PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 08.07.2003:

Pensei em levar uma nota que foi publicada em um jornal para discussão no “grupo”, especialmente,  para mostrar como uma ação policial poderia ter desdobramentos negativos para instituição:   

“Bastidores - Grande matéria sobre a prisão de Gilberto Gil em Floripa na época do show Doces Bárbaros na Donna Dc deste domingo. Ela continua no site cliclRBS, assim como a minha coluna do caderno. O que pouca gente sabe é que Roberto Alves estava junto no flagrante ao atual ministro. O delegado tinha convocado a imprensa antes da prisão para garantir o ‘ibope’”  (DC, Juliana Wosgraus, 8.7.2003).

“Estudo - Continua sendo analisado pela Procuradoria-geral do Estado o anteprojeto elaborado por entidades ligadas à segurança pública, que deverá, nos próximos dias, entrar em discussão para que seja determinada a redação final, dentro dos ajustes jurídicos obrigatórios”  (DC, Paulo Alceu, 8.7.2003).

Data: 09.06.2003, horário: 09:30 horas:

Apanhei pareceres (informações jurídicas) que Valério Brito havia me devolvido e subi para despachar com Dirceu Silveira, conforme havia sido agendado. Antes, porém, resolvi me dirigir até a reunião do nosso grupo para dar uma satisfação.  Logo que cheguei na sala de Tim Omar verifiquei que só estava Valdir Batista sentado lendo o livro “Dos Delitos e das Penas” de Beccária.

Valquir estava na sala ao lado e Tim havia dado uma saída instantânea. Passado alguns instantes nos reunimos os quatro. De imediato mostrei o anteprojeto de “Lei Orgânica” que continha a proposta de plano lotacional para a Polícia Civil e argumentei:

- “Eu trouxe o ‘anteprojeto’ só para provar que no ano de noventa e três eu já estava trabalhando nesse material”.

Trocamos mais algumas ideias a respeito do assunto, sob o olhar atento de Tim Omar que comemorava:

- “Que bom, tá tudo aí!” Nem lembrava mais dos detalhes da proposta e argumentei:

- “Com essa proposta, ao se criar uma comarca imediatamente a mesma lei que criará uma Delegacia de Polícia também já vai criar o efetivo necessário para preencher o quadro lotacional previsto para essa repartição. Por isso que em seguida uma das nossas prioridades vai ser trabalhar no quadro lotacional. Assim, o efetivo vai ser reajustado automaticamente, sem precisar de lei específica...”.

Valquir interferiu:

- “Eu sei, eu sei, como na Polícia Militar...!”. 

Superado esse momento de introdução ao anteprojeto de lei orgânica acabamos voltando a conversar sobre a proposta de compactação de Delegacias de Polícia na Capital. De um lado eu e Valdir defendendo a não compactação e do outro Tim e Valquir simpáticos a proposta do Delegado Wanderley Redondo.  O assunto rendeu, sem que as duas alas cedessem. Ao final Tim pediu dois minutos para explicar a tese, só que não convenceu.  Valquir leu uma passagem da proposta de Redondo: “Atendendo solicitação de Vossa Excelência...”. Logo interrompi para dizer:

- “Não foi bem assim. O Redondo foi lá e se ofereceu. É claro que o Secretário naquela solidão quando enxerga um Delegado se oferecendo, bailando no seu gabinete, apresentando uma ideia iluminada, certamente que vai abrir os braços...”.

Tim prestou atenção e disse:

- “Foi bem assim. Foi bem assim mesmo que aconteceu...”.

Valquir concordou:

- “É, é!”

Tim apontou para a capa do trabalho de Redondo que estava nas mãos de Valquir e foi afirmando:

- “Eu não conheço esse distintivo. Nunca vi isso. Não reconheço isso aí. Para mim isso não tem serventia alguma. Outra coisa é aquele carro lá embaixo, parece carro da ‘Schincariol’...”.

Naquele embalo Tim continou monopolizando a palavra:

- “Se eu tivesse um ômega velho...”.

Interrompi:

- “Sei, eu preferiria andar a pé”.

Tim voltou à carga:

- “Não é isso que eu queria dizer. Eu quero dizer que se tivesse um ômega velho na Delegacia eu preferiria andar num ômega do que pegar aquela ‘coisa’ que está estacionada lá embaixo com as cores fantasia”. 

Argumentei:

- “Eu preferia ir a pé. O que significam aquelas cores. Ninguém sabe a quem pertence. Esse distintivo que o Redondo colocou aí na capa do trabalho dele está com as cores daquela viatura. Ele fez isso só para fazer uma média com o Secretário. Todo mundo sabe que o Secretário está sintonizado com essa nova ordem e está louco para encontrar adeptos. O Redondo se fez de últil no momento certo e o Blasi caiu e o Dirceu Silveira ficou assistindo de camarote!”

