PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Dia 01.10.2001, horário: 10:10 horas:

Estava na “Assistência Jurídica” (Delegacia-Geral” e “Jô Guedes” abriu o “Outlook express” e disse:

- “Mas que droga, não gosto de abrir esse ‘Outlook Express’, olha aqui tem mensagens atrasadas, desde agosto que não abro, tem uma mensagem do Conselho Superior da Segurança Pública para a ‘AJP’:  ‘O Conselho Superior de Segurança Pública, considerando os trágicos acontecimentos ocorridos no dia onze de setembro... resolvem recomendar a todos os Comandantes policiais militares e autoridades policiais maior vigilância...”.

ntes que “Jô Guedes” terminasse, argumentei:

- “Manda prá eles essa mensagem...!”.

“Jô Guedes” não havia entendido e perguntou:

- “O quê? Mandar prá quem?”

Completei:

- “Manda a mensagem para o “Assistente Jurídico Policial” lá no Gabinete do Secretário, na ‘Cojur’, ele não tá lá?” 

“Jô Guedes” não se conteve e disse:

- “Bobo, bobo! Então eu vou tirar aquela plaqueta ali na porta que diz que aqui é o Setor de Assistência Jurídica, eu estou lotada na ‘Assistência Jurídica’, viu!” .

Depois do seu sermão pedi desculpas e argumentei:

- “Eu sei, eu sei, é que isso me irrita, eles ficam me tratando como ‘Assistente Jurídico’, parece provocação, isso não existe, então que mandassem para o ‘responsável pelo expediente’ porque o que existe é o cargo de ‘Assistente Jurídico’ que está lá no Gabinete do Secretário. Ah, ‘Jô’, me irrita eles ficarem tratando os setores que nem foram criados, me mostra onde é que está previsto a criação da ‘Assistência Jurídica’, não há nada, como é que uma instituição vai ser forte desse jeito, há interesse em manter a Polícia Civil assim desse jeito, tudo improvisado, eles criam setores, unidades só da boca prá fora,  não vê essas ‘Dics’ aí, muda o governo e é esquecido, é tudo um oba-oba só para agradar os governantes,  a Constituição do Estado estabelece lá no artigo cento e seis que a estruturação dos órgão que integram a Polícia Civil deverá ocorrer por meio de legislação complementar à Constituição e porque eles não fazem isso, por que não há interesse em fortalecer a instituição, por quê, heim?” 

E, “Jô Guedes”, depois desse meu desabafo, completou:

-  “Ah, sabe de uma coisa, claro, claro que não há interesse em fortalecer à Polícia Civil!” 

Mais aliviado continuei nos meus afazeres. 

Data: 28.09.2001, horário: 10:10 horas:

Estava viajando para São Francisco do Sul e resolvi parar no Posto Sinuelo às margens da BR 101, no município de Araquari, antes do viaduto que dava acesso á cidade de Jaraguá do Sul. Estacionei meu carro ao lado de uma viatura policial civil (Ipanema/Chevrolet). Imediatamente percebi a presença do Investigador Policial Cruz que atuava na Diretoria de Comunicação e Informações sob direção do Delegado Optemar Rodrigues (secretário do Conselho Superior da Polícia Civil).  Logo que saltei do carro perguntei:

- “O que é estais fazendo por aqui?” 

O Investigador logo me reconheceu e disse:

- “Estou trazendo o doutor Jefferson à Joinville. Hoje é a inauguração do ‘190 unificado’”. 

Fiquei surpreso e a caminho do banheiro passei ao lado do Delegado  Jefferson que caminhava em sentido contrário (vestido à caráter para a solenidade) e ele não me reconheceu. O Delegado  Jefferson que cuidava do setor de rádio e comunicações da Polícia Civil (Cepol), cujo serviço parecia que começava a ser unificado, ou melhor, começava a ser absorvido pela Polícia Militar:

