PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 25.11.2002:

“Segurança – Com base na pergunta formulada nesta coluna sobre a necessidade de priorizar ações para conter a violência, levantando dúvidas se o primeiro passo é a fusão de secretarias, o delegado Ricardo Thomé destacou que, ‘sob a orientação do professor César Barros, um grupo de pessoas ligadas à área de segurança do novo governo está buscando a consolidação de efetivas ações que possibilitem resultados imediatos e positivos, devolvendo à sociedade catarinense o sentimento de tranquilidade e segurança que exige.’ Tomara, pois o combate à criminalidade exige uma atenção especial não em termos administrativos exclusivamente, mas práticos e objetivos” (DC, Paulo Alceu, 25.11.2002).

Data: 27.11.2002, horário: 16:30 horas:

Braga veio até a “Assistência Jurídica” para mais uma de suas visitas, o que me forçou a deixar o computador de lado. Em razão disso me dirigi até  a cafeteira de Myriam para fazer um cafezinho,  contente pela sua benfazeja presença que sempre trazia muita energia ao ambiente. E ele já vai dizendo:

- “Eu só subi aqui porque descobri que não havia reunião do “grupo de transição” aqui do lado. Subi e já fui olhando a porta, se ela estivesse aberta eu voltava!” 

Para provocá-lo lancei esta:

- “Por que isso? O Ademir não está no grupo?” 

Em seguida joguei um verde:

- “Dizem que o nome forte para a Delegacia-Geral é mesmo o Mauricio Eskudlark, tu estais sabendo de alguma coisa?”

Braga respondeu:

- “O Ademir é o único ali do grupo que apoia o Maurício. Ele diz que se for por mérito político o Maurício leva vantagem. São doze mil votos  contra três mil. O Ademir disse que se o Maurício não quiser aí ele entra na briga”. 

Lembrei de perguntar:

- “Sim, quais são os grupos que têm ali?  Tem a facção do Ademir, do Maurício e da Lúcia...?”

Braga cheio de certezas comentou:

- “Ali tem a facção do Ademir que está sozinho. É só ele. Tem a facção do Maurício Eskudlark que também está sozinho e tem a da Lúcia!”

Argumentei:

- “Sim, a da Lúcia é ela, o Lourival e o Trilha?”

Braga confirmou:

- “Sim. São os três e mais o pessoal deles!”

Continuei:

“Tá, mas é o pessoal antigo. Eu vi ali o Leonísio lá de São Bento, ele está com quem? “

Braga imediatamente respondeu:

- “O Leonísio é Lúcia. Eu conversei com o Ilson Silva, até fiquei contente porque ele está integrando o grupo também”. 

Perguntei:

- Que Ilson tu estais falando?“

Braga respondeu:

- “O Ilson lá de Tubarão!” 

Fiquei contente pelo Ilson e Braga falou do Thomé:

- “O Thomé tá firme ali no grupo. Dizem que o projeto dele é radicalizar. Ele quer radicalizar desde o início!”

Fiquei curioso e perguntei:

“Radicalizar ? Só se for radicalizar com o Ministério Público. Como é que ele vai radicalizar?” 

Braga disse que não sabia como, mas que a ideia dele era radicalizar, em seguida, reiterou mais uma vez sobre os dois policiais que trabalhavam como ele na “Gerência de Fiscalização de Jogos e Diversões”: 

- “Aquele Carlos não gosta de Delegado. Ele odeia Delegado. Ele é parente do  doutor Valter Claudino e do Nivaldo. O Trilha vai tentar colocar ele no meu lugar. Ele é muito amigo do Trilha. Tu sabes o que é trabalhar com dois policiais que tu não podes confiar? O tempo inteiro eles ficam trabalhando contra ti. Aquele advogado Hélio não pode nem me ver, tu conheces ele? Eu tomava uma decisão ali na Gerência e não entendia, na semana seguinte entravam com um mandado de segurança contra mim. Parece que sabiam o que eu iria fazer. Depois eu descobri. Eu tomava uma decisão  e os dois corriam atrás do advogado dizendo: ‘olha doutor o senhor tem que fazer isso, tem que fazer aquilo porque o doutor Braga fez uma reunião conosco e disse que vai fazer aquilo... Dizem que o Coimbra também está pretendendo reassumir a Gerência, meu Deus se isso acontecer que retrocesso! Eles já estão brigando entre eles, tá uma confusão!”

