PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 27.11.2001, horário: 15:00 horas – “Há integração? Delegado Eduardo Sena dá um passo muito importante!”

Estava na “Assistência Jurídica e resolvi telefonar para o Delegado Braga sugerindo que não se fizesse documento algum sobre o caso da prisão dos policiais civis no oeste (Chapecó). Braga concordou com meus argumentos pois essa medida deveria ter sido tomada logo após a notícia dos fatos pela mídia, como fez exatamente o DRP de Concórdia (Clomir Badalotti).

Neste contexto que se tratava recorrentemente de “unificação dos comandos” ou “integração das polícias” coube ao Delegado Eduardo Sena entrar para a história porque se constituiu na  primeira autoridade policial a homenagear um Oficial da Polícia Militar em razão do início do processo de integração entre as duas polícias:

“Integração 1 – Por haver ‘contribuído decisivamente para a efetiva integração dos policiais civis e militares no atendimento à comunidade da região do Jardim Atlântico’, o coronel Valmir Cabral – ex-comandante do Comando do Policiamento da Capital (CPC) e atual chefe da Diretoria de Operações da Polícia Militar – foi homenageado ontem pelos policiais da 9a DP da Capital. O oficial recebeu uma placa prateada, assentada em base de madeira, agradecendo aos seus esforços pelo trabalho conjunto. Integração 2 – ‘A integração entre os policiais civis e militares na área do Jardim Atlântico é uma realidade’, destacou o delegado Eduardo Senna. É tão realidade que o comando da Polícia Militar colocou à disposição da Secretaria da Segurança Pública um trecho do terreno onde está instalado a 2a Companhia do 7o Batalhão, no local conhecido como ‘pasto do gado’, para, se houver interesse, construir ali a 9a DP, que hoje funciona numa casa alugada. Está em estudos, também, o trabalho partilhado entre a PM e a Polícia Civil, com a utilização dos mesmos espaço físico e equipamentos, incluindo as viaturas”  (A Notícia, 27.11.01).

“Cúpula da Polícia Civil está no Oeste – A cúpula da Polícia Civil está em Chapecó, no Oeste do Estado, tentando esclarecer o possível envolvimento de policiais com um esquema de proteção ao tráfico de drogas. Trabalham numa sindicância interna o delegado geral de polícia João Manoel Lipinski, o corregedor geral Moacir Rachadel, o diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) Dirceu Silveira Júnior e o diretor estadual da Delegacia de Investigação Criminal (DIC) Eduardo Hann. Eles estão ouvindo policiais e levantando provas. Tudo sob o olhar atendo de uma série de entidades, inclusive a Ordem dos Advogados do Brasil. Os detalhes da investigação não estão sendo revelados. O delegado regional Alex Passos informou que a Polícia Civil quer a verdade sobre o caso apareça e não medirá esforços para obtê-la. Quatro policiais e dois acusados de tráfico foram presos”  (A Notícia, 28.11.2001).  

“Manual de segurança – O delegado de Polícia e vereador Zulmar Valverde (PFL) está produzindo um manual de auto proteção do cidadão que será distribuído à população de Joinville, onde dará dicas de como cada um poderá se prevenir contra a ação dos delinquentes. Algumas sugestões dadas por Valverde: 1 – Não comente suas viagens perto de pessoas estranhas. Suspenda a entrega de jornais, revistas e gêneros  alimentícios  durante sua ausência. Não deixe recados ou notas escritas na porta quando se ausentar. Não abra a porta  para receber pessoas que se apresentam oferecendo serviços não solicitados (encanadores, eletricistas, empregadas domésticas). Sempre que possível, use o interfone. Ao retirar dinheiro do banco, não faça contagem em público e nunca exibir grande quantia de dinheiro perante outras pessoas, são algumas das sugestões do livreto. Valverde ainda dá dicas de como proteger o seu carro, como usar o transporte coletivo, segurança em condomínios e a ter cuidado com as crianças, orientando-as, por exemplo a não aceitarem carona de pessoas que acabaram de conhecer. Um manual  que certamente será de muita valia para a população de Joinville’  (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 2.12.01). 

Paulo Alceu  publicou uma nota do Procurador-Geral de Justiça (Alberton), apresentando por engano a foto Celito Cordioli na sua coluna deste domingo.

