PARTE CCXXXVI - “GRANDES PROJETOS E INTERESSES GRANDES: MAS NADA DE 'PEC' DE POLÍCIA ÚNICA TRAMITANDO NO CONGRESSO NACIONAL?”
Publicado em 28 de abril de 2018 por Felipe Genovez
PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Data: 26.12.99 – “Isto aqui tá muito bom!”
Amin defende o terceiro mandato para FHC
No embalo das conquistas junto à União, governador lança parlamentarismo para manter atual presidente.
Florianópolis – Talvez sensibilizado pelo apoio que recebeu do governo federal em 1999, que bancou as federalizações do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e da dívida do Instituto de Previdência do Estado (Ipesc), num valor total de quase R$ 3 bilhões, Esperidião Amin (PPB) é o primeiro político brasileiro a defender publicamente um novo mandato para o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), numa declaração que poderá provocar repercussão na mídia nacional na virada do ano (...)” (A Notícia, 26.12.99, pág. A-4).
Não pude deixar de recordar mais uma vez aquela entrevista com Heitor Sché quando relatou o projeto Amin/Sché, na época do Presidente Collor. Na época a impressão era que o Presidente Fernando Collor iria governar por muitos anos com o seu “slogan” de “Caçador de Marajás”. Heitor Sché, Presidente da Assembleia Legislativa, era o principal responsável pela fundação do “PRN” em Santa Catarina, e o objetivo era não só fazer uma média com o Presidente, mas, também, fariam mais tarde a fusão com o PDS estadual. E esse projeto não prosperou e o efeito colateral foi que: Sché quis virar a mesa e ser o candidato o governador do Estado (seu antigo sonho), também, com a queda do prestígio do Presidente Collor o ex-Governador Amin tratou de tomar outros rumos e deixou o pessoal a ver navios no “ barco” que virou o “patinho feio” da vez. Aliás, esse foi um dos maiores “micos” da história política de Santa Catarina.
Durante sua longa entrevista ao jornal “A Notícia”, o Governador Amin revelou o seu lado ambicioso, vaidoso e, também, qual seria o seu projeto político para o futuro: seria governador mais uma vez para se nivelar a outros na história?
“NA – Esse seu mandato lhe estimula a buscar a reeleição um terceiro mandato como governador?
Amin – Não tenho outro horizonte a não ser fazer um bom governo. Vamos imaginar que eu fosse um cidadão ansioso aos 35 anos. Hoje não tenho direito de ser ansioso. No período republicano , eleito duas vezes, o Hercílio e eu. Quer dizer: o que posso querer mais de distinção do povo catarinense? Só não quero me aposentar (...)” (A Notícia, 26.12.99, pág. A4).
O que importava era que todos pareciam felizes, até de Paulo Afonso e Miguel Orofino não se houvia quase se falar mais.
“Os Grandes e a Polícia”:
Essas ideias reformistas do aparelho policial levavam a alguns reflexões. Com o fenômeno da globalização a impressão era que as elites já não estavam mais tanto preocupadas em instrumentalizar uma força policial dentro do próprio Estado para manter o “status quo”. Parecia que a ideia era diminuir o tamanho desse Estado, privilegiando a individualidade do ser a partir de novos paradigmas, afinal, o planeta era grande demais e sob qualquer ameaça, não só as pessoas, mas seus capitais arranjariam um lugar seguro. Aquela “Polícia” fortemente operacional, com seus brasões, medalhas, tradições... parecia que começava a atrapalhar. Se de um lado onerava o Estado, de outro, poderia se constituir uma ameaça à supremacia das elites corruptas, no momento em que organizada e armada poderia ficar do lado do povo e das pessoas honestas, especialmente, num momento em que as crises sociais tendessem a recrudescer, especialmente, pelo desemprego.
Portanto, o assunto “Polícia” estava na ordem do dia e começava a entender um pouco o apoio da mídia à causa da “polícia única”, especialmente, segundo o molde defendido por Benedito Mariano, “ouvidor” da Polícia de São Paulo.
E, lendo o jornal “A Notícia” (coluna do Moacir Pereira) não pude deixar de dirigir meus pensamentos aos comentaristas Luiz Carlos Prates e Vânio Bosle... (Rede Record), paladinos da moralidade pública pelos meios midiáticos:
Igreja
O mais ambicioso projeto de construção de um templo em Santa Catarina começa a ser iniciado na virada do ano. A Igreja Universal do Reino de Deus comprou o milionário terreno do antigo Tiro Alemão de Florianópolis. Vai erguer uma igreja para 5 mil pessoas sentadas e amplo estacionamento para mais de 400 carros. A área já teve várias destinações. A última hipótese lançada pela Fusesc foi a construção de um hospital. (A Notícia, Moacir Pereira, 26.12.99, pág. A-3)
Voltei meus pensamentos à Roma, à época do surgimento do Cristianismo, as perseguições implacáveis sofrida pelos antigos fiéis, as disputas internas, a convocação do Concílio de Niceia (ano de 395, entre 19 de maio e 20 de junho) pelo Imperador Constantino. A Igreja Universal crescia de tal maneira que nos próximos anos poderia tranquilamente ocupar ou se fundir com a Igreja Católica Apostólica Romana, tal o aumento do seu rebanho e a magnitude de seus empreendimentos e operário$$$s...Bastaria isso a presença de Deus ou Jesus Cristo aqui na Terra e a convocação de um novo “Concílio”, como talvez no nosso caso unificação das “Polícias”, uma causa que parecia impossível...