Valquir e Tim concordaram com o meu raciocínio sem muito esforço. Em seguida tomei conhecimento que Dirceu Silveira já havia chegado  no prédio. Pedi licença para sair porque achei que o Chefe de Polícia já estaria me aguardando.  Retornei em seguida sem sucesso porque soube que o Delegado Henrique Costa já estava despachando com Dirceu Silveira. Continuamos a conversa até perto do meio dia sem muito o que acrescentar. Fiquei feliz porque Tim Omar parecia que superou aqueles nossos desencontros acerca da compactação das Delegacias da Capital. 

Horário: 14:00 horas:

Estava retornando à “Chefia de Pollícia” e encontrei o Delegado Henrique Costa (Diretor de Polícia do Interior). Logo que me viu veio ao meu encontro:

- “Doutor Felipe. O senhor que era um homem esbelto, eu estava reparando que começou a aparecer a barriguinha. Que coisa né Felipe, eu também fiz um regimezinho na semana passada e perdi um pouco, mas não consigo emagrecer, não adianta, como é difícil!” 

Acabamos mudando de assunto e Henrique relatou que num encontro na Academia de Polícia com a participação do Secretário Blasi alguns Oficiais começaram a pressionar, dizendo que queriam lavrar “TCs” e que num determinando momento um Oficial disse que quem fazia inquérito policial militar porque não poderia presidir um inquérito policial. Henrique acentuou:

- “Olha Felipe o Coronel foi tão mal educado que o Secretário praticamente teve que mandar ele calar a boca. Tu precisavas ver. Depois o Coronel mudou de assunto e cobrou do Secretário a isonomia com os Delegados. O Lourival estava lá e deu uma virada. Ele pediu a palavra e com aquele jeito dele começou a dizer: ‘Então tá, vocês querem ganhar igual a Delegado. Então tá, nós também queremos hospital, dentista, alimentação...’. O Secretário se conteve para não chamar a atenção do Lourival”. Argumentei:

- “Olha Henrique nós temos que acabar com essa história de ‘nossos irmanzinhos Oficiais’, ‘nossos irmanzinhos militares’ prá cá, prá lá. Eles não nos tratam assim. Tu podes reparar, numa entrevista na imprensa eles só falam da Polícia Militar, dificilmente mencionam a Polícia Civil. Um Delegado dá uma entrevista e sempre procura incluir eles, falar do trabalho conjunto com os militares, mas a recíproca não é verdadeira. Temos que acabar com isso.  Cada um no seu espaço até que a gente consiga resolver isso em definitivo para o bem das duas instituições. O que adianta isso se não ha reciprocidade? Eu já conversei com o Braga para ele parar com esse negócio de estar sempre querendo tratar os militares como ‘nossos irmãos’. A gente sabe que eles não pensam como nós, a maioria dos Oficiais só pensa neles. Mas foi bom, assim o Secretário passa a conhecer bem as duas Polícias já que ele fala tanto em integração...”.

Henrique argumentou:

- “Eles querem os nossos espaços...”.

Em seguida lembrei que WanderleyRedondo havia apresentado um estudo para o Secretário Blasi para compactação das Delegacias de Polícia da Capital e perguntei para Henrique que era Diretor se ele tinha conhecimento da proposta. Henrique quando ouviu o nome de Redondo foi dizendo:

- “O que ele quer. Como é que pode um cara desses...  Todo mundo conhece ele...”. 

Argumentei:

- “O Redondo foi o homem de informações do Esperidião e da Ângela, todo mundo sabe disso... Depois tentou emplacar no governo passado... Agora tá apostando suas fichas com o Blasi e ele parece que começa a se chegar  no PMDB. Essa proposta de compactação das Delegacias da Capital é uma furada...”.

(...)”.

Horário: 15:30 horas:

Braga apareceu na “Assistência Jurídica”. Logo foi dizendo que estava de férias e passou alguns dias nas “Termas de Gravatal” com a esposa e mais um casal amigo. Perguntei se ele já havia assinado o “anteprojeto” de criação da “Procuradoria-Geral de Polícia”  e Braga respondeu que estava ainda de férias e que só estava vindo às quartas-feiras.  Mais tarde um pouco Braga retornou, só que agora chegou “latindo”,  o que assustou a policial Khrystian Celly que não conhecia mais esse seu lado. Braga disse que retornou só por causa da beleza dela...