Depois fiz um desabafo:

- “Eu encontrei o Ademir anteontem e esperava que a primeira coisa que ele fizesse ao me encontrar era agradecer o meu voto e os que eu consegui para ele. Foram seis votos na minha família. Eu votei nele, meu também, meus irmãos... Aqui a Myriam e o marido dela votaram nele. No dia das eleições eu tive que pegar a minha meia irmã lá no Campeche e trazer até Coqueiros só para ela votar nele. Aí eu encontro o bacana, imagina Braga... O dia que ele veio pedir o meu voto eu disse para ele que não queria nada (na verdade o que eu pretendia era estar dentro do processo, colocá-lo numa provação, registrar os fatos... e, também, tem um canal político para futuros projetos, colaborar, sugerir, influir... tudo para o bem, sem qualquer pretensão de cargo, o que era incompatível com minha história institucional e meus ideais). Eu disse que iria votar nele só pela amizade, pode?”

Braga ficou surpreso e disse:

- “É bom que eu saiba disso. Vou falar com ele!” 

Depois desse comentário fiquei a pensar: “É uma chance para ele se redimir do que fez, muito embora eu não bote mais fé alguma, caiu no meu conceito em definitivo...”. A minha vontade era que se isso realmente viesse acontecer, no momento que ele se aproximasse diria que não precisava mais...  Claro que isso era mais uma reação emocional, impensada..., mas em se tratando em pensamento o céu era o limite.  Antes que Braga saísse fiz uma última provocação:

- “Estão dizendo por ai que o Bottini está cotado para ser Diretor de Polícia do Interior, tais sabendo?”

Braga pareceu mais irritado ainda, levantou-se e antes de sair disse:

- “Ele é peemedebista de carteirinha desde 1982.  É dos históricos. Só faltava essa para estragar o meu dia”.

“Critérios - Durante reunião com os peemedebistas de Florianópolis, no CTG "Os Praianos", o governador eleito solicitou que os nomes indicados para o segundo e terceiro escalões passem pelos diretórios municipais e deputados da região. A proposta de adoção do critério foi feita pelos deputados Edison Andrino e João Henrique Blasi” (A Not[icia, Moacir Pereira, 27.11.2002).

“Prestígio - O lançamento de mais uma edição do Casildário, na segunda-feira passada, na Assembleia, provocou comentários de peemedebistas, que relembraram o início da campanha, onde apareciam alguns gatos pingados. A noite de autógrafos estava concorrida. Os mais ácidos diziam que um dos motivos era os cargos no governo” (DC, Paulo Alceu, 27.11.2002).

“Segurança - Ontem alguns delegados de Polícia de Joinville, Gilberto Cervi, Fabrício Dias, Vilson Masson e Alberto Cargnin, estiveram com os vereadores que integram a comissão especial que está levantando os problemas da segurança pública do município. Os delegados abriram o jogo, reclamando da falta de condições de trabalho, baixos salários, falta de motivação e por aí afora. Alberto Cargnin disse da existência do crime organizado na cidade. Foi levantado também que existem 27 vagas para delegado de Polícia, mas poucos policiais querem vir para Joinville. Vereadores Bento (PT), Heliete Steingraber Silva, Giovanni Gonçalves (PSDB), Ademir Machado (PDT), José Cardoso (PPS), da comissão presidida por Zulmar Valverde (PFL) externaram seus pontos de vistas, narrando até mesmo experiências próprias sobre a segurança pública, alguns como vítimas, como foi o caso de Gilmar Ferreira e de Manoel Bento. Que já fizeram depoimentos à respeito” (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 28.11.2002).