PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 07.05.2003, horário: 09:00 horas:

O Delegado Valquir Sgambato veio até a “Assistência Jurídica” para uma conversa. A bem da verdade queria saber por que o pessoal do “grupo” que não havia chegado ainda para a reunião no “auditório” (ao lado).  Valquir foi relatando que no jantar de ontem com as esposas o Delegado Nilton Andrade que era o Corregedor da Polícia Civil havia revelado que estava com vontade de trazer Lipinski para atuar como Corregedor porque não aguentava mais as mulheres Corregedoras. Valquir afirmou:

- “O Nilton disse que depois que a Cristina deu à luz, o filho dá um ‘peido’ em casa e ela sai correndo, é atestado para três dias direto. Ele disse que não está aguentando mais!”

Em função disso argumentei:

- “Mas quem é que colocou essa mulherada toda lá na Corregedoria, elas são novinhas na carreira e já estão lá? É mais fácil colocar uma Delegada Substituta, inicial de carreira do que um Delegado Especial na Corregedoria, dá licença! É muito mais fácil manipular uma Delegada Substituta que não quer ir para o interior, aí fica essa ‘esculhambação’!”

Valquir não só concordou com minha linha de raciocínio como reafirmou o que tinha dito. A seguir trouxe revelações incríveis:

- “O Dirceu me colocou na comissão de processo disciplinar. Ele quer três Delegados Especiais na Comissão, é eu, o Braga... , é  para apurar o caso do ‘Toigo’. Mas Felipe ontem o Nilton falou cada coisa, tu precisavas ouvir o que ele disse. O Dirceu que me desculpe, ele pediu para gente olhar o caso do ‘Toigo’, está preocupado. Tem Diretor envolvido com cada coisa, o Nilton falou...”.

Fiquei curioso e não sabia acerca do que ele realmente estava falando, Valquir continuou:

- “O C. está envolvido com... O Governador está sabendo de tudo!”

Fiquei surpreso e arrisquei:

- “Mas ele é irmão de um político importante...!”.

Acabei fazendo um desabafo:

- “Mas tu vê Valquir como as coisas são...!”

Fui até o computador e mostrei uma nota no jornal “A Notícia” onde constava que o governador Luiz Henrique havia anistiado mais de uma centena de policiais militares punidos disciplinarmente no governo passado e comentei:

- “Por aí tu vê, entra governo e sai governo e essa ‘esculhambação’. Não dá. Tu lembras quando o Heitor Sché foi Secretário e também anistiou um monte de policiais, menos o Elói? Ele fez aquele politicagem toda...”.

Acabei lembrando como Lipinski e Rachadel agiram no caso da policial civil “Hanelore” que foi demitida porque usou indevidamente uma viatura policial (deu carona com a viatura para uma pessoa estranha à Polícia Civil e porque ela estava envolvida em política para o partido adversário ao governo da época).  E, perguntei:

- “Mas Valquir e o Zulmar não faz política? Eu duvido se ele não sai na hora do expediente para resolver problemas políticos. Eu duvido que o Zulmar não atende telefonemas de eleitores na Delegacia. Todo mundo faz isso, o Heitor fez isso.  Agora por que eles não agiram com rigor noutros casos, como do filho do Kuster, do filho do Elói?”

Valquir faz uma outra revelação:

- “Esse filho do Elói tem aprontado. É direto. Ele não aparece no trabalho, que coisa. O Filho do Kuster é esse que está agora trabalhando lá na Administração?”

Respondi que achava que sim. Relatei ainda para Valquir um caso ocorrido na época do ex-governador Vilson Kleinubing, quando um ex-policial civil teve seu ato de demissão revogado e retornou ao trabalho como se nada tivesse acontecido só porque sua mãe era amiga da sogra do ex-governador, pelo menos foi assim que me relataram. Acabei fazendo um outro comentário:

- “Um dos problemas que nós temos é a falta de gente para trabalhar. Nos últimos oito anos nós tivemos praticamente um único concurso, porque este último até agora...”.

Valquir fez uma incursão:

- “Foi uma vergonha, com essa daí o Lipinski encerrou a administração dele. Um concurso todo enrolado!”

