PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 29.09.2002:

Recebi uma correspondência e acabei lamentando que o candidato-delegado não tivesse sido mais profundo em seu “discurso”:

“Florianópolis, Setembro de 2002. Ilustre companheiro delegado de polícia, Pelas mazelas da segurança pública tem-se culpado a instituição policial civil. Todavia, nós que labutamos na área, bem sabemos que o caos do sistema é da culpa exclusiva do governo que sucateou, deliberadamente, por omissão dolosa, a segurança pública, tornando a vítima reclusa e o marginal solto. Escudado na famigerada lei de responsabilidade fiscal, o governo tem encontrado desculpas para não fazer. No nosso Estado, só para citar, foram 5 (cinco) anos sem sequer se repor o efetivo, sem promoções, etc, como retrocesso histórico como a emenda constitucional que permitiu que a instituição não mais fosse obrigatoriamente dirigida por delegado de polícia em final de carreira, quebrando a hierarquia, ou como a aprovação da lei orgânica do ministério público estadual eivada de inconstitucionalidades que nos afrontam. Pouco se adianta investir em apoio logístico, eis que primeiro dever-se-ia cuidar do homem, visto que não podemos ser tratados como ‘robocops’. Tudo isso aconteceu porque não temos representação político-classista, sendo que os colegas que tem acento no Legislativo até hoje só fazem para prejudicar o delegado de polícia, e consequentemente toda a Polícia Civil. Também é do seu conhecimento que vários projetos de lei, de suma importância para Polícia Civil, tramitam no Congresso Nacional, e que, se lá não tivermos policial civil, eleitos Deputados Federais, que lutem pelas nossas causas, sucumbiremos frente aos interesses daqueles que se dizem guardiões da moralidade, mas que somente buscam ter a Polícia Civil sob seu comando para satisfazerem seus anseios e vaidades. Frente a tudo isso, na condição de candidato a Deputado Federal, precisando pouco mais de 30.000 votos, propomos se eleito, a efetivação de um trabalho classista, voltado para o soerguimento da Polícia Civil, inclusive com um colega e policiais civis em meu gabinete. Contamos com o seu voto – Nazareno Zacchi – Nazareno Zacchi – Deputado Federal n. 1233”.

Comando-Geral da PM em movimento:

“Joinville incorpora 97 policiais militares – Comando da PM também anunciou a entrega de motos, viaturas e armas para todo o Estado – (...) O comandante-geral da PM, coronel Sérgio Wallner, afirmou que vai ampliar o efetivo em Joinville em mais de 50 PMs a partir de novo concurso – o edital deve ser lançado ainda este ano. Outros dois grupos também se formaram em Jaraguá do Sul e Blumenau. O comandante-geral da PM adiantou que na próxima semana, a PM de Joinville receberá 13 motos, 10 viaturas e pistolas ponto 40 – em todo o Estado serão destinados 1.500 unidades dessa arma e para usá-las, os policiais devem passar por curso de preparação (...). O governador Esperidião Amin disse que, em todo o Estado, o próximo concurso da PM vai abrir 450 vagas (...)” (A Notícia, 28.9.2002).

Data: 09.12.2002, horário: 12:15 horas:

Estava viajando de Joinville para São Francisco do Sul e ainda na rodovia estadual recebi um sinal de luz de um veículo que vinha em sentido contrário. Logo imaginei que deveria ser um acidente de trânsito em cima da pista. Após trafegar certa de um “km” me deparei com uma agitação próxima a uma lombada eletrônica.   Ao lado da pista uma viatura da Polícia Rodoviária Estadual e uma moto em pé com uma poça de sangue fresca sob o asfalto quente.

Do outro lado da pista dois veículos que muito provavelmente deveriam também estar envolvidos no sinistro. Policiais militares usavam trena para colher dados e, assim, poderem confeccionar o registro da ocorrência ilustrado. Pessoas curiosas acompanhavam a operação sob a pista.  Outros policiais militares entrevistavam os motoristas, coletavam informações, verificavam documentos, conversavam com testemunhas.  Como se tratava de acidente com vitima, procurei imediatamente identificar uma viatura policial civil , um policial civil, e nada! Absolutamente nada! Apenas os policiais militares faziam todo o serviço e só me restou a indignação. Cadê o Delegado-Regional de Joinville, cadê o Delegado-Geral...? Pensei em procurar a repartição policial civil mais próxima, pensei em cobrar da autoridade policial competente o porquê da omissão da Polícia Civil se era um acidente com vítima. Acabei me dando por vencido, estava iniciando minhas férias e já iria arranjar problemas...  Acabei voltando meus pensamentos para o Delegado-Geral Lipinski e, também, para os Delegados Rachadel e Redondo, era esse o projeto deles para os quatro anos de governo Amin? Como entregaram a Polícia Civil nestes quatro anos de governo, deixaram criar uma situação real de “sufocamento”, “desmantelamento”, “apequenamento”, “frustração”... 

