PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 05.01.2003:

Lamentável que Delegados procurassem usar seus cargos públicos para alçar voos no plano político para realizar projetos pessoais, diferentemente de magistrados, membros do Ministério Público (enquanto em atividade não podem concorrer a cargos eletivos). Enquanto isso, o “triunvirato” vai deixando o seu legado no devido espaço e tempo:

“Segurança - A permanência de Roberto Schulze na Delegacia Regional de Rio do Sul poderá esfriar as relações entre o prefeito Jaílson Lima (PT) e o governador Luiz Henrique. Schulze estaria trocando o PFL pelo PSDB. Seu relacionamento com o prefeito não foi bom. Jaílson indicou a cunhada Karla Bastos Miguel, avalizada pelos deputados Rogério Mendonça e João Mattos” (A Notícia, Moacir Pereira, 5.1.2003).

Data: 06.01.2003, horário: 10:00 horas:

O Delegado Optemar Rodrigues (o “Masinho”) ligou para “Assistência Jurídica” e queria uma informação sobre a vigência do artigo sessenta e nove da lei complementar noventa e oito (Lei Especial de Promoções da Polícia Civil – LC 98/93). Fiquei curioso e perguntei:

- “Ué, ainda estais na direção da DCI (Diretoria de Comunicação e Inteligência da Polícia Civil)?” 

Optemar respondeu:

- “Não! Estou na Comissão de Promoções e na Comissão de Inteligência”.

Enquanto consultava a legislação para dar as respostas Optemar foi argumentando:

- “Escuta esta, o Mário disse que o Lipinski é como Midas, tudo que ele toca vira ouro. Só ele que é o Midas. Ele se fechava naquela sala dele, não falava com ninguém”. 

Argumentei aos risos:

- “O Mário falou isso mesmo? Acho que ele era absoluto!” 

Data: 08.01.2002 – “O legado do ‘triunvirato’  e a biografia de dois Delegados em choque por poder político regional (Joinville):

“Nilson veta Zulmar - O deputado Nilson Gonçalves (PSDB), que defende o nome do delegado Marco Aurélio Marcucci, responsável pelo Departamento de Investigação Criminal de Joinville, vetou ontem o nome de outro profissional da segurança pública no município, Zulmar Valverde, vereador do PFL. Zulmar era candidato a vaga da regional da polícia. O veto do deputado a Valverde foi comunicado ao prefeito Marco Tebaldi e ao governador Luiz Henrique. Como o veto teria sido aceito, ficou como candidato a titular da Delegacia Regional de Policia Civil de Joinville apenas o nome de Marcucci. Caso Valverde fosse indicado para o cargo, este cederia a cadeira na câmara ao suplente Odir Nunes, também do PFL, facilitando o quadro da governabilidade em Joinville para o prefeito Marco Tebaldi”  (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 8.1.2003).

O caos que se encontrava a segurança pública:

“Ladrões - O empresário Jaime Cunha teve sua casa assaltada. O ex-vereador Silvio Fortunato também foi visitado pelos ladrões. Ninguém mais tem segurança e as vítimas sequer fazem queixas porque os assaltos e arrombamentos, infelizmente, são fatos rotineiros em Joinville”  (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 8.1.2003).

“É amigo - Em relação à indicação do delegado e vereador Zulmar Valverde (PFL) para a Delegacia Regional de Polícia de Joinville, o deputado estadual Nilson Gonçalves (PSDB) garantiu ontem que não vetou e não tem nada contra. ‘Acontece que, em razão do episódio da eleição na Câmara de Vereadores, quando Zulmar votou contra a candidatura de João Gaspar, entendi que o compromisso havia sido quebrado", ressaltou, para explicar porque optou pela indicação de Marco Aurélio Marcucci para a vaga. "Mas Valverde continua sendo meu amigo’, sinalizou o deputado e radialista” (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 9.1.2003).

“Briga - Um segmento da Polícia Civil não aceita a indicação do delegado Marco Aurélio Marcucci, apoiado abertamente pelo deputado tucano Nilson Gonçalves, para o comando da Delegacia Regional de Joinville. Classificam o colega de inapto para a função e criticam o apoio do parlamentar. Estão propondo dois nomes: do delegado Fabrício Mann Dias e do vereador Zulmar Valverde, ex-pefelista. Os interesses são muitos e a pressão é grande” (DC, Paulo Alceu, 9.1.2003). 

