PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 18.11.2002, horário: 12:00 horas:

Estava almoçando no restaurante “Viapiana”, na cidade de Araquari (SC), quando chegou o policial  civil Adelson Westrup (Responsável pela Delegacia Municipal de Polícia) acompanhado de um Escrevente que trabalhava na mesma repartição. Já estava na sobremesa e resolvi retribuir ao cumprimento me dirigindo até a mesma onde os dois se encontravam. Durante o curso da conversa Adelson comentou que em Joinville o assunto era quem seria o Delegado Regional:

- “O nome do doutor Zulmar está muito comentado. Ele é amigo do Vereador João Gaspar, conhece? Ele é do PMDB e o pessoal comenta que o Zulmar está com um pé no PMDB, ele é que está cotado para ser o novo Delegado Regional”.

Já tinha ouvido aquele comentário e não queria acreditar. Lembrei que há tempos atrás tinha pensado em conversar com os Delegados Jorge Xavier, Braga, Wilmar, Krieger, Sena, Garcez... a fim de apoiar Zulmar nos seus projetos. E naquele momento  começava a ficar aliviado que isso nunca tivesse acontecido. Agradeci em silêncio as forças superiores e fiz aproveitei para fazer meus comentários:

- “Olha eu não acredito que o Zulmar seja capaz de fazer uma coisa dessas. Imagina, vender a consciência, tudo isso só por causa de um ‘carguinho’, trocar de partido para fazer negociatas desse tipo? Sinceramente se o Zulmar fizer uma coisa dessas... Ele não é do PFL?”

Adelson fez o seguinte comentário:

- “É, se ele assumir a Regional ele me tira daqui. Eu não sei se conhece aquele repórter, o ‘Toninho Neves’, conhece? Ele vive nas Delegacias, é o maior f. que existe em Joinville, fica especulando... Ele que escreveu na coluna dele que o Zulmar está para trocar de partido”.

Continuei firme no meu propósito, acreditando que tudo não passava de queimação de Zulmar, era o que eu esperava. Não queria acreditar que Zulmar fosse capaz de trocar de partido por uma causa pessoal... 

Mais tarde fui atrás do jornal para conferir essa informação e  estava lá:

“Valverde muda? Ex-delegado regional de Polícia de Joinville e atualmente vereador do PFL, líder da bancada na Câmara, Zulmar Valverde tem conversado com lideranças do PSDB e do PMDB para uma eventual troca de partido. No bojo dessas discussões estaria a titularidade da Regional de Polícia, espólio disputado por vários delegados, com o fim do período de Marilisa Boehm, protegida do vice-governador Paulo Bauer, com quem já teve laços de parentescos. Caso Valverde mude para o PMDB ou PSDB, pela experiência na área policial e apoio político, seria praticamente o novo delegado regional de Polícia de Joinville, com o apoio do grupo vitorioso nas eleições de Joinville e do Estado” (A Noticia, Antonio Neves – Alça de Mira, 18.11.2002).

Então, o ex-Escrivão de Polícia Luiz Henrique da Silveira, com uma longa carreira política de sucesso, foi eleito governador, desbancando Esperidião Amin e todos aqueles que o cercavam ávidos por permanecerem no poder. E, parecia impossível que isso estivesse acontecendo justamente no “curral” do futuro governante, mais era o que estava dando nos jornais:

Segurança – Comissão especial para debater a segurança de Joinville e oferecer sugestões ao futuro governo foi a sugestão apresentada  ontem pelo vereador e delegado de polícia Zulmar Valverde (PFL). Vale lembrar que o presidente da CDL de Joinville, Gilson Bohn, pediu mais segurança pública para o governador Luiz Henrique que toma posse em janeiro e defende um comando único para as polícias do Estado” (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 20.11.2002). 

