PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 26.12.99 – “Isto aqui tá muito bom!”

Amin defende o terceiro mandato para FHC

No embalo das conquistas junto à União, governador lança parlamentarismo para manter atual presidente.

Florianópolis – Talvez sensibilizado pelo apoio que recebeu do governo federal em 1999, que bancou as federalizações  do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e da dívida do Instituto de Previdência do Estado (Ipesc), num valor total de quase R$ 3 bilhões, Esperidião Amin (PPB) é o primeiro político brasileiro a defender publicamente um novo mandato para o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), numa declaração que poderá provocar repercussão na mídia nacional na virada do ano (...)” (A Notícia, 26.12.99, pág. A-4).

Não pude deixar de recordar mais uma vez aquela entrevista com Heitor Sché quando relatou o projeto Amin/Sché, na época do Presidente Collor. Na época a impressão era que o Presidente Fernando Collor iria governar por muitos anos com o seu “slogan” de “Caçador de Marajás”. Heitor Sché, Presidente da Assembleia Legislativa, era o principal responsável pela fundação do “PRN” em Santa Catarina, e o objetivo era não só fazer uma média com o Presidente, mas, também, fariam mais tarde a fusão com o PDS estadual. E esse projeto não prosperou e o efeito colateral foi que: Sché quis virar a mesa e ser o candidato o governador do Estado (seu antigo sonho), também, com a queda do prestígio do Presidente Collor o ex-Governador Amin tratou de tomar outros rumos e deixou o pessoal a ver navios no “ barco” que virou o “patinho feio” da vez. Aliás, esse foi um dos maiores “micos” da história política de Santa Catarina.

Durante sua longa entrevista ao jornal “A Notícia”, o Governador Amin revelou o seu lado ambicioso, vaidoso e, também, qual seria o seu projeto político para o futuro: seria governador mais uma vez para se nivelar a outros na história?

“NA – Esse seu mandato lhe estimula a buscar a reeleição um terceiro mandato como governador?

Amin – Não tenho outro horizonte a não ser fazer um bom governo. Vamos imaginar que eu fosse um cidadão ansioso aos 35 anos. Hoje não tenho direito  de ser ansioso. No período republicano , eleito duas vezes, o Hercílio e eu. Quer dizer: o que posso querer mais de distinção do povo catarinense? Só não quero me aposentar (...)” (A Notícia, 26.12.99, pág. A4).

O que importava era que todos pareciam felizes, até de Paulo Afonso e Miguel Orofino não se houvia quase se falar mais.

“Os Grandes e a Polícia”:

Essas ideias reformistas do aparelho policial levavam a alguns reflexões. Com o fenômeno da globalização a impressão era que as elites já não estavam mais tanto preocupadas em instrumentalizar uma força policial dentro do próprio Estado para manter o “status quo”.  Parecia que a ideia era diminuir o tamanho desse Estado, privilegiando a individualidade do ser a partir de novos paradigmas, afinal, o planeta era grande demais e sob qualquer ameaça, não só as pessoas, mas seus capitais arranjariam um lugar seguro. Aquela “Polícia” fortemente operacional, com seus brasões, medalhas, tradições... parecia que começava a atrapalhar. Se de um lado onerava o Estado, de outro, poderia  se constituir uma ameaça à supremacia das elites corruptas, no momento em que organizada e armada poderia ficar do lado do povo e das pessoas honestas, especialmente, num momento em que as crises sociais tendessem a recrudescer, especialmente, pelo desemprego.

Portanto, o assunto “Polícia” estava na ordem do dia e começava a entender um pouco o apoio da mídia à causa da “polícia única”, especialmente, segundo o molde defendido por Benedito Mariano, “ouvidor” da Polícia de São Paulo.

E, lendo o jornal “A Notícia” (coluna do Moacir Pereira) não pude deixar de dirigir meus pensamentos aos comentaristas Luiz Carlos Prates e Vânio Bosle... (Rede Record), paladinos da moralidade pública pelos meios midiáticos:

Igreja

O mais ambicioso projeto de construção de um templo em Santa Catarina começa a ser iniciado na virada do ano. A Igreja Universal do Reino de Deus comprou o milionário terreno do antigo Tiro Alemão de Florianópolis. Vai erguer uma igreja para 5 mil  pessoas sentadas e amplo estacionamento para mais de 400 carros. A área já teve várias destinações. A última hipótese lançada pela Fusesc foi a construção de um hospital. (A Notícia, Moacir Pereira, 26.12.99, pág. A-3)

Voltei meus pensamentos à Roma, à época do surgimento do Cristianismo, as perseguições implacáveis sofrida pelos antigos fiéis, as disputas internas, a convocação do Concílio de Niceia (ano de 395, entre 19 de maio e 20 de junho) pelo Imperador Constantino. A Igreja Universal crescia de tal maneira que nos próximos anos poderia tranquilamente ocupar ou se fundir com a  Igreja Católica Apostólica Romana, tal o aumento do seu rebanho e a magnitude de seus empreendimentos e operário$$$s...Bastaria isso a presença de Deus ou Jesus Cristo aqui na Terra e a convocação de um novo “Concílio”, como talvez no nosso caso unificação das “Polícias”, uma causa que parecia impossível...

