PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 07.07.2003, horário: 09:30 horas:

Me dirigi até a sala do Delegado Tim Omar para mais uma reunião do nosso grupo e encontrei Tim, Valquir e Valdir reunidos. Em seguida chegou Wilmar Domingues que veio até a porta que estava fechada, abriu um fresta... Nisso, Valquir quase que gritou:

- “Entra doutor Wilmar, entra, por favor!”

Tim também reiterou o convite. Wilmar falou alguma coisa mais ou menos assim:

- “Não mexam com o doutor Felipe!”

Sim, ele ainda estava com os “três anos” repercutindo na sua moringa.  Valquir comentou:

- “O doutor Felipe chegou e já deu ‘quórum’, pode entrar doutor Wilmar!”

Era o tipo de brincadeira que destoava com as finalidades da nossa missão, mas eu aceitava tudo aquilo pacificamente, sabia que era mais uma brincadeira, só que já percebia que todo mundo brincava, mas isso tinha lá os seus limites... 

Depois que Wilmar fechou a porta e se foi Tim interrompeu para comentar sobre a sua situação, lamentando que ele não tivesse  uma sala para ficar e que já se dispôs a ceder seu lugar para que ele tivesse um ponto para ficar, e dizer que isso vinha desde os tempos da gestão da Delegada Lúcia, passou os quatro anos de Lipinski...

Lamentei a triste situação de um “Delegado Especial” e que tinha indicado o nome dele para o cargo de “Assistente Jurídico”, porém a impressão era que ele não tinha interesse, mas, enfim, era uma realidade deprimente e que envergonhava todos nós, talvez, menos Lúcia, Lourival, Moreto, Trilha, Lipinski e agora Dirceu Silveira.

Valquir aproveitou para fazer outro comentário:

- “Eu acho que o doutor Wilmar não dura muito. Ele vai pegar licença-prêmio e depois não volta mais. Eu acho que o Braga também não dura muito, é outro que tá com um pé fora da instituição”.

Lamentei porque considerava meus amigos e estavam indo embora, enquanto eu me sentia cada vez mais isolado, deixado para trás numa instituição com tantos desafios, tudo por ser refeito...

A seguir, comentei:

- “Meu Deus, ah se eu já tivesse tempo para ir embora..., mas falta pouquinho!”

Valquir fez um remendo mais ou menos assim:

- “Deus deu asa para quem não quer voar, e é sempre assim mesmo. Eu estou louco para ir embora. Estou louco para deitar naquela minha cama e ficar só de papo para o ar...”.

Tim do outro lado, já mais alegre e descontraído fez uma incursão fazendo sinal com a mão direita:

- “Sim, para ficar tocando ‘p’.”. Valquir apenas riu e eu não tive outra opção a não  ser também achar graça de ver um quase “setentão” falando besteiras. Tim má estava aposentado desde o final da década de noventa e com aquele sua saúde, sangue de índio, certamente que iria viver por baixo mais uns trinta anos, chegando tranquilamente ao cem.  Nisso, Tim argumentou:

- “Cuidado com o homem aí, acho que ele coloca tudo no livro dele. Ele está escrevendo um livro, vai contar tudo para...”.

Achei graça da perspicácia de Tim  porque era desconfiado e quando me via sempre fazendo anotações deve ter intuído o que poderia eu estar fazendo com meus papeis...  Mas concordei que era um assunto que poderia ser anotado para a posteridade aquele seu lance com a mão em sinal de “p.”, acho que combinaria bem com ele que teria sua foto num memorial onde se poderia ler embaixo da foto, tipo epitáfio: “AQUI O INCRIVEL ‘TIM’ E SUA ALMA ‘GEMA’!”. 

Valquir fez um comentário sobre o projeto de Lipinski sobre implantação de um quadro lotacional para a Polícia Civil e disse que havia gostado muito.  Aproveitei para argumentar:

- “Eu apresentei uma proposta em 1991.  Não, foi em 1993. Apresentei uma proposta de lei orgânica para a Polícia Civil e no final vieram  os anexos com o plano lotacional para as Delegacias conforme as entrâncias e o organograma mostrando o que cada Delegacia deveria ter. Com isso nós poderíamos ter uma ideia do efetivo ideal para atender todas as nossas necessidades”.

Valquir fez uma incursão:

- “O Felipe outro dia falou uma coisa aqui importante. Ele disse que quando a Polícia Militar cria um Batalhão a mesma lei já prefê o aumento do efetivo para atender as necessidades de pessoal dessa nova unidade militar, isso é importante!”. 

Valdir pediu licença para apresentar relatório acerca de um projeto de interesse dos psicólogos de Joinville que não policiais, mas deveriam atuar na área de trânsito. Mal começou a fazer seus comentário acabou sofrendo várias restrições dos colegas. Na verdade, ficou deliberado que esse assunto deveria ser tratado pelo o setor de Recursos Humanos da Polícia Civil, onde estavam as Psicólogas Policiais... Depois que encerramos essa discussão Valquir acabou descobrindo que Valdir Batista também era formado em Psicologia e daí a sua preocupação com o assunto dos Psicólogos..., o que já merecia o meu respeito, mesmo porque já sabia disso há muito tempo.