PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 08.12.99: “Repórter do tempo/CPI da Imprensa”?

O artigo de jornalista Clóvis Rossi, colunista da “Folha” de São Paulo, sobre o livro de Mário Sergio Conti, poderia servir de meio de transporte para o início da década de noventa, período em que os deputados Heitor Sché, Ivan Ransolin, Mário Cavalazzi e Jair Silveira eram os principais expoentes do PRN no Estado de Santa Catarina (Partido de Fernando Collor de Mello), todos cumprindo desígnios de Esperidião Amin. Os colunistas e comentaristas políticos produziram matérias elogiosas ao “caçador de marajás”, bastava olhar os jornais da época.

Heitor Sché – no início da “Era Collor”– conforme revelou em entrevista a este autor, havia deixado a agremiação política a que estava vinculado (PDS) e foi fundar o Partido de Collor (era uma ordem que assim procedesse antes que outros fizessem...) tudo dentro de uma estratégia montada, só que esse projeto acabou não vingando, especialmente, pelo destino catastrófico do Governo Collor). E por que Esperidião Amin permaneceu no “PDS”, afinal, algo teria dado errado? Sim, Heitor Sché nunca mais foi o mesmo, acredito que esse foio um divisor de águas, de criador e criatura, que os repórteres nunca se interessaram investigar, era um assunto “tabu” para ser varrido rapidamente para baixo do tapete, para ser esquecido e que possuía alguns pontos de contato com acontecimentos no Estado das Alagoas:

(Más) notícias do Planalto

Clóvis Rossi

São Paulo – Terminei de ler ‘Notícias do Planalto – A Imprensa e Fernando Collor”, do jornalista Mário Sergio Conti, no avião que me trazia de volta dos Estados Unidos. Deveria silenciar a respeito. Quem é retratado favoravelmente (mais até do que deveria) não precisa meter o bedelho na polêmica  que se instalou na redações a propósito do livro.

Mas aquele velho instinto do escorpião me empurra a uma observação.

Escoimado dos perfis que o compõem, o livro deixa mal, muito mal, o jornalismo brasileiro, com exceção desta Folha.

Apareceu uma porção de gente boa como fácil de manipular, alguns manipuladores eles próprios, seduzidos com facilidade pelo poder e/ou pela necessidade de estar bem com os poderosos de cada momento, não raro ao ponto de uma insuportável promiscuidade.

Pior ainda: o período retratado pelo livro era até certo ponto fácil para o jornalismo. Quem quer que fosse a Alagoas, durante a campanha eleitoral, voltaria , no mínimo, com sérias dúvidas sobre o caráter e as características do então candidato Fernando Collor de Mello. Quem  fosse a Alagoas munido do espírito crítico  que é uma característica  cultural desta Folha voltaria, então, com a certeza de que a candidatura  Collor e todo o seu entorno não passavam de uma fraude, de uma colossal fraude.

O jornalismo brasileiro, com uma ou outra exceção isolada, ou não foi a Alagoas, ou não teve olhos para ver ou viu, mas não quis contar o que viu com todas as cores. Em qualquer das três hipóteses, é uma falha imperdoável, que o livro expõe com a clareza que só o tempo transcorrido permite.

O fato é que, para boa parte da mídia, Collor passou de estadista a vigarista sem um ‘erramos’ no intervalo. A dúvida, que só um futuro livro sobre o período subsequente permitirá esclarecer, é se a lição foi aprendida ou as ‘notícias do Planalto’ continuam  sendo malservidas ao leitor” (Folha de São Paulo, 8.12.99, pág. 1-2, opinião)

Data: 13.12.99 - “Estórias de Caserna em Santa Catarina?”:

Fui reler o último informativo da Adpesc (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina) e lá encontrei fac-simile o documento que circulou nos últimos dias dentro da Polícia Militar.  Certamente que a pessoa  (ou pessoas) que escreveu a crônica detinha algum conhecimento a respeito da História de Santa Catarina, porém, parecia de cunho flagrantemente tendencioso, com uma linguagem carreada de ironias sob determinados aspectos, especialmente no que se referia a trocar os nomes dos  protagonistas, tratadas como bichos da nossa fauna. Achei que merecia ser transcrito para posteridade porque tinha o seu valor para se entender um pouco mais as nossas Polícias, especialmente, a Polícia Militar (tratada como “Povo ‘Caqui’”), também, por pontificar “planos” na área da Segurança Púllica, pertinentes ao futuro das Polícias, como “Tolerância Zero” e “Plano Dez”. Os fatos se passaram a partir do governo Paulo Afonso (1995 até a presente data), tendo como cenário a Polícia Mililtar e seus principais personagens naquele momento:

“CAPÍTULO I

O CASO DA CLONAGEM DOS POMBOS-CORREIO

Esta pequena estória se desenvolve na Floresta de Santana (leia-se “Santa Catarina), uma pequena faixa litorânea situada ao sul da Terra Brasílis.

