PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 18.04.2000 – “Proteger e servir! – Bem vindo ao paradoxo!”

Não foi em terras catarinenses:

Policiais voltam a reprimir e prendem  600

Leonardo Souza

Enviado especial a Washington

A manhã chuvosa de céu escuro já parecia indicar que o clima ontem em Washington seria pesado, no confronto entre manifestantes e a polícia, no segundo e último dia do encontro semestral conjunto do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. Cerca de 600 pessoas foram presas.

(...)

Pela paz

Apesar dos confrontos, a grande maioria dos manifestantes manteve o discurso de protesto pacífico e pedia paz quando a situação piorava. Em um dos momentos em que a polícia disparou  os sprays de pimenta, a multidão bradou: “É isso que se chama de democracia?”. Também, em coro, diziam: “Proteger e servir (‘protect and serve’)”, lema da polícia norte-americana.

A diretoria de teatro Alexandra Hoge, 26, portava um cartaz com a figura de um porco, que representava o Banco Mundial. Filha de advogado, estava revoltada com a forma como a polícia lidou com os manifestantes. ‘É um absurdo o que estão fazendo. Estamos aqui em paz, pedindo justiça para as nações mais pobres. É inaceitável que batam nas pessoas, joguem gás lacrimogênio e pimenta como estão fazendo’, disse. ‘Meu pai disse que a atitude da polícia não se justifica’ (...)” (Folha de São Paulo, 18.04.2000).

Data: 28.04.2000 – “Riosegurança e o Governador Garotinho: seria o início da unificação das Polícias?”

"Segurança – Projeto prevê a cobrança de serviços para iniciativa privada e já está sendo questionado na Justiça – Rio inicia a unificação das polícias 

Sergio Torres 

O governo do Rio dá hoje o primeiro passo para a unificação das Polícias Civil e Militar. Exatos 42 dias após Ter demitido, pela televisão, o então coordenador de Segurança Luiz Eduardo Soares, o governador Anthony Garontinho (PDT) lança hoje o mais ambicioso de seus projetos para o setor, o Instituto de Segurança Pública-Rio Segurança, idealizado pelo ex-colaborador.

O Riosegurança surge de maneira polêmica. Duas entidades representativas de categorias policiais, o Clube dos Oficiais da PM e do Corpo de Bombeiros e a Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) entraram na Justiça contra ele, sob a alegação de suposta inconstitucionalidade.

Criado pela lei 3.329, de dezembro passado, o Riosegurança é uma experiência inédita e tem dois objetivos principais: a unificação das Polícias Civil e Militar sob uma mesma administração, e a cobrança pelos serviços de segurança prestados pelo Estado para empresas privadas.

O instituto faz parte de um modelo de polícia criado pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares durante os 15 meses em que trabalhou na Secretaria da Segurança.

Ao deixar o governo, após denunciar a existência de uma suposta banda podre na polícia fluminense, Soares disse temer que os projetos de reforma policial não tivessem continuidade.

Garotinho pretende mostrar que mantém o compromisso de reformular a área de segurança.

(...)

Mercado

Sem deixar o comando da secretaria, Quintal será o presidente do Rio segurança. O chefe de Polícia Civil, Rafik Luzada, acumulará a direção da Polícia Judiciária, e o comandante-geral  da PM, Sérgio da Cruz, o de diretor de Polícia Ostensiva.

(...)”

Secretário admite que há dificuldades

Secretário de Segurança do Estado do Rio e coronel da reserva da Polícia Militar, Josias Quintal acredita que as polícias brasileiras se acostumaram a só prender traficantes de favelas.

Segundo ele, na tentativa de ‘reverter esse quadro’, o governo do Rio  está implementando uma série de modificações na área de segurança, entre elas a criação do Instituto de Segurança Pública Riosegurança.

O secretário de Segurança defende a integração das polícias estaduais, mas admite haver dificuldades na implementação desse projeto. A seguir, os principais trechos de entrevista do secretário.

Folha – O que levou o governo a criar o Instituo de Segurança Pública?

