PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 19.07.2002:

O Comando da Polícia Civil e o próprio Gabinete do Secretário Chinato contavam com a omissão total das lideranças classistas (leia-se: em especial a “Adpesc” e “Fecapoc”, transformada tempos atrás em “Sintrasp” – Sindicato dos Trabalhadores da Segurança Pública, mas eu preferia ainda o antigo nome...) as quais pareciam estar mais preocupadas com as campanhas de seus dirigentes à Assembleia Legislativa, ambos por partidos que apoiavam o governo estadual.  

Enquanto isso, a Justiça mostrava que era acima de tudo institucional e apartidária:

“Justiça - O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Amaral e Silva, instala hoje, em Balneário Camboriú, a primeira de uma série de ciclos de estudos sobre o novo Código Civil. Objetivo: investir na formação dos juízes e proporcionar melhor informação aos operadores do direito no Estado”  (A Notícia, Moacir Pereira, 19.7.2002).  

E um exemplo de hierarquia e respeito veio até do Tribunal de Contas, mais conhecido como “Elefante Branco” do Estado, cujo fato talvez revelasse alguma esperança por parte dos “cidadãos” em pelo menos ter esse órgão (imposto à sociedade...), digamos, “modernizado”:

“Exceção - O auditor José Carlos Pacheco, 62 anos, que terça-feira toma posse no cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) na vaga decorrente da aposentadoria compulsória de Antero Nercolini, quebra um tabu nos quase 50 anos da instituição: é o primeiro funcionário da casa a chegar ao cargo, eleito por unanimidade pelo plenário do tribunal e referendado pelo governador e Assembleia Legislativa. Desde sempre, os conselheiros são indicados pelo chefe do Poder Executivo depois de acertos políticos que só Deus sabe como são feitos. As poucas iniciativas para que a escolha fosse por voto direto não vingaram” (A Notícia, Raul Sartori, 19.7.2002).

Data: 24.07.2002:

E a informatização das Polícias vai dando a sua cara no sul do Estado:

“Delegacias mudam sistema de BO - Tubarão - Desde segunda-feira os policiais do Sul do Estado estão acompanhando de perto a implantação do Boletim de Ocorrência Informatizado (BO). O avanço causou surpresa, alguma resistência, mas surtiu efeito positivo entre os profissionais. Quatro equipes do sistema de atendimento ao policial informatizado estão orientando os servidores nas cidades da região e ensinando o novo sistema nas delegacias de Braço do Norte, Imaruí, Garopaba, Capivari de Baixo, Jaguaruna, Urussanga e Orleans. Todos receberam a visita do diretor da Delegacia de Polícia do Litoral (DPL), Paulo Koerich, que aproveitou para recolher as reivindicações. Ontem, Koerich percorreu a região de Criciúma e Araranguá. Segundo o analista de informática do Centro de Informática e Automação do Estado (Ciasc), Marlei Reinaldo, a implantação do BO Informatizado - sistema ligado à Web e a Intranet da Secretaria de Segurança Pública (SSP) - iniciou no segundo semestre deste ano e já está em funcionamento em algumas cidades Vale do Itajaí e do Extremo-oeste. Durante todo o dia de ontem, Reinaldo e uma equipe prestou treinamento a delegacia de Garopaba. ‘Os policiais estão recebendo bem o sistema e quebrando as dificuldades, já que durante o ano receberam treinamento na Academia de Polícia, em Florianópolis.’ Há sete anos na polícia, a investigadora de Garopaba, Marisa Ferrari, estava surpresa com o avanço. Marisa foi uma das policiais que acompanhou a ‘evolução’ os boletins de ocorrência: registrado à mão; depois com máquina de escrever e, por último, no computador e, agora, modernização. ‘Agora, no verão, será uma agilidade já que aumenta o número de ocorrência’, comemorava enquanto recebia as orientações” (A Notícia, 24.7.2002). 

Data: 25.07.2002 - O caso “Seu Chico”:

Os Delegados Lipinski e Renato Hendges resolveram convocar  entrevista coletiva (no meu antigo espaço: “sala de reuniões” que passou a se chamar o “Auditório” da Delegacia-Geral, bem ao lado da “Assistência Jurídica”) para tratar do homicídio envolvendo Francisco Thomaz dos Santos (Seu Chico), morador do sul da Ilha de Santa Catarina, cuja ocorrência repercutiu muito na mídia estadual e despertou interesses de amigos colunistas e, por via de consequência, da sociedade:

“Divulgação de relatório gera crise – A divulgação antecipada do relatório que apontou o suposto assassino do produtor de cachaça Francisco Thomaz dos Santos, o seu Chico, causou uma crise na cúpula da Secretaria de Estado da Segurança Pública. Isso porque o secretário Antenor Chinato Ribeiro era terminantemente contra o anúncio da forma como foi feito: durante entrevista coletiva de imprensa na tarde de terça-feira, antes do envio do inquérito  à Justiça (o que aconteceu apenas ontem). Na avaliação de Chinato, o correto seria encaminhar a peça ao Ministério Público, aguardar a denúncia à Justiça e a eventual decretação da prisão do acusado. Só aí, depois da detenção do suposto assassino, o titular da Segurança Pública concordaria em divulgar  a informação à imprensa. Mas não foi o que aconteceu. Ao arrepio de Chinato, o delegado-geral da Polícia Civil, João Manoel Lipinski, e o delegado Renato Jose Hendges decidiram realizar a entrevista, que contou com a participação de familiares de seu Chico, morto em 1996 na propriedade em que vivia, no Sertão do Peri, no Sul da Ilha. Secretário telefonou para evitar divulgação antecipada – Chinato, que foi avisado da entrevista quando estava em viagem rumo ao interior do Estado, chegou a telefonar para o celular de Lipinski na tentativa de evitar a divulgação. O delegado-geral, que participava da entrevista no auditório da Delegacia Geral, saiu  para atender o telefonema do chefe, mas já era tarde para abortar a divulgação antecipada. O DC apurou que, depois da trapalhada, a Polícia Civil decidiu monitorar os passos de Mário Roberto de Souza, o Marinho, apontado como autor da morte de seu Chico. Eles temem que Marinho fuja, já que foi avisado pela própria polícia que terá a prisão requerida à Justiça” (DC, 25.07.2002). 

Data: 27.07.2002:

Enquanto isso, os presos improvisados em repartições policiais, faziam a festança da imprensa, apesar desse tipo de notícia não render “estrelismos”:  

“Presos no comando de cadeia - Os próprios detentos fazem papel de agente na carceragem improvisada na delegacia de Piçarras - Piçarras - O déficit de vagas não está sozinho no caótico quadro das prisões e delegacias catarinenses: faltam também agentes e policiais. Na Delegacia de Polícia de Piçarras, que funciona como uma cadeia pública, litoral Norte do Estado, três presos são responsáveis pela carceragem que abriga 17 detentos. Além de abrir e fechar os cadeados das celas, cuidam da segurança do lugar, que não conta com agentes prisionais oficiais - da Secretaria da Justiça e Cidadania - e nem policiais militares para a guarda externa. À noite, apenas um policial civil atua no plantão” (A Notícia, 27.7.2002).