“Os Grandes: O Ministério Público”:

Não só o Judiciário quer privilégios...

Cautela

A Associação Catarinense do Ministério Público impetrou mandado de segurança  contra o procurador geral de Justiça, que indeferiu requerimento pela sustação do desconto previdenciário de 12% ao Ipesc.

A entidade tomou como parâmetro a emenda constitucional 20, de dezembro de 98, que modificou o sistema de previdência social no país, estabelecendo que a contribuição restringe-se aos servidores em atividade.

Indicado relator, o desembargador Silveira Lenzi usou de cautela no despacho: só vai se manifestar sobre a concessão ou não da liminar depois de ouvir a autoridade coatora. No caso, José Galvani Alberton” (A Notícia, Cláudio Prisco, 26.12.99, pág. A6).

“Os Grandes e muitos outros ex-Grandes”:

O comentarista político Cláudio Prisco Paraíso, em sua coluna no jornal “A Notícia” transcreveu texto de autoria da jornalista Marilene Felinto e que era  digno de registro:

História

“O PPB e o PFL estão pensando em se juntar numa legenda única, unir forças. Forças? Os dois partidos, juntos, reúnem os seguintes nomes de suspeitos  ou acusados – de serem  ladrões, matadores, traficantes ou corruptos – para constar  da história de seus quadros: Sérgio Naya (PPB-MG); Celso Pitta (ex-PPM-SP, atual PTN); Hildebrando Pascoal (PFL-AC); Wadih Mutran; Vicente Visme; Maeli Vergniano, Hanna Garib, Brasil Vita (PPB-SP), todos  ligados à máfia da propina, por suspeita de corrupção ou proteção aos corruptos. Há outros: José Izar (PFL—SP, idem); Augusto Farias (PPB-AL), irmão de Paulo César Farias, tesoureiro ladrão de Fernando Collor; Talvane Albuquerque (PFL-AL, acusado de mandar matar a deputada Ceci Cunha, foi depois para o PTN,partido de Pita); José Geraldo de Abreu (PPB-MA expulso recentemente por ligações com o narcotráfico); José Aleksandro (PFL-AC, suplente de Hildebrando Pascoal).

Quem vai dizer ao povo, em época de eleição, que partidos como o PPB e o PFL abrigaram (ou abrigam) em seus quadros a maioria dos políticos cassados ou sob suspeita de irregularidade nos últimos anos?”

O texto, com a nominata, é de autoria da jornalista Marilene Felinto, da equipe de articulistas da “Folha de S. Paulo”, que publicou seu corajoso e pertinente artigo. Digno de registro!

Para os progressistas e pefelistas catarinenses contrários à fusão, a apreciação jornalística não deixara de se constituir num magnífico argumento para esvaziar essa controvertida tese” (A Notícia, 26.12.99, pág. A6).

“Os Grandes e as Notícias do Planalto”:

Notícias do Planalto

Carlos Heitor Cony

Rio de Janeiro – Sou obrigado a concordar com recente pronunciamento do chefe do governo. Disse ele, em vésperas do Natal, que o clima de impunidade reinante no Brasil acabará levando um aventureiro a tomar conta da República.

Lá atrás, bem atrás, quando éramos Império, foi dado conselho a um pretendente ao trono: que ele colocasse a coroa na cabeça antes que algum aventureiro o fizesse. Como se vê, há entre nós uma tendência  para esse tipo de aventura.

Tivemos o caso Collor que, após uma campanha de poucos meses, colocou a coroa na cabeça, dando uma rasteira  em Ulysses, Covas, Brizola, Quércia – gente que, gostemos ou não deles, todos sabiam o que eram, o que desejavam e o que podiam fazer.

A sociedade votou num caçador de marajás e foi cassada na poupança e na vergonha. A aventura terminou num caso de polícia que ainda se arrasta e não foi devidamente esclarecido.

Devido ao clima de impunidade a que nos habituamos, a tendência à aventura continuou. Na eleição seguinte, a sociedade votou num político cuja carreira se marcara por um esquerdismo assanhado e espalhafatoso, que colocava a questão social  como prioridade de seu discurso e de sua ação – ação que não era lá essas coisas.

Eleito, deu uma banana para o seu discurso. Tornou-se outro e, para continuar outro, embarcou na grande aventura de sua carreira, mudando a Constituição em proveito próprio, à custa de subornos  até hoje não esclarecidos.

Evidente que contou com a cumplicidade do empresariado, dos especuladores de dentro e de fora, da mídia – tal como no caso de Collor. E a impunidade, que abafou os numerosos escândalos  do primeiro mandato, tornou possível a continuação da aventura” (Folha de São Paulo, 26.12.99, pág. 1-2, Opinião).