Josias Quintal – Pretendemos ter uma polícia mais bem qualificada. O Estado do Rio de Janeiro pretende romper com todo esse modelo tradicional. Defendemos uma polícia mais integrada. Repudiamos o afastamento entre Polícia Civil e PM.

Folha – Historicamente, Polícia Civil e PM não costumam trabalhar em conjunto.

Quintal – É difícil, realmente. É uma questão cultural muito antiga, complexa, mas temos a consciência de que estamos criando algo inovador no Brasil? Uma instituição que integrará policiais civis e militares sob único comando.

Folha – Há muita reação interna?

Quintal – Essa vontade vem da sociedade e dos policiais, mas vejo uma enorme dificuldade de promover modificações omo essa de uma hora para outra. Mas o Instituto de Segurança Pública pode representar  essa possibilidade.

Folha – A polícia só costuma prender criminosos pobres. Por quê?

Quintal – A tradição da polícia brasileira não tem permitido a prisão de traficantes de nível. Em 30 anos que tirei na PM, nunca vi a prisão de alguém assim. Prendemos traficantes de morro, do cotidiano. Fazemos esta autocrítica e nos lançamos no desafio de reverter esse quadro. Vamos deixar para o Estado do Rio  o legado de uma polícia melhor, mais moderna e mais inteligente”.

Policiais vão à Justiça contra o projeto

A Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) e o Clube dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros recorreram à Justiça  na  tentativa de impedir a implantação do Instituto de Segurança Pública-Riosegurança.

As entidades alegam que a lei estadual que criou autarquia é inconstitucional.

A Adepol, por intermédio do PSL (Partido Social Liberal), foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) na esperança de barrar a intenção de Garotinho. Por lei, uma entidade particular não pode ingressar no STF.

Tarefas Operacionais

Na ação direta de inconstitucionalidade, o presidente da Adepol, delegado Wladimir Sérgio Reale, aparece como advogado do partido. A ação considera inconstitucional o fato de a  lei dar ao Riosegurança tarefas operacionais de segurança pública.

‘Entendemos que poderia ser um centro de estudos, de treinamento, mas não poderia nunca atuar na parte operacional’, diz Rale.

Para o delegado, o governo quer ‘unificar Polícia Civil e Polícia Militar e cobrar por serviços prestados, o que é inconstitucional’.

‘Somos contra essa química que foi feita. A rigor, vão existir quatro polícias: a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Ostensiva e a Polícia Judiciária’, disse Reale, para quem o instituto foi criado ‘para realizar cobrança de policiamento’, pois ‘uma autarquia tem mais facilidade’.

O presidente da Adepol afirmou que, ‘talvez pela primeira vez na história’, a Polícia Civil e a Polícia Militar tenham se unido por uma causa.

(...)” (Folha de São Paulo, 28.04.2000, Cotidiano).

 

E no dia 30.04.2000, Governo do Rio de Janeiro anunciou aumento salarial para as polícias:

“... Garotinho já tinha afirmado que daria aumento às policias, uma maneira de atrair as instituições para seu programa de reforma da segurança. Mas não havia data definida para o anúncio (...)” (Folha de São Paulo, 30.04.2000, pág. Brasil 1-9).

 

Data: 06.05.2000- : "Tribos e tributos”: "

“Um Tributo a Kleinubing

Os deputados do PPB manifestam-se empolgados. Assessores palacianos comemoram com visível orgulho. Os direigentes  do diretório regional do partido fazem contados para espalhar a notícia. Prefeitos ligam para a sede transmitindo congratulações. As mensagens via faz e Inernet multiplicam-se nos palácios Satna Catarina e da Agronômica. Talvedz nem o governador eo Estado contase com repercussão tão positiva.

O fato é que a corajosa negtiva de Esperidião Amin de assinar o contrato indecente proposto pela equipe econômica  está se constituindo em poderoso fortificante político para o govenro e os progressistas. Anula até desgaste acumulado por conta de movimentos grevistas.