O Presidente da Província, o Senhor “Gato das Letras”(1),  ao assumir  o mandato local, nomeia como seu Chefe de Segurança e Comandante-em-Chefe do Povo Cáqui, o temido “Leão Atleta” (2).

O Povo Cáqui era composto  por uma legião de animais  das mais variadas espécies. Eram assim conhecidos devido ao fato de, ao ingressarem nessa legião, serem obrigados a tingirem a pelagem, plumagem ou escamas na cor cáqui.

O grande “Leão Atleta” era considerado grande não pela sua liderança, mas principalmente pelo seu tamanho avantajado e pelo seu rugido, que a todos assustava, pois, apesar do seu tamanho, era bastante ágil.

O “Leão Atleta” comandava seus subordinados  impondo um clima  de opressão e terror, assegurando-se  de colocar nos principais cargos de assessoria  as lesmas, as tartarugas e os moscões, de forma a ter completo controle de todos.

Com o objetivo de fortalecer ainda mais o seu poder criou uma seção conhecida como “Seção dos Parasitas”, a qual era responsável em mantê-lo informado de tudo o que acontecia  na Província, mais especificamente nos locais onde o Povo Cáqui vivia. Essa seção era composta por chacais, urubus, corvos, piranhas e outros animais, todos imbuídos  do mesmo propósito manter sempre informado o seu grande Comandante.

Com o passar do tempo,  o opressão foi aumentando. Cada  vez mais o Povo Cáqui ficava descontente com o seu líder que, embora gozasse de grande influência junto ao Senhor “Gato das Letras”, nada fazia para melhorar a condição  de vida de seu povo, a não ser a sua própria.

O “Leão Atleta” possuía  um pequeno caderno preto, que era utilizado para registrar o nome daqueles que tinham opiniões diversas das suas ou das do Senhor “Gato das Letras”. Quando surgia uma oportunidade, o pequeno caderno era resgatado, um nome era lembrado e uma vingança  se realizava. Diante disso ninguém se encorajava  a enfrentá-lo, pois sua fúria era terrível.

A Seção dos Parasitas exercia grande influência  sobre o “Leão Atleta”, já que havia montado uma rede  de informações muito poderosa. As informações produzidas eram de pouca importância, pois o Povo Cáqui era extremamente pacato. Era basicamente composto por animais trabalhadores e de boa índole, as abelhas e as formigas, os quais estavam mais preocupados com o trabalho do que com outras coisas.

Porém, a certa altura do seu comando, o “Leão Atleta” passou a ter problemas psicológicos, julgava estar sendo alvo de uma trama para derrubá-lo do poder. Por causa disso a opressão aumentou, muitos bichos cáquis tiveram que fugir e outros foram sumariamente  expulsos da floresta.

Aproveitando o cenário que se formava, o chefe da Seção  dos Parasitas, o “Asqueroso Chacal”, passou a alimentar a doença do “Leão Atleta”criou a “Operação Pata de Caranguejo”, que consistia  na clonagem  dos pombos-correio e, consequentemente, no acesso ao principal canal de informação do Povo Cáqui. Muitos membros desse povo tiveram suas vidas vasculhadas, tornando cada vez mais insuportável  o convívio entre os cáquis.

Ao menor sinal de suspeita o “Leão Atleta” direcionava sua ira contra os membros do seu povo, castigando-os, muitas vezes enviando-os  para os confins do reino.

A essa altura um bando de animais começou  a montar uma rede de contra-informações para arquitetar a derrubada do “Leão Atleta”. Mais tarde esse bando veio a ser conhecido como “Movimento dos Porcos Limpos”.

O tempo passou, muitas coisas aconteceram, até que um dia um dos membros da Seção dos Parasitas, o “Novo Escorpião”, por causa de uma briga por uma Piranha com o “Asqueroso Chacal”, procurou os membros do Movimento dos Porcos Limpos, os quais convenceram-no a levar toda a história a público, o que veio a acontecer, culminando com a queda do “Leão Atleta”.

