Era sábado e estava eu em casa vendo o futebol quando chega um Senhor querendo conversar com o advogado. Homem normal não gosta de ser importunado na hora do jogo. O caso era urgente e fui obrigado a atender o inoportuno fazendeiro. - Doutor, o caso é urgente e necessito de sua ajuda, do seu conselho. - pode contar, o que foi? - hoje é o casamento de minha filha. O almoço para os convidados foi servido ao meio dia, mas há festa o dia inteiro. - mas onde esta o problema? - É que eu combinei com o cartório de que o casamento civil seria lá na fazenda, as 16h00min. Deu cinco da tarde e nada de escrivão aparecer por lá. - O senhor foi ate a casa do escrivão para procura-lo? Pode de ser que ele tenha esquecido o horário. - Estou vindo da casa dele. Ele esqueceu foi do casamento e esta para o Paraguai comprando muamba. A mulher falou que não tem nenhum casamento marcado para hoje. - vamos voltar lá e eu vou pedir a esposa do escrivão para ir ao cartório e olhar se o processo do casamento esta lá. Se tiver e só chamar o juiz de paz para celebrar o matrimonio. A mulher do cartorário olhou a agenda e viu que não tinha nenhum casamento a fazer naquele dia. Vasculhou umas pastas e estavam dentro delas os formulários assinados pelos nubentes, mas todos em branco. O processo de casamento não foi nem mesmo iniciado. - Doutor, e agora o que faço? - A solução é o Senhor mandar o pastor fazer o culto e prosseguir com os festejos. Se algum curioso perguntar fala que o casamento no civil já foi realizado em cartório. Daqui duas semanas o casal vai ao cartório e assina o livro na presença de duas testemunhas. O homem olhou para mim com uma cara seria e falou: O senhor acha que eu vou entregar minha filha para um homem sem casar? De jeito nenhum. Vou suspender a festa e marcar outra data. Eu ainda tentei dizer que a moça poderia casar e separar no outro dia, não é o papel que garante a duração do compromisso. O pai da noiva me falou que no dia em que eu tivesse uma filha poderia fazer como quisesse, mas filha dele não iria morar com homem sem casar. Preparei os papeis para ajuizar uma ação contra o escrivão irresponsável, pedindo a indenização pelos gastos com as festas e pelos danos morais. Nesta causa eu não ganhei nada. No final das contas o cliente resolveu aceitar os pedidos de desculpa do cartorário e deixou de lado o pedido de indenização. No dia eu fiquei pensando na cara que o noivo deve ter feito quando o sogro falou que a lua de mel estava suspensa.