida lhe deu.

** PEDRO Sirotsky passou o dia, ontem, no Rio, em visita à Rede Globo.

** PAULISTAS e cariocas, ricos e famosos, começam a chegar para o Réveillon em Garopaba e Guarda do Embaú (...)” (DC, Cacau Menezes, 29.12.99, pág. 43).

A impressão de quem estava do outro lado da fronteira era que todas as celebridades construídas dentro da mídia queriam faturar encima dos grandes (e também, daqueles desafortunados, pobres de espírito, os vulneráveis do momento...). E nesse vagar assuntos menos interessantes eram esquecidos, como por exemplo: a questão dos salários atrasados dos servidores..., o tratamento diferenciando entre os Poderes, as reposições das perdas salariais nos últimos anos... Como disse o colunista, o governador teve um ano muito difícil, nem poderia dizer outra coisa naquele primeiro ano... Se bem que de vez enquanto liberavam umas expressas para a torcida...

Horário: 15:00 horas: “O dilema ‘Rezendiano’”

O Delegado Ademar Rezende esteve na “Assistência Jurídica” e aproveitou para reiterar o seu inconformismo com a Corregedoria-Geral... Disse que concorda com a atividade intensiva correicional, porém, não admitia a quebra de hierarquia dentro da Polícia Civil, ou seja, Delegados-Corregedores de nível hierárquico inferior não poderiam proceder correições em Delegacias de Polícia de entrância superior. Ademar Rezende citou o caso da Delegada Substituto e Corregedora Ana responsável pelas correições nas Delegacias da Capital, inclusive, na 5a DP, sob o comando da Delegada Lúcia Stefanovich (ex-Secretária de Segurança Pública), 2a DP de Barreiros sob o comando do Delegado Lourival Mattos (ex-Secretário Adjunto da SSP), além de outros corregedores.

Não pude deixar de concordar com Ademar Rezende em gênero, número e grau. Apesar de saber que havia Delegados Corregedores que achavam isso normal como era o caso dos Delegados Lipinski, Paulo Matte... Ademar observou que eles achavam essa prática correta porque ainda não haviam chegado no final da carreira.

Ademar Rezende reverenciou o Delegado Alberto Freitas e lembrou da sua crítica veemente ao último feito de Heitor Sché, a sua emenda constitucional que se constituía um retrocesso (qualquer Delegado poderia ser nomeado para comandar a Polícia Civil),  no que concordei.  Alberto Freitas também tinha  razão e comentei o que ele havia me dito: “estávamos que nem galinhas, ciscando para trás”.

Antes de sair, Ademar Rezende reiterou sua preocupação com a sindicância instaurada contra o Delegado Paulo Freyslebem de Balneário Camboriú e que havia feito a sua defesa e estava em vias de entrar em choque com o Corregedor-Geral João Lipinski em parte em razão de suas posições. Depois dessa nossa conversa passei a refletir sobre esse amadurecimento de Ademar Rezende, talvez pudesse ser creditado a vários fatores: a) não ocupava mais cargo de confiança no governo (na época que era comissionado não deveria se importar com esse fato ou talvez não quisesse entrar em choque com a cúpula); b) sua forte ligação com a instituição policial; c) a passagem pelo cargo maior (Delegado-Geral); d) experiência; f) espírito de corpo; e etc.

Horário: 18:30 horas: “Pingos de amor”:

Estava de retorno à Delegacia-Geral e percebi que Walter estava em pé próximo ao primeiro degrau da escadaria. Ao lado dele estava uma mulher que já tinha visto noutras vezes junto com ele na recepção, deixando transparecer certo quê de excitação e liberação de fluídos libidinosos e gestos reptilianos...

Nesse clima lembrei da nossa conversa na última quinta-feira (antes do Natal), por volta de 19:30 horas, naquela mesma recepção. Além de ter cortado o cabelo, estava trajado de forma mais clássica e com um visual mais moderno. A camisa abotoada até próximo do pescoço... e dixava visivelmente denotar um semblante diferente de outras oportunidades, bem mais calmo, parecia já não haver espaços para críticas contumazes, acidez contra tudo e contra  todos que estivesse ao seu alcance. A grande novidade era que havia se separado e estava aguardando sua namorada. Nisso, surgiu a donzela com seu vestido lilás, revelando suas formas cheias de sensualidade, apesar da estatura não ser muito alta. E, quando Walter a viu chegar se desmanchou, antes de subir a escada disse:

  • Ainda bem que chegastes porque o homem já estava impaciente...

E surgiu uma ponta de esperança: se Walter mudou talvez aqueles policiais com seus coletes também pudessem mudar, felizmente, havia esperança... ou será que uma “paixão fazia mover montanhas?” Sim, os pingos de amor poderiam operar milagres, bastaria crer para se poder mudar as coisas, lembrando Einstein sobre a "vontade" que é superior a "bombas atômicas", "aviões", "foguetes"...