Após a passagem dessa página triste na história do Povo Cáqui, seus membros ousaram ter esperança de que a situação iria mudar para melhor, que a opressão acabaria, que seu novo líder, a “Bela Corsa’, lutaria para restaurar  a ordem  e auxiliar os seus fiéis súditos. No entanto, com o passar  do tempo, ficou constatado que a “Bela Corsa” é tão vil  quanto o “Leão Atleta”, possuindo somente a vantagem  de ser melhor assessorada.

A “Arara vermelha”, figura como responsável pela organização estratégica do Povo Cáqui; na área de saúde  e promoção social, o “Diabo da Tasmânia”, bicho escolhido a dedo, e talhado para a função devido às suas dóceis características; para o controle  das finanças, nada menos do que o “Pica-pau”, ave  que vive quebrando galhos; para a gerência de política de pessoal, o “Lombriga”, o qual  está sempre por dentro das coisas; para gerente de assuntos políticos junto ao Senhor “Gato das letras”,  a “Lesma”; como chefe da legião dos Dálmatas, o “Burro Branco”, reconhecido pela sua persistência e inteligência; entre outros.

Hoje o clima de opressão é mais ameno, mas ainda se faz presente. A “Bela Corsa” até então não conhecida pelos seus súditos, mostrou-se retrógrada, prepotente, medrosa e altamente comprometida com o Senhor “Gato das Letras”.

Apesar de tudo, o Povo Cáqui leva a vida trabalhando. Os animais ainda esperam ver seus direitos  atendidos  e, embora não estejam tramando a queda da “Bela Corsa”, aguardam ansiosamente a sua saída, que deve se dar junto com o Senhor “Gato das letras”.

CAPÍTULO II

A TROCA DAS CADEIRAS NA FLORESTA DE SANTANA

A vida continua na não tranquila  e nem tampouco pacata Floresta de Santana. Muitas coisas aconteceram entre o findar do reinado do Gato das Letras e do limiar do reinado do Lince Careca.

O Gato das Letras, no crepúsculo  do seu reinado e antes de fugir para terra de Cervantes, concede uma porção extra de alimentação para parte de seus súditos, apesar de porção normal estar atrasada a três meses. Esse fato gerou uma série de intrigas entre os membros do Povo Cáqui, alguns  dizendo que agora a alimentação seria suficiente, e outros, os aliados do Lince Careca, dizendo que a alimentação concedida era de má qualidade.

A concessão dessa porção extra  foi fruto do esforço de um pequeno grupo de animais que, aproveitando  a oportunidade perdida pela Bela Corsa, levou  uma proposta  de aumento diretamente ao Gato das Letras que, prontamente, a recepcionou. Assim, ficou ainda mais clara a incompetência da Bela Corsa.

Esse pequeno grupo – o Pinto, o Louva-Deus e o Cachorro Louco – lutou bravamente e a revelia da vontade da Bela Corsa, que medrosamente acovardou-se  na batalha pela busca de equiparação alimentar com o Povo Roedor. Nesse episódio é bom lembrar que numa reunião  com os principais  líderes do Povo Cáqui com o Gato das Letras, o Cordeiro e a Mula Manca não se comprometeram  com a busca da equiparação alimentar com o Povo Roedor, denotando que suas pretensões pessoais eram maiores do que as do grupo como um todo.

Com a efetiva ascensão do Lince Careca ao poder da Floresta de Santana e, principalmente pela nomeação do Cordeiro como líder do Povo Cáqui, houve um sentimento de esperança que a nova etapa alimentar fosse confirmada. Porém, em virtude da mansidão quase que submissa do novo líder do Povo Cáqui e, pela falta de pressão da sua liderança superior o Povo Cáqui voltou ao estado de lamúria e fome.

No bojo das mudanças que foram  e estão sendo promovidas pelo Cordeiro se observa uma pequena ponta de revanchismo contra os seguidores do Gato das Letras. E, em contrapartida, uma série de facilidades estão sendo promovidas para aqueles  que são do seu grupo de seguidores. Algumas, vergonhosamente, contrariam as normas legais a que está sujeito o Povo Cáqui.

Para tornar mais clara a troca das cadeiras vamos citar aquelas de maior expressão, ou seja, aquelas onde os bichos superiores são mais superiores.

A Bela Corsa , como já sabemos, foi substituída pelo Cordeiro, cujos trabalhos desenvolvidos  foram quase sempre fora das fileiras do Povo Cáqui. Embora esteja a pouco tempo como líder maior do Povo Cáqui, já está claramente demonstrado que o Cordeiro está criando facilidades para o seu grupo  de seguidores, até como estratégia para alimentar suas pretensões  de concorrer a uma cadeira à Assembleia de Santana.