“Os Grandes: O Ministério Público”:
Não só o Judiciário quer privilégios...
Cautela
A Associação Catarinense do Ministério Público impetrou mandado de segurança contra o procurador geral de Justiça, que indeferiu requerimento pela sustação do desconto previdenciário de 12% ao Ipesc.
A entidade tomou como parâmetro a emenda constitucional 20, de dezembro de 98, que modificou o sistema de previdência social no país, estabelecendo que a contribuição restringe-se aos servidores em atividade.
Indicado relator, o desembargador Silveira Lenzi usou de cautela no despacho: só vai se manifestar sobre a concessão ou não da liminar depois de ouvir a autoridade coatora. No caso, José Galvani Alberton” (A Notícia, Cláudio Prisco, 26.12.99, pág. A6).
“Os Grandes e muitos outros ex-Grandes”:
O comentarista político Cláudio Prisco Paraíso, em sua coluna no jornal “A Notícia” transcreveu texto de autoria da jornalista Marilene Felinto e que era digno de registro:
História
“O PPB e o PFL estão pensando em se juntar numa legenda única, unir forças. Forças? Os dois partidos, juntos, reúnem os seguintes nomes de suspeitos ou acusados – de serem ladrões, matadores, traficantes ou corruptos – para constar da história de seus quadros: Sérgio Naya (PPB-MG); Celso Pitta (ex-PPM-SP, atual PTN); Hildebrando Pascoal (PFL-AC); Wadih Mutran; Vicente Visme; Maeli Vergniano, Hanna Garib, Brasil Vita (PPB-SP), todos ligados à máfia da propina, por suspeita de corrupção ou proteção aos corruptos. Há outros: José Izar (PFL—SP, idem); Augusto Farias (PPB-AL), irmão de Paulo César Farias, tesoureiro ladrão de Fernando Collor; Talvane Albuquerque (PFL-AL, acusado de mandar matar a deputada Ceci Cunha, foi depois para o PTN,partido de Pita); José Geraldo de Abreu (PPB-MA expulso recentemente por ligações com o narcotráfico); José Aleksandro (PFL-AC, suplente de Hildebrando Pascoal).
Quem vai dizer ao povo, em época de eleição, que partidos como o PPB e o PFL abrigaram (ou abrigam) em seus quadros a maioria dos políticos cassados ou sob suspeita de irregularidade nos últimos anos?”
O texto, com a nominata, é de autoria da jornalista Marilene Felinto, da equipe de articulistas da “Folha de S. Paulo”, que publicou seu corajoso e pertinente artigo. Digno de registro!
Para os progressistas e pefelistas catarinenses contrários à fusão, a apreciação jornalística não deixara de se constituir num magnífico argumento para esvaziar essa controvertida tese” (A Notícia, 26.12.99, pág. A6).
“Os Grandes e as Notícias do Planalto”:
Notícias do Planalto
Carlos Heitor Cony
Rio de Janeiro – Sou obrigado a concordar com recente pronunciamento do chefe do governo. Disse ele, em vésperas do Natal, que o clima de impunidade reinante no Brasil acabará levando um aventureiro a tomar conta da República.
Lá atrás, bem atrás, quando éramos Império, foi dado conselho a um pretendente ao trono: que ele colocasse a coroa na cabeça antes que algum aventureiro o fizesse. Como se vê, há entre nós uma tendência para esse tipo de aventura.
Tivemos o caso Collor que, após uma campanha de poucos meses, colocou a coroa na cabeça, dando uma rasteira em Ulysses, Covas, Brizola, Quércia – gente que, gostemos ou não deles, todos sabiam o que eram, o que desejavam e o que podiam fazer.
A sociedade votou num caçador de marajás e foi cassada na poupança e na vergonha. A aventura terminou num caso de polícia que ainda se arrasta e não foi devidamente esclarecido.
Devido ao clima de impunidade a que nos habituamos, a tendência à aventura continuou. Na eleição seguinte, a sociedade votou num político cuja carreira se marcara por um esquerdismo assanhado e espalhafatoso, que colocava a questão social como prioridade de seu discurso e de sua ação – ação que não era lá essas coisas.
Eleito, deu uma banana para o seu discurso. Tornou-se outro e, para continuar outro, embarcou na grande aventura de sua carreira, mudando a Constituição em proveito próprio, à custa de subornos até hoje não esclarecidos.
Evidente que contou com a cumplicidade do empresariado, dos especuladores de dentro e de fora, da mídia – tal como no caso de Collor. E a impunidade, que abafou os numerosos escândalos do primeiro mandato, tornou possível a continuação da aventura” (Folha de São Paulo, 26.12.99, pág. 1-2, Opinião).