“Complicado – Só este ano, até o final de outubro, foram ajuizados pelo procurador-geral de Justiça, Galvani Alberton, 24 ações penais contra prefeitos em Santa Catarina. Isso significa que 8,3% dos prefeitos respondem processo criminal. Esse dado revela um maior empenho por parte do Ministério Público, não tolerando desvios de conduta, como também revela um quadro nada alentador”  (DC, Paulo Alceu, 2.2.2001).

“Troca – O Procurador-Geral de Justiça, José Galvani Alberton, foi notícia, ontem, na coluna, em razão das 24 ações criminais propostas contra prefeitos de SC. Enquanto os números mostram a eficiência do Ministério Público, como disse na nota, também revelam um quadro um tanto assustador na seara político-administrativa. O problema é que a foto publicada, que deveria ser de Alberton, saiu trocada, estampando  o diretor da Polícia Técnica, Celito Cordioli”  (DC, Paulo Alceu, 3.12.2001). 

Leia-se “Diretor de Polícia Técnica”.  Parecia incrível o Perito. Celito Cordioli já ultrapassou há muito tempo Lipinski nas aparições nos jornais. 

Horário: 19:50 horas – “O Delegado-Geral e a Delegacia em movimento”:

Quando estava de saída da Delegacia-Geral, encontrei Lipinski com o policial Tadeu na Portaria do prédio.  Fiquei surpreso com a sua presença no local onde estavam sendo ultimadas as reformas. Logo que me viu Lipinski veio me cumprimentar com aquela voz “anazalada”, puxando mais para  o agudo:

- “Doutor Felipe!”

Antes de abrir a porta me voltei para o balcão da Portaria para onde ele havia se deslocado para retribuir ao cumprimento e Lipinski fez um sinal com o dedo num dos ouvidos e disse:

-“prepare os ouvidos amanhã, vai começar o barulho...”.

Não tinha entendido bem suas palavras e pedi que ele repetisse.   Lipinski então explicou aquilo que todos já sabiam: 

- “O pessoal começa a instalar a ‘Intranet’ amanhã e vão fazer barulho, vão ter que passar a fiação”.

Logo deduzi que Lipinski estava feliz com toda aquela movimentação, satisfeito por ver as coisas acontecendo a sua volta e ele mesmo inspecionando as obras no final do expediente.  Procurei não me deter mais do que o necessário, desejei boa noite e segui minha caminhada rumo ao meu carro...

Data: 05.12.2001, horário: 17:00 horas:

O Delegado-Geral Lipinski veio até a “Assistência Jurídica” acompanhado do Comissário Adílio, responsável pela administração do prédio (substituiu Walter “Guarda Chuva-Velho”). Lipinski estava inspecionando pessoalmente as obras de instalação das canaletas que iriam possibilitar o acesso via “Intranet”. Depois de alguns instantes, Lipinski se deteve na estante de livros e passou a olhar os detalhes, como já tinha feito isso antes. Na verdade, ele e o Delegado Moacir Rachadel cismavam há tempos com aquele móvel improvisado, talvez porque era feito de pinus e não possuía um acabamento esmerado, era completamente aberto.   “Jô Guedes” aproveitou a deixa e fez uma incursão:

- “Doutor Lipinski eu gostaria de fazer dois pedidos para o senhor,  o primeiro é sobre o “tonner” dessa nossa máquina de ‘xerox’, até agora ninguém conseguiu dar jeito.  O segundo pedido é que eu não consigo acessar o Ministério Pública dos computadores da Polícia Civil, isso só acontece aqui, o doutor Valkir consegue acessar do notebook dele lá em cima porque ele tem ‘internet’ particular, eu consigo acessar do meu computador lá em casa, o doutor Felipe consegue acessar com o computador dele, lá no Gabinete eles também conseguem, vê se o senhor pode resolver isso?”

Lipinski se mostrou surpreso e comentou:

- “Mas eu não sabia disso, será que essa é mais uma camaradagem dos nossos amigos lá?” 

Achei engraçada a observação de Lipinski, não por ele desconhecer o fato, mas a reação que demonstrou com relação ao interesse de “Jô Guedes” para com o Ministério Público. Lembrei também do caso do “Copom” da Polícia Militar que poderia estar absorvendo o “Cepol”? E, me perguntei: “seria esta também uma atitude de “camaradagem” para com a Polícia Civil? “Era bem provável que Lipinski viesse a se surpreender mais ainda com outros tipos de camaradagens possíveis e impossíveis de se imaginar!”