Jesus Cristo disse, não apenas uma vez, em seus sermões dirigidos a multidão faminta da verdade: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”. O fundamento do Cristianismo baseia-se na ideia de negação de EU, na imitação profunda e sincera de Cristo. Quanto mais próximo o seu caráter se aproxima do de Jesus, mais santo – no contexto de separação do mundo – o individuo se torna. Quanto mais santo, mais ele adquire os chamados frutos do Espírito (temperança, longanimidade, humildade etc. etc.). Quanto mais santo – ou mais próximo do caráter de Cristo – ele é capaz de cumprir plenamente o Primeiro Mandamento – ame ao Senhor teu Deus de todo teu coração e ao próximo como a ti mesmo.

   Essa ideia, imprimida no parágrafo acima, é a estrutura do Cristianismo e a base da relação do homem com Deus – pelo intermédio da graça do Senhor Jesus Cristo. A civilização ocidental foi moldada a partir desse conceito moral (além, é claro, do Direito Romano e da Filosofia Grega – ambos absorvidos pelo Cristianismo).

   O enfraquecimento dessas ideias é algo tão latente no Ocidente, principalmente no período pós Segunda Guerra Mundial, que causa espanto a inépcia e desinteresse com que as pessoas tratam – ou deixam de abordar – esse assunto. Podemos listar cinco acontecimentos históricos que embasam o fenômeno citado: (1) o enfraquecimento da igreja no século XIV; (2) a ascensão do Estado Laico; (3) a teoria da Evolução das Espécies de Darwin; (4) o crescimento do niilismo acompanhado pelos Totalitarismos ditatoriais – na Alemanha Nazista, Rússia Comunista e China – e (5) o início da Nova Era (pós-Segunda Guerra Mundial).

   O (1) se deu com as constantes críticas as ideias e práticas da Igreja Católica, vou citar apenas alguns deles sem me aprofundar nos assuntos devido à falta de tempo e espaço. É válido mencionar as descobertas científicas referentes ao movimento e forma do Planeta Terra. Não há como negar a importância e veracidade dos estudos científicos, mas a ideia da Igreja em que a Terra é o centro do universo não era física, o caráter ali é Metafísico – ou seja, a Terra representa a ligação do homem com Deus. Deslocar o Sol (um corpo maior) para uma posição secundária (girar em torno da Terra – corpo menor) não foi uma posição científica da Igreja – nem havia esse tipo de estudo na Escolátisca -, mas o objetivo era valorizar a relação Criatura x Criador. Segundo ponto: as cargas tributárias e as relações da Igreja com as Monarquias é outro argumento utilizado pelos materialistas para apoiar o enfraquecimento da igreja, mas o que se deu a partir foi uma cisão no seio da Igreja – o Protestantismo (que por si só possui mais de trinta e três mil denominações) é um tema muito amplo para ser tratado aqui. O (2) foi precedido pelos acontecimentos de (1), as ideias iluministas ganharam força na Europa e se materializam na Revolução Francesa. O surgimento do Estado Laico seria a separação definitiva entre a Igreja e o Novo Estado Moderno. A igreja – representante de Deus na Terra – saiu, mas o que veio a seguir não foi nada superior à moral Cristã. O tópico (3) é apenas o amadurecimento das ideias acima, a mudança de visão do homem moderno referente a si mesmo, já pré-moldada pelos ideais iluministas, foi algo estarrecedor. A teoria da Evolução das Espécies foi bem elaborada, mas se submetê-la no teste científico, ela não passa. Para confirmar uma ideia, cientificamente falando, é preciso observar um fenômeno – a certo estado físico e em um determinado espaço de tempo – e coletar os resultados adquiridos. O que é impossível fazer com a teoria de Darwin. É uma ideia elegante, elaborada e fundamentada, mas é uma teoria – comprometer a visão de mundo e as relações humanas baseadas em teoria foi um erro histórico comprovado nos acontecimentos futuros. O apogeu das ideias niilistas se deu na Alemanha Nazista e Rússia Comunistas, não por coincidência, países marcados pelo ressentimento de terem sido derrotados pelo Ocidente na I Grande Guerra (e posteriormente na II). O que deu a vitória ao Ocidente não foi – apenas – o poderio militar e bélico, mas sua capacidade de acreditar na bondade do homem, na esperança de dias melhores e na defesa da liberdade individual do cidadão e manutenção dos valores tradicionais cristãos. Infelizmente o Ocidente falhou na estratégia cultural. Ganhou a guerra, mas foi, e continua sendo, incapaz de bloquear os ataques lançados por agentes externos e muitos internos contra seus valores primordiais. O tópico (5) é a consumação clara desse triste fato. A civilização ocidental vem sendo influenciada, e tem dado ouvidos, por uma série de autores que militam contra ela mesma. Como a estratégia é sorrateira, é velada, torna difícil a identificação do perigo, mas ele existe e a ameaça é real.

   Depois dos anos 1960 o mundo Ocidental entrou em uma Nova Era, a nova visão para a humanidade é: igualdade entre os povos, diversidade cultural e religiosa, preservação ao Meio Ambiente, dentre outros. Faltou mencionar o objetivo mais importante: a criação de um Estado onipresente que regule todos os aspectos da vida humana, que dita regras unilateralmente sem consulta aos cidadãos. Esse Estado será a nova religião mundial – já que todas as outras estarão submetidas ao seu julgamento. Uma religião híbrida, sem ligação com nenhum ser metafísico – em suma serão homens ditando ordens a outros homens.

   De todas as estratégias revolucionárias, essa é a mais doente e diabólica já investida contra a humanidade. Há apