PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data:  30.01.2003, horário:10:00 horas:

O Delegado Ademar Rezende telefonou para a “Assistência Jurídica” e logo foi me questionando:

- “Estais com pressa? Tens um tempinho para a gente conversar?”

Respondi afirmativamente e ele foi direto ao assunto:

- “Tu tens acompanhado essa reforma? Eu estou aqui em casa, não vi o projeto ainda. É verdade o que comentam por aí que a Corregedoria realmente vai para o Gabinete do Secretário? Como é que é isso?” 

Diante desse questionamento e procurando respondeu a sua indagação passei a relatar os acontecimentos:

- “Segundo eu sei, sai a Polícia Técnica, a Academia passa para o Gabinete do Secretário, a DPI vai para Curitibanos...”.

Ademar Rezende parecia não se abalar muito e perguntou:

- “Como é que vai ficar a Corregedoria? O nosso Estatuto não é uma Lei Complementar? Então espera aí, o Delegado-Geral vai continuar a deflagrar os processos disciplinares, não é? O que tu achas? Se o nosso Estatuto é uma Lei Complementar. Essa reforma não está sendo aprovada por meio de lei ordinária?”

Respondi que sim, como fizeram na época do Governo Paulo Afonso e que a lei de reforma apenas iria tratar da estruturação dos novos órgãos de maneira geral... Ademar fez uma triste avaliação:

- “Eu não sei Felipe, mas nos últimos seis, sete anos as coisas desandaram tanto na Polícia Civil. Eu lembro que quando eu entrei na Polícia Civil a Corregedoria era comandada por um Promotor,  depois a gente foi melhorando, conquistado espaços, veio o Estatuto, as leis, conseguimos ter previsão constitucional, só que de uns anos para cá, de uns seis, sete anos para cá a coisa começou a desandar...”.

Concordei com Ademar Rezende e acabamos lembrando que apesar dos percalços e omissões no campo legislativo, durante a gestão Lúcia Stefanovich nós respiramos um fortalecimento institucional, porém, a partir do governo Amin a Polícia Civil começou a marchar para trás, passou a entrar em queda, a começar com a nomeação de um Perito para a Polícia Técnica e Artur Sell (Delegado aposentado) para a Academia da Polícia Civil, além do continuidade no descumprimento da lei das entrâncias, a omissão quanto a lei orgânica, a entrada em vigor da Lei Orgânica do Ministério Público que tramitou silenciosamente, apesar de dois Delegados Deputados Estaduais, a famosa “emenda Heitor Sché” que fulminou com a disposição que determinava que o Delegado-Geral tinha que ser escolhido dentre os finais de carreira.  Relatei,  ainda, sobre a reunião no dia anterior dos novos Delegados Regionais no “auditório” da DGPC e que mais parecia uma festa, e perguntei:

- “O que é que eles estariam festejando?”

A seguir Ademar também lamentou a euforia dos novos Deleegados Regionais e ainda lembrou que na Gerência de Jogos e Diversões iria assumiu um Investigador Policial no lugar do Delegado e Braga, Ademar, já exaltado, se mostrava indignado com o fato de que um Investigador iria dar ordens para os Delegados...

Horário: 10:40 horas:

Retornei do café no “Conjunto Comercial Ceisa Center”  e, depois daquela conversa com Ademar Rezende,  entendi necessário dar uma passada pelo Gabinete do Delegado Braga. Ao chegar percebi que estava havendo uma reunião ou coisa assim... Observei que Braga estava sentado e na sua frente estavam o Escrivão Carlos e os Investigadores Marlon, Siqueira, Akira... Logo que entrei no recinto todos se levantaram instantaneamente e bateram em retirada. Fiquei meio desconfiado, pois toda vez que chegava na sala de Braga o pessoal dele tinha essa mesma conduta.  Braga foi perguntando:

- “Fostes convidado para a posse dos Delegados Regionais na Academia?”

Olhei para ele e resolvi fazer uma provocação:

- “Ah, sim. Fui convidado!”.

Braga deu a impressão que tinha recebido uma “bofetada”:

- “Então fosses privilegiado. Olha só como eu estou aqui, desprestigiado, brincadeira. Que consideração eles estão tendo comigo. Então fosses convidado. Eu não!”

Percebendo o abatimento de Braga procurei logo corrigir e disse a verdade:

- “Brincadeira Braga. Fui convidado coisa nenhuma!. E se fosse não também iria!”

Braga não deixou transparecer nenhum sentimento, mas dava a impressão que talvez tivesse sido melhor que eu realmente tivesse sido prestigiado porque se sentiria melhor...

Relatei o contato que tive no dia anterior com o Delegado Valquir Sgambato  e Braga revelou que na última reunião da Comissão de Promoção o Delegado Optemar sentou o pau na Delegado Lourival Matos por causa da reforma do governo, especialmente, em razão da desagregação da Polícia Técnica. Lourival teria se defendido... 

Acabei revelando detalhes da conversa que tive com o Delegado Ademar Rezende, especialmente, sobre a reforma administrativa e perguntei para Braga se ele sabia que estava sendo cogitado um Investigador para o seu lugar. Braga confirmou que já sabia.

A seguir entrou na sala o Escrivão Milton Sché Neves e acabamos conversando sobre os restaurantes de São Paulo.... Milton estava fazendo o regime do corte dos “Carboidrados”, só estava comendo proteínas e folhas verdes durante a semana.  Indicou os bons restaurantes de São Paulo (Don Curro, Vento Aragano...). Braga perguntou quantos quilos Milton já tinha emagrecido e ele confirmou que de cento e vinte ele já baixou quatorze quilos. Como estava na hora do almoço de Braga (11:30h) resolvi me despedir...