E como se já não bastasse a cada governo se repetia a lotação de cargos, figuras mudavam rapidamente de cores e o jeito era fazer esse jogo ou fugir daquele  insensato mundo, como? Mantendo a dignidade, os princípios, a ética... e, assim, continuar sobrevivendo:

Cargos – A divisão dos espaços  no governo estadual (30% para o PMDB, 30% para o PSDB, 30% para os pequenos partidos e 10% na cota pessoal do governador) não poder merecer nenhum reparo dos peemedebistas catarinenses. Antes da deflagração  da campanha eleitoral, o partido deu procuração para Luiz Henrique negociar os cargos com as siglas aliadas. O problema é que o PMDB não acreditava na vitória de LHS” (A Notícia, CláudioPrisco, 20.11.2002).

E deu no jornal:

“TJ quer criar 300 cargos de assessores para juízes – Florianópolis – A criação de cargos comissionados de assessores jurídicos para os juízes de primeiro grau vai voltar à pauta da Assembleia no final do ano legislativo. O projeto apresentado no primeiro semestre e depois retirado por iniciativa do Judiciário, justificou ontem a segunda visita em uma semana do presidente do Tribunal de Justiça  (TJ) (...)”  (A Noticia, 20.11.2002).

A matéria vem acompanhada de uma foto onde dois “cavalheiros” encontravam-se na porta da Presidência da Assembleia Legislativa. Mais embaixo constou a seguinte chamada: “Amaral e Silva e Onofre se encontram pela 2a vez em uma semana”. Depois de ler a matéria lembrei daquela visita que fiz a Lipinski acompanhado de “Jô Guedes” para pedir que acertasse suas “horas extras”.  Durante o curso da conversa sugeri que dessem o cargo comissionado de “Assessor Jurídico” que encontrava–se em vacância para “Jô Guedes” e Lipinski cresceu em gesto, em voz, em atitude para dizer: 

- “Eu sou contra isso, eu não concordo com isso...”.

Lipinski deixou registrado que era contra cargos comissionados,   que não aceitava que existissem cargos comissionados destinados para policiais civis. Bom, algum tempo mais tarde um Investigador e uma Escrevente policial foram nomeados para os cargos de “Assessor Jurídico” existentes na Corregedoria–Geral e no Gabinete do Delegado-Geral, sendo que os titulares designados para prestar serviços junto ao Gabinete do Secretário da Segurança Pública (Consultoria Juridica). Fiquei pensando: “Será que Lipinski adotou alguma providência contra isso?”   E Rachadel?  Depois de registrar tudo isso, peguei a ‘cartinha que minha companheira me deixou como recordação:

“Felipe, Só para agradecer. Passamos por poucas e boas juntos e não dá para deixar de trabalhar com você sem pelo menos dizer um tchau. Depois de tanto tempo de convivência não há motivo para não nos falarmos, só porque nos últimos tempos estávamos meio estremecidos. Em muitas oportunidades você foi um GRANDE  e  e s t r a n h o amigo. Desculpe minhas cretinices, impertinência e ‘indisciplina’ e tantos outros defeitos. Um beijo para Dinha e diga a ela que só um ramo de orquídea não brotou. Um beijo para você, e espero seu convite para um café, qualquer dia (que atravida, não?!?). Estou a sua disposição na Justiça Federal – 3a Vara (que formal, não?!?!). Pode ter certeza que você foi um chefe muito, muito melhor que o que tenho agora. Por diversas ‘vezes’ já pensei em voltar atrás, mas como você sabe, não dou o braço a torcer, quanto mais difícil melhor. Bem, no caso o problema não é dificuldade, mas de ‘juizite crônica’, mas em todo caso é um desafio e não fujo deles. Jô”

Recebi a carta de “Jô Guedes” no dia 18.11.2002 e com uma lágrima contida em meus pensamentos, lembrando que esse também poderia ser um sentimento dos fortes... para aqueles que fazem a diferença. Em pensamento desejei que o doce anjo alçasse grandes voos na sua vida..., muito sucesso na nova carreira e, se assim desejasse, também no curso de formação para ingresso na Polícia Federal...