O Cordeiro tem dado  tratamento  diferenciado  às diversas camadas do Povo Cáqui. A camada com maior benefícios  é a mais inferior, recebendo porções extras pelo trabalho desempenhado. Há de ser ressaltado o fato do emprego de animais sem qualificação para o desempenho  das tarefas básicas. O desvio  de membros do Povo Cáqui para funções de interesse diverso do da sua missão, que é o de cuidar da segurança da Floresta de Santana é outro grave problema.

O “Programa de Ação Dez”, conjugado com o de “Tolerância Zero”, não atingem a média cinco. São natimortos, pois nenhum membro  do Povo Cáqui acredita neles. No mesmo caminho segue o Programa de “Unificação”, ou melhor, de “Integração”, ou melhor ainda, de “Intregação” do Povo Cáqui ao Povo Roedor.

Todos os programas em desenvolvimento se constituem  numa falácia politiqueira,  numa vitrine para alimentar projetos pessoais.  Infelizmente  o Povo de Santana não tem conhecimento desse fato, somente o futuro irá comprovar o mau uso do Povo Cáqui nesse período de tempo.

Mas, não são somente essas mudanças , muitas outras coisas  aconteceram e estão acontecendo  com o Povo  Cáqui, afinal, a dança das cadeiras continua. Por exemplo, Arara Vermelha, que se transformou com o tempo na raposa vermelha (4) ceder seu lugar à Mula Manca, que até então era responsável pela segurança do Desterro – sede do reino das Floresta de Santana. Cremos que da Mula Manca pouco se tem a esperar pois, seu passado não serve de referência.

Para ocupar o lugar da Mula Manca foi chamado o João de Barro, ave trabalhadora, cujas origens remontam da Legião dos Dálmatas. Apesar de estar ressentido por tê-la  deixado, com certeza poderá fazer muita coisa pela segurança do Desterro.

O Pica-pau deixou  a coordenação  da seção de suprimentos para substituir o Dinossauro como embaixador  do Povo Cáqui junto ao Povo dos Roedores, porém lá ficou pouco tempo e foi embora, já que esperava uma função um pouco mais nobre, já que contribuiu na campanha do Lince Careca.

Ainda, com referência ao Pica-pau, cabe ressaltar que após eleições, pouco duvidosas, para o Clube dos Bichos, assumiu a presidência do mesmo.

O Diabo da Tasmânia, acometido de uma fúria controlável desapareceu, deixando no seu lugar o Aí (5). A maior contribuição do Aí para o Povo Cáqui, provavelmente, será o momento  em que decidir ir embora, já que em toda sua carreira não existe nada de expressivo.

O São Bernardo foi ocupar o lugar do Aí, na chefia  do Centro de Formação  do Povo Cáqui. Havia alguma esperança depositada no São Bernardo, porém, do dia para noite desapareceu da Floresta de Santana.

Uma grande surpresa foi a da substituição da Lesma, que atuava diretamente com o Gato das letras, por um animal ainda em formação, a Lagarta, já que ainda não tinha atingido seu estágio final condição, até então , sine quo non para galgar tal função. A lagarta, apesar de estar casulo, exerce certa influência  junto ao Lince Careca. Sua posição causa inveja em diversos bichos. Com o apoio do Cordeiro, em breve, deve atingir seu estágio final, e, ao que tudo indica se transformará numa Mariposa, que ficará girando em torno de uma luz, sem nada produzir até sua morte. A mesma luz que atrai é a mesma que mata.

O Camelo, que estava afastado por estar concorrendo a uma vaga na Assembleia dos líderes de Santana, após sua derrota, dirigiu-se para as terras altas e frias da Floresta em substituição a Traça. Recentemente, numa articulação com ares de interesse, retornou para o Desterro com objetivo de substituir o Lobo Guará.

A Traça que, interessadamente, se empenhou na campanha do Lince Careca e, causou sério estrago na campanha do Camelo, esperava uma função mais importante, porém, hoje espera à beira da praia a melhor sorte de outros bichos, já que esperava estar no lugar da Lagarta.

O astuto Lobo Guará foi o departamento de controle dos animais em substituição a lombriga. Porém lá ficou pouco tempo, assim como o São Bernardo desapareceu, levando consigo algumas esperanças de melhores  tempos para o Povo Cáqui.

O Tico-tico, que cedeu seu lugar a Traça, veio substituir o Pica-pau na coordenação da seção de suprimentos, após pouco tempo na função resolver ir embora. Também como o São Bernardo e o Lobo Guará leva seu quinhão  de esperanças que o Povo Cáqui neles depositava.