Resolvi seguir minha viagem e acabei pensando na última conversa que mantive com o Delegado Ruben Garcez, lembrei também dos Delegados Heitor Sché, João Rosa, Mário Martins, Mauro Dutra... e tantos outros, todos sempre parecendo muito calmos, silentes, conformados...  Caso Luiz Henrique viesse realmente ganhar as eleições para governo do Estado esses mesmos líderes certamente que mudariam sua estratégias pessoais, talvez se tornassem corajosos, intrépidos, loquazes...,  mobilizariam as massas policiais com um novo discurso e o que é pior era que muitos acabavam acreditando em tudo que dirão!

Data: 10.10.2002:

O estilo Lipinski de ser e administrar a Polícia Civil, o jeito de se relacionar, gerenciar, discursar, preencher espaços, promover ações, dar visibilidade...:

“Instrutores do FBI em SC – ‘Gerenciamento de crise, Sequestros e Negociação de Reféns’. Este é o tema do 3o Encontro Internacional de Polícia, que será realizado em Florianópolis, de 14 a 18 de outubro, na Academia da Polícia Civil (Acadepol), em Canasvieiras. Instrutores da Academia de Polícia do FBI, em Quântico, no Estado de Virgínia (EUA) estarão trocando experiências com policiais brasileiros e repassando novas técnicas na investigação de crimes de sequestro e negociação de reféns. O curso é organizado pela Delegacia Geral da Polícia Civil com o apoio da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, através do seu adido civil, Carlos Alberto Costa. O curso terá como palestrantes os agentes especiais do FBI Rick Ford (da Divisão de El Paso); Robert Moore ( da divisão de São Francisco), com a participação do adito civil adjunto Rick Cavalieros, da embaixada americana , em Brasília. A cerimônia de abertura acontece na próxima segunda-feira, às 8h30, no auditório da Acadepol. O curso também contará com a participação dos Delegados de Polícia Mauro Marcelo Silva, de São Paulo, e Renato Hendges, da divisão anti-sequestro da Polícia Civil de Santa Catarina. Para o Delegado Geral da PC, João Lipinski, ‘é muito importante esta troca de experiências entre as polícias do sul do País e agentes do FBI, uma das instituições mais organizadas do mundo.’  Lipinski revela que os policiais brasileiros serão oportunidade de conhecer novas e avançadas técnicas  de investigação de crimes de seqüestro. Além de aulas teóricas, os policiais também receberão treinamento  prático com demonstração e simulação de um caso de seqüestro com negociação de refém. Todas as atividades acontecem na Academia da Polícia Civil, em Canasvieiras (...)” (A Notícia, 10.10.2002).

Data: 26.10.2002 – “E para os lados da Polícia Militar”:

“Concurso da PM – A Polícia Militar de Santa Catarina vai publicar nos próximos dias o edital para concurso público para admissão  de novos soldados (...)” (A Notícia, 12.10.2002). Lipinski que raramente aparece nos jornais agora quase que virou manchete...  e a boa nova nos faz sentir “grandes”e “fortes”: “Reduzido o tempo da Lei Seca – A redução no horário de proibição para a venda de bebida alcoólica durante o segundo turno das eleições no Estado não vai  trazer intraqüilidade para a população. A avaliação foi feita ontem, pelo delegado geral da Polícia Civil, João Lipinski – No primeiro turno, ficou proibido a venda de bebidas alcoólicas a partir da zero hora do dia da votação. A lei seca só terminou às 19h (...) . ‘Não existe lei que determine  uma regra para a situação. Por termos avaliado que não houve problemas no primeiro  turno, resolvemos reduzir o horário de proibição’, explicou Lipinski. Segundo o delegado, a tranqüilidade  não foi o único motivo  para que tomasse a decisão. Preocupado  com as vendas, o presidente da Abrasel solicitou que o delegado fizesse a alteração. ‘A Abrasel alegou que estava sofrendo restrições econômicas.  O delegado avisou que amanhã a Polícia Civil estará funcionando em sistema de plantão, na delegacia, ou atendendo pelo telefone 251-5200” (DC, 26.10.2002).