Brasília impôs uma ocndição imoral para viabilizar  o financiamento das letras do Tesouro, emitidas criminosamente pelo governo Paulo Afonso: que o governador legitimasse a operação, passasse à condição de avaliasta dos débitos e concedesse anistia aos corruptos.

A coerente decisão dogovernador deixou os partidários eufóricos. Alguns  dos aliados nem tanto, pois eles convalidaram  a maior maracutais financeira de Santa Catarina. A fraude dos títulos públicos transformou-se  em divisou d’águas entre a roubalheira e a moralidade, o engodo e a verdade, a manipulação e a transparência, o salafrário e o honesto.

Imperativo registrar o envolvimento da equipe econômica  com a quadrilha das letras. Os poderosos autorizaram a operação, tiraram  proveito dela, foram flagrados nos desmandos, pressionaram  pelo resgate e agora querem legitimar toda a trapaça. E ogoverndor não se curvou à bandalheira.

A bioagrafia política do governador Esperidião Amin  está  enriquecida. Honrou com dignidade o voto recebido do povo catarinense.

E prestou um merecido tributo ao falecido senador Kleinubing” (‘A Notícia, Moacir Pereira, 06.05.2000)

 

Data: 08.05.2000:

O colunista político da “Folha” Fernando Rodrigues escreveu:

“Anatomia da impunidade

Fernando Rodrigues

Brasília – acabou oficialmente o escândalo dos precatórios. Uma acerto  entre o governo FHC, o Senado e os envolvidos enterrou o caso semana passada.

Por razões históricas, é bom registrar o que aconteceu. Prefeitos e governadores emitiram títulos para saldar dívidas judiciais, os precatórios, Muitos mentiram. Não tinham dívidas. Os papéis eram frios.

Bancos, corretoras e fundos de pensão entraram no jogo. São cúmplices da fraude. Compraram os títulos para ganhar com os juros oferecidos.

Na semana passada, o Senado aprovou a renegociação de R$ 14,63 bilhões de dívidas de Estados e municípios. A maior parte era dívida podre. Poderia ser contestada na Justiça. Cedo ou trade os responsáveis pagariam e iriam para a cadeia.

O governo federal, usando o seu, o meu, o nosso, preferiu assumir todas as dívidas. Os credores ficaram felizes. Bancos e corretoras estavam com um mico na mão. Agora, receberão papéis quentes do Tesouro Nacional.

Governadores e prefeitos que participaram da roubalheira terão anos e anos para pagar. Logo darão calote. Mas essa e outra história.

Cabe aqui registro do caso de Santa Catarina. O governador daquele Estado, Esperidião Amin, recusou-se a participar da fraude. Continua a questionar na Justiça a validade de sua dívida de R$ 581 milhões. É certo que vai reduzir esse valor. A diferença será paga pelos fraudadores. Amin está à vontade para fazer isso. Os responsáveis pela emissão dos títulos catarinenses é um adversário seu, o ex-governador Paulo Afonso Vieira.

Outros governadores e prefeitos não conseguem tomar a mesma atitude. Dariam tiro em si próprios.

Caberia ao governo federal e ao Senado exigir providências. Mas isso não combina com FHC. O sistema financeiro, generoso na hora de fazer doações eleitorais a tucanos, seria o maior prejudicado. Melhor dar um fim no escândalo. Foi o que FHC fez. Com a ajuda nada envergonhada do Senado”  (Folha de São Paulo, opinião, 08.05.2000, pág. 2).

E, sobre o Bando do Estado de Santa Catarina - Besc: "Verdades ou Mentiras?"


"Discurso

O ex-governador Paulo Afonso oferece a seguinte comparação referente à venda do Besc: você faz um financiamento de R$ 100 mil para consertar a sua casa, e depois vende por R$ 30 mil. ‘É isso que estão fazendo com o Besc, R$ 2,1 bilhões endividando o Estado para entregar o banco por R$ 400 mil’" (DC, Paulo Alceu, 08.05.2000).