A Coruja, através das influências de um parente muito próximo, também pertencente ao Povo Cáqui teve uma função especialmente criada para ela fora das fileiras do Povo Cáqui. Porém, o destino não lhe foi muito benéfico, já que devido  a mudanças de caráter político foi sumariamente despejada pela Galinha, ave que pertence a reserva do Povo Cáqui. Hoje a Coruja é responsável pela coordenação da seção de suprimentos.

Apesar de sua inquestionável  competência, a Coruja, hoje está  com suas preocupações mais voltadas para articulação de uma nova campanha política para auxílio de seu parente.

O Dinossauro deixou a embaixada do Povo Roedor e veio trabalhar  pouco tempo que lhe restava  junto a estrebaria de Cordeiro, já que um fenômeno glacial direcionado o afastou da ativa do Povo Cáqui.

O Cordeiro, que no final do período da Bela Corsa atuava na busca do aperfeiçoamento técnico do Povo Cáqui, trouxe o Mico Leão Dourado para função.

Enfim, dos bichos  superiores, o único que permanece bravamente na mesma função  em que encontrava-se durante o reinado do Gato das Letras é o nobre Burro Branco, que continua a liderar a legião dos Dálmatas.

Apesar de todas  as mudanças de ordem externa  e interna o clima de insatisfação ainda é grande. Muitos animais defendem uma postura mais firme, moral e honesta por parte do Cordeiro, sua submissão ao Lince Careca é vergonhosa. A persistir a atual linha de comando do Cordeiro, o Povo Cáqui está fadado  à extinção.

A falta de uma liderança forte junto ao Povo Cáqui é flagrante e incontestável. Um mero animal intermediário – o Cachorro Louco iniciou um manifesto exigindo que a questão  da redução da etapa de alimentação fosse discutida. Atualmente está liderando um grupo de bichos na luta para criação do “Sindicato dos Bichos Cáquis”. Situação vergonhosa para os bichos superiores, que omitem-se  em tomar um posicionamento firmar  frente a opressão do Lince Careca.

É importante lembrarmos  que no último  reinado do Lince Careca, a situação para o Povo Cáqui foi bastante sofrida, época em que o desespero de alguns bichos  foi levado ao extremo de invadirem  estações de rádio e televisão.

O grau de insatisfação cresce a cada dia, existem vários grupos de Cáquis organizando-se  para lutar pelos seus direitos, já que aqueles que deveriam  comandar a luta estão acovardados ou com suas preocupações concentradas nos seus interesses particulares.

Aqueles bichos que hoje ocupam as funções de liderança, mesmo sem legitimamente exercê-las, devem ter o conhecimento que quanto maior a opressão, maior a capacidade de união de um povo em prol de um mesmo objetivo e, essa opressão não deve amedrontar ou até mesmo fazer com que percam a dignidade, pois, um povo nessas condições é capaz de chegar a extremos.

* Este artigo foi encontrado sobre um banco da Praça XV de Novembro e não traz autoria conhecida. Qualquer semelhança ou relação as pessoas, instituições ou lugares, será mera coincidência.

 

  1. O Povo Cáqui é composto por uma legião de bichos, os quais são responsáveis pela segurança  de todos os habitantes da Floresta de Santana.
  2. Povo que, juntamente com o Povo Cáqui, faz a segurança na Floresta de Santana.
  3. A denominação de Cordeiro para representar o novo líder do Povo Cáqui carrega, a princípio, um caráter religioso e de esperança nele depositada, a fim de que possa vir a promover as mudanças necessárias. Embora seja muito cedo para uma avaliação mais profunda, restam dúvidas quanto sua relação com o Lince Careca, se é de igualdade ou de submissão. Neste aspecto reservo o temor de vê-lo tornar o Povo Cáqui em um curral político para o Lince Careca.
  4. A dócil  Arara Vermelha após  ter experimentado o poder de sua função transformou-se  na Raposa Vermelha, que com seu ardil manobrava a Bela Corsa, fazendo valer suas vontades, ludibriando e usando aqueles que estavam a sua volta.
  5. Mamífero  desdentado da família dos bradipódidas (Bradypus tridactylus) popularmente  conhecido como preguiça.
  6. Este animal é pouco conhecido entre o Povo Cáqui, habitou grande parte de sua vida no lado sul da Floresta de Santana. Porém, pela sua postura espera-se que venha lutar na defesa do Povo Cáqui, até mesmo contra algumas decisões internas dos bichos Superiores.