“Joinville inaugura 190 unificado – Central passa a atender as chamadas de 13 municípios – A Polícia Militar está apostando na tecnologia para conter a criminalidade em Santa Catarina. Joinville  é a primeira cidade a operar com a Central de Emergência 190 regionalizada, em sistema tracking de comunicação. O mapeamento digital substitui a Central de Operações da Polícia Militar  (Copom) em 13 municípios  da região Nordeste e deve estar efetivado plenamente em duas semanas. ‘Nunca se investiu tanto em Santa Catarina’, afirmou o governador Esperidião Amin, ontem ‘a noite, no 8o BPM durante a solenidade de inauguração. Amin exaltou a comunidade para uma mobilização na segurança pública. ‘ Trata-se  de um problema mundial. E a segurança, antes de tudo, é uma questão social’, disse, sem seguida ‘a constituição de 11 conselhos comunitários de segurança no município. Antes disso, participou da formatura do curso de Polícia comunitária, que envolveu  54 alunos das polícias civil e militar, Federal, rodoviária Federal e Guarda Municipal, e conheceu a nova Central de Emergência. Também fez questão de atender a um telefonema do 190. ‘Foi uma denúncia relacionada a problemas familiares’, declarou, atestando a eficiência  da operacionalidade. A ligação veio  do bairro Itinga, zona Sul da cidade. O objetivo do novo sistema  é diminuir o tempo resposta no atendimento das ocorrências de 12 minutos para seis, explicou o comandante-geral da PM, coronel Walmor Backes. ‘Além disso, os policiais que atendiam os telefonemas no Copom serão remanejados para o policiamento  ostensivo nas ruas’. Em Joinville – a sede da Central de Emergência  do 190 – foi acrescido o número de atendentes de oito para 19, sendo 12 telefonistas e sete despachantes de ocorrências. A novidade também é a participação de policiais civis  na bse do 190, que recebe uma média de duas mil ligações diárias. Na prática, o sistema  funcionará em 16 canais. Através da telefonia (recebimento das chamadas), o computador  (localização da área e direcionamento de viaturas) e rádio (comunicação e despacho das viaturas e PMs). ‘ A meta é implantá-lo  no Estado interior em quatro anos’, destacou o comandante-geral, lembrando os investimentos de R$ 800 mil  na estrutura de Joinville. O coronel conclamou  as autoridades municipais e estaduais a deixarem de lado a questão política quando o assunto principal for a segurança pública. ‘ Ela é responsabilidade de todos’, frisou. Backes e o governo apostam na criação dos Conselhos Comunitários para vencer a batalha contra a violência no município. ‘ Cada um dos 11 terá a participação da comunidade e policiais. Mas não somente para reivindicar, e sim para apontar soluções, acrescentou (...). Concurso público – Mais 360 soldados para a Polícia Militar. A expectativa sobre a realização de concurso público para a categoria finalmente concretizou-se. O governador Esperidião Amin autorizou  ontem, em Joinville, a abertura do processo, a pedido do comandante-geral, coronel Walmor Backes (...)” Sistema chegará à Capital antes do verão – Ainda este ano, ‘ antes da Operação Veraneio’ , segundo o Major da PM Vânio Dalmarco, o serviço de emergência  190 regionalizado chegará a Florianópolis (...)” A Notícia, 29.9.2001).

É, parece que o sistema de comunicações da Polícia Civil estava mesmo sendo incorporado ao “Cepon 190” da Polícia Militar, sem qualquer resistência por parte dos Delegados Optemar e Jeferson que eram os homens chaves nessas mudanças, ambos a serviço dessas “inovações”, muito embora estivessem cumprindo ordens superiores. Da parte de Lipinski e demais membros da cúpula da Polícia Civil também nenhuma só palavra sobre esse assunto. E,  lembrei das reuniões do Conselho Superior da Polícia Civil e pensei: “será que tomou conhecimento dessa decisão? Será que deliberou alguma coisa? Será que foi consultado e opinou? Para que serviria o Conselho então? Por que Lipinski não colocou esse assunto para deliberação do Conselho? Nem uma circular, absolutamente nada a explicar, tudo parecendo que foi feito às escondidas. E nosso Delegado Mário Martins na Adpesc também será que se manifestou? Sim, nisso nosso líder classistas deveria ter suas razões, porque a culpa sempre seria dos Delegados?  Esse não era somente mais um golpe de traição à Polícia Civil ou era uma só uma pura e doce “entregação”? Sim, se houvesse a unificação dos comandos tudo seria possível, mas aí a conversa seria outra.