PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 15.05.2003, horário: 10:00 horas:

O Delegado Ilson Silva esteve na “Assistência Jurídica” e pude  observar que ele havia engordado, talvez fosse sinal dos ventos de um governo favorável, do fim da tortura do governo anterior. Ilson Silva na verdade me pegou de surpresa, veio me agradecer por tudo o que tinha feito por ele e trouxe nas mãos o ato assinado pelo Secretário Blasi que revogou a sua punição. Pensei: “revogando uma punição sem revisão, qual seria a base legal para essa decisão? Seria uma espécie de anistia, sim os ventos mudaram, coitados daqueles que não têm guarda-chuva, nem que fosse um “velhinho” que já serviria”. Mas optei pelo silêncio, mesmo porque a punição de Ilson havia sido injusta...:

“Portaria n. 436GEREHDIAD/SSP de 23.04.2003: TORNAR SEM EFEITO a Portaria n. 0877/GEARH/DIAF/SSP de 28.11.2002, publicada no DOE n. 17.062 de 27.12.02 que suspendeu por 15 (quinze) dias o funcionário Ilson Silva, Delegado de Polícia de 4ª Entrância, matrícula n. 117.985-0”  (DOE n. 17.150/2003).

Acabamos falando sobre outros assuntos e Ilson Silva, agora com outros ares, lamentou a perseguição quase que implacável de Lipinski no governo passado, isso porque ele era muito ligado à Lúcia Stefanovich.  Ilson lamentou mais uma vez o fim que teve o meu “parecer” já que Lipinski não juntou aos autos porque não interessava ao seu propósito...  

Para os lados no norte do Estado parecia que o Delegado Regional Marcucci não era só o Delegado Regional de Joinville:

“Barbárie - A morte do empresário Dimas Prates, ligado ao setor de turismo em Joinville, tem algumas coincidências com a do também empresário Décio Copi. Uma delas foi a forma de execução, também com dois tiros na cabeça, demonstrando um desejo de vingança embutido no ato do crime. Mais um desafio para o delegado Marco Aurelio Marcucci, que desvendou o bárbaro latrocínio de Décio Copi”  (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 15.5.2003). 

Certamente que as ingerências  políticas na Polícia Civil  poderiam ter sido o grande desafio da “era do triunvirato”, mas preferiram o “poder pelo poder” e o seu legado continua a repercutir. Esse é o exemplo do  Delegado Regional Marcucci que foi colocado no comando da Polícia Civil da Região de Joinville pelas mãos competentes do parlamentar Nilson Gonçalves. Chegou a desbancar Valverde. Na região norte ao meio-dia o Deputado Nilson Gonçalves imperava no rádio e no seu programa de televisão, especialmente, atraindo as classes populares, sofridas, esperançosas..., vendendo o produto mais barato: a violência.

Enquanto isso, como a mídia na mão, o Delegado Marcucci era transformado em estrela policial do norte e a população já começa ver nele o policial herói, tomando o lugar de Valverde que até então era visto como o “policial salvador”. Também, dava para entender por que Luiz Henrique da Silveira, quando se exonerou do cargo de Escrivão de Polícia, foi advogar em Joinville, sim um local totalmente aberto para “aventuras”, e baseando no ditado popular que em “terra de cego que enxerga é rei”, ninguém poderia segurar um profissional inteligente, com experiência no Dops, no campo da política. Ex-policiais tiveram sucesso no passado, como o Senador Lúcio Correa (Delegado de Polícia), Deputado Estadual Livadário da Nobrega (Escrivão de Polícia), Deputado e Prefeito Luiz Henrique da Silveira (ex-Escrivão de Polícia), Vereador João Pessoa Machado (Delegado de Polícia), Deputado João de Oliveira Rosa (Delegado de Polícia), Vereador Zulmar Valverde (Delegado de Polícia) e etc. Só restava perguntar se no caso de Zulmar Valverde e Marco Aurélio Marcucci teriam o mesmo sucesso que Luiz Henrique? Sinceramente, só o tempo:

“PFL elege talentos - O PFL é mesmo um partido pródigo em eleger talentos da comunicação. O ex-presidente da sigla Paulo Bornhausen alicerçou eleições à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa com programas no rádio. Na Assembleia, também foi o partido que elegeu pela primeira vez o deputado Nilson Gonçalves, que antes já fora vereador em Joinville. Hoje, Nilson está no PSDB, para onde migrou já na legislatura passada. Ele faz um programa diário de rádio em Joinville, na Colon FM, e tem um quadro de 35 minutos na Rede SCC/Joinville. Mesmo formado em direito, o paranaense que radicou-se no Norte do Estado se considera, antes de político, um comunicador. Está no rádio há 21 anos, e faz TV há uma década. ‘Na política sou apenas passageiro. O mandato ajuda a resolver questões que somente na função de comunicador teria maior dificuldade em encaminhar’, raciocina o atual segundo vice-presidente da Assembleia. ‘Só tento ser mais útil à sociedade, especialmente à comunidade que represento’, reforça. Mini-estúdio - Nilson agora pretende ampliar sua área de abrangência na televisão, chegando ao Alto Vale. E para compatibilizar as atividades parlamentares com a de comunicador, tem em seu gabinete o que diz ser um mini-estúdio de rádio.’Na TV procuro fazer ao vivo, sempre que dá. No rádio, se estou em Florianópolis, faço o programa na própria Assembleia’, explica”  (A Notícia, 26.5.2003). 

Já o jornalista e político César Souza era um fenômeno que possuía  tentáculos em várias frentes. Na segurança pública contava há anos com sua cria maior: o jornalista Hélio Costa que há anos circulava franqueado dentro do comando da Polícia Civil, ocupando cargo de confiança e acessando informações privilegiadas.  Dentro dessa perspectiva Cesar Souza já falava até em abrir espaços para seu filho na política, e que brevemente deveria estrear também em algum programa televisivo:

Veterano - busca novas opções - O veterano da comunicação na bancada do PFL é o deputado Cesar Souza, que começou no rádio em 1974, e tornou-se assíduo frequentador dos estúdios de televisão desde a década de 80. Ele mantém há anos um programa diário de grande audiência com seu nome, na TV Barriga Verde, onde três vezes por semana participa ao vivo. Hoje, é proprietário da rádio Guararema, de São José, mas há tempos deixou de apresentar programas na emissora. Em seu sexto mandato parlamentar, o quarto na Assembleia, o deputado que também já foi vereador e passou pela Câmara Federal admite que o fato de ser comunicador o ajuda na política, mas garante que isso não é condição para assegurar sucesso nas urnas. "Muitos já tentaram se eleger contando com o vídeo ou programas de rádio, mas fracassaram", diz, logo enumerando nomes de colegas, entre os quais até um conhecido colunista, que não conseguiu viabilizar a eleição à Câmara da Capital. Prefeitura - "Sempre fiz política partidária, pois, do contrário, como vou chegar para pedir o voto?", questiona Cesar. Seu êxito pode levá-lo, no próximo ano, a disputar a Prefeitura de São José: ‘Não vou mais disputar eleições proporcionais’, avisa, sem descartar a estreia em uma eleição majoritária. ‘Ainda é cedo, mas pode acontecer’, diz. Ao mesmo tempo, ele abre espaço para seu filho na política, que tem o mesmo nome e já faz parte da executiva estadual do PFL”  (A Notícia, 25.5.2003).