 Argumentei ainda que foi só um único concurso que fizeram e deu no que deu. 

O legado da era do “triunvirato”  continuava rendendo prejuízos à segurança pública:

(In) segurança - O vereador Djalma da Silva (PP), de Barra do Sul, se queixa da falta de segurança naquele balneário. ‘A delegacia de polícia continua fechada no sábado e no domingo e, agora, mais dois policiais foram transferidos’, reclama. De acordo com o vereador, os policiais foram mandados embora por ingerência política, porque não se curvavam a interesses de quem manda na cidade”  (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 8.5.2003).

O legado do “triunvirato” continuava rendendo resultados que muito provavelmente iriam se protrair ao longo dos anos. Acabei lembrando Ademar Rezende que um dia disse: “...e eles acham que estão abafando...!”:

Sistema de segurança - o Oeste está sucateado - Constatação é da comissão da AL em audiências externas - Chapecó - O sucateamento do sistema público de segurança foi a principal constatação da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Estado, nas audiências externas realizadas ontem e quinta-feira, em Chapecó e São Miguel do Oeste. Os deputados receberam informações sobre falta de condições de trabalho, estrutura de pessoal e vontade política para resolver a situação. As lideranças que compareceram aos encontros relataram que vêm reivindicando melhorias há anos e que muito pouco tem sido feito pelo governo, enquanto a criminalidade continua crescendo. Um documento foi produzido pelos parlamentares, com as principais reivindicações da região, será apresentado à Secretaria de Segurança Pública e Defesa do Cidadão. A intenção dos deputados é cobrar do governo uma solução definitiva, que ajude a tranqüilizar as famílias da região. ‘Vivemos uma situação, na região, de real falta de pessoal e sucateamento da estrutura. Os policiais convivem com o estresse e tem até apelado para os medicamentos para se manterem no trabalho’, relatou o presidente da comissão, deputado estadual João Rodrigues (PFL). Para ele, o que falta para resolver a situação é vontade política. "Pretendemos enviar esse documento ao secretário de segurança e cobrar do governo a realização das ações necessárias para a melhoria da situação", continuou. Além do aumento do efetivo de policiais e da melhoria dos equipamentos, o parlamentar também defende o incremento do salário das forças de segurança, como forma de remotivar os policiais e oferecer a eles melhores condições de vida. ‘Hoje um soldado ganha R$ 600,00, mas o soldo ainda é de R$ 170,00 ou menos de um salário mínimo. Temos que rever essa situação’, acrescentou. Dossiê - A falta de solução para o problema da segurança pública no Oeste está revoltando as autoridades da região. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, Armelindo Carraro, levou para a audiência com os deputados um dossiê, que mostra que o aumento do efetivo e da infra-estrutura das polícias vêm sendo reivindicado desde 1999. Nesse período, de acordo com ele, os crimes contra o patrimônio aumentaram 400% e o efetivo de policiais permaneceu o mesmo. ‘Recebemos promessas no ano passado sobre o aumento do número de delegados, mas até agora nada’, continuou. A região de São Miguel do Oeste, conforme levantou a Comissão de Segurança, precisa de pelo menos seis delegados, enquanto Chapecó, sozinha, precisa de pelo menos mais cinco. Apenas a 1º Delegacia de Polícia de Chapecó têm mais de 400 inquéritos para concluir. Muitos dependem de diligências e outras ações que demoram a ser realizadas por causa do efetivo policial reduzido. Na cidade, há células de organizações criminosas se formando, nos bairros Passo dos Fortes, São Pedro e Palmital, segundo informaram policiais civis. São grupos que aliciam adolescentes para o furto, o roubo e o tráfico de drogas, fazendo crescer a violência em todos os bairros”  (A Notícia, 10.5.2003).   

“Críticas - O delegado e vereador Zulmar Valverde (PFL) fez críticas ao delegado regional de polícia de Joinville por ter cortado os passes de ônibus de policiais civis no município. Era um benefício de mais de 30 anos, cobrou Valverde”  (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 11.5.2003).