Data: 09.01.2003:

Passou a gestão histórica do “triunvirato”, mas a impressão era que tudo estava tendendo a continuar como antes, do jeito como sempre foram:

Coerência -  Menos mal. As horas extras dos praças da PM continuam sendo pagas.  Não foram atingidas pelo corte do governador. A incorporação aos salários dependerá do estudo de uma comissão, que já está trabalhando”  (DC, Paulo Alceu, 09.01.2003). 

Data: 10.01.2003:

Lamentavelmente, a novela continuava e refletia o que já ocorria há décadas na Segurança Pública, notadamente, Polícia Civil e que ninguém tinha peito e coragem de estancar:

Disputa - Se existe um grupo contra a indicação do delegado Marco Aurélio Marcucci para a Regional de Joinville, há outro segmento, representado pelos Conselhos Comunitários de Segurança, avalizando o trabalho técnico, sério e apartidário do profissional, inclusive com um pedido da subseção da OAB. Disse ser uma nomeação pela competência e não fisiológica”  (DC, Paulo Alceu, 10.01.2003).

Horário: 15:40 horas – “Sem ‘lista tríplice’, sem critérios institucionais, nasce a ‘Era Dirceu Silveira Junior” no comando da Delegado-Geral da Polícia Civil”:

Recebi um telefonema da secretária de Dirceu Silveira que dizia:

- “Doutor Felipe aqui é a Adriana (esposa do Delegado Valério e secretária do doutor Dirceu). Ele teve que dar uma saída agora. O senhor já vai sair?”

Respondi que não tencionava sair breve e ela continuou:

- “O doutor Dirceu quer falar com o senhor. Ele pediu que quando voltasse o senhor viesse aqui no gabinete dele que ele precisa conversar, vamos fazer o seguinte, logo que ele retornar eu aviso o senhor, tá bom?”.

Respondi que sim e que aguardaria seu contato.  Logo que encerrei a ligação fiquei imaginando o que Dirceu Silveira estaria querendo conversar comigo. Bom, eu estava trabalhando na condição de  “Assistência Jurídica” de fato, sem cargo... e como era início de governo era uma incógnita o que o novo Delegado-Geral queria tratar comigo. Logo intui que talvez ele me pedisse para que permanecesse naquela confortável condição (claro que para ele, já que não havia cargo comissionado...), ou que aceitasse o cargo de “Assistente Jurídico” e, por último, que deixasse a “Assistência Jurídica”  para ir atuar noutro local, até numa Delegacia de Polícia da Capital. Tudo era possível e eu simplesmente não esperava absolutamente nada e nem saberia o que dizer, apenas esperar, já que lembraram de mim para alguma coisa, eu que preferia permanecer esquecido e aguardar a chegada do novo “Assistente Jurídico”. 

E o que diria o Delegado Lourival Matos com aquele seu discurso de tachar colegas de “traidores” quando viessem a permanecer nos futuros governos...?

Outro fato que me chamou a atenção foi como ocorreu a escolha de Dirceu Silveira. Sucede que ele era membro da cúpula da Polícia Civil durante quase todo o governo Esperidião Amin, dirigindo um dos órgãos estratégicos da instituição (Deic). E com a entrada do novo governo do PMDB foi promovido ao cargo maior da Polícia Civil. Logo me veio à mente o Delegado Lourival Matos, muito provavelmente iria retornar ao cenário político, acreditava que assumiria algum cargo comissionado e me perguntei se iria levantar uma bandeira contra o Delegado Dirceu Silveira em razão do mesmo ser um “vira-casaca”, se iria contestar sua nomeação, talvez até reivindicar o seu lugar... ou colocaria o rabo no meio das pernas (como fez no caso do Delegado José Antonio Peixoto quando permaneceu na Direção da Acadepol no início do governo Esperidião Amin)?  Era possível que Lourival Matos tivesse dois discursos, dois comportamentos, duas personalidades? No caso de José Antonio Peixoto, houvera várias denúncias questionando a lisura no concurso de 1998 e o fato dele permanecer no cargo no governo seguinte poderia significar uma garantia de “panos quentes” sobre o assunto... No caso do Dirceu Silveira Junior  era sabido que ele tinha o cacife do governador Luiz Henrique da Silveira, então a pergunta era “será que teria coragem de medir forças com o governador?