As más notícias sobre a economia com o aumento do número de desempregados com relação ao início do ano de 2017, sugere que a saída da recessão econômica profunda em que entramos vai demorar. Infelizmente não existem receitas mágicas para resolver o problema, pois a Economia é uma ciência que não prima pela exatidão.

O que preocupa neste estado de coisas são os discursos de salvadores da pátria, tanto da esquerda como da direita. Na economia capitalista de livre mercado não existe mágica ou efeito sem causa. Porém existem componentes exatos que precisam ser observados, como a receita que precisa ser igual ou maior do que as despesas. O endividamento é perigoso, pois cobra juros e quando o endividamento se torna insustentável, perde-se a confiança de quem tem dinheiro para comprar títulos do governo, gerando juros cada vez mais altos. O resultado de não se olhar para esse lado é inflação, que penaliza sempre os mais pobres e os que vivem de salários e pensões.

As variáveis não controláveis da economia têm a ver com a confiança do mercado. Quando o estado é rico ele pode estimular a economia, investindo em infraestrutura e outras obras, mas isso não dura eternamente. A economia precisa ser sustentável, girar com seus próprios recursos e dinamismo.  Quando o estado é pobre, não há recursos para investir e fica-se apenas na dependência dos agentes econômicos para dinamizar a economia. Sem confiança, ninguém investe, esperando dias melhores.

É preciso entender, também, que o estado não é um poço sem fundo de recursos. Ele funciona com os impostos pagos pela indústria, comércio, serviços, rendas e assalariados. Quando o estado tem um custo de manutenção muito elevado, ele pune a sociedade, pois não devolve em serviços e segurança, a parte necessária dos impostos pagos.

Temos um estado que além de pobre é caro e quando a economia vai mal, o reflexo é imediato com a degradação dos serviços e da segurança. As reformas que precisamos tem um custo social alto, mas alguns setores tem poder e não querem abrir mão dos seus privilégios. Ao se tentar jogar o custo das reformas apenas nos ombros dos trabalhadores do setor privado, cria-se um conflito difícil de ser equacionado.

Enfim, em outubro teremos a oportunidade de escolher aqueles que já foram escolhidos pelos partidos (nossa democracia prescinde da participação popular. Só votamos para referendar o que as minorias já decidiram). O que é preciso evitar é a eleição de salvadores da pátria, que são mais perigosos do que podemos pensar, mesmo que bem intencionados.  Fazer escolhas motivadas por paixões ideológicas e não pela racionalidade pode nos levar a novas crises e elas significam retardamento do crescimento econômico.

A democracia brasileira está em uma encruzilhada.  O presidencialismo de coalização cada vez mais vem mostrando suas fragilidades. O mandato de presidente não é mais intocável. Os dois impeachments que já ocorreram, mostram que temos um sistema parlamentarista informal em que o congresso tem poder para destituir um presidente, mas não tem responsabilidades com a gestão.  Seria então preferível um parlamentarismo seguindo os modelos europeus.

 Enfim, como diria o poeta espanhol: “Caminhante não há caminho, o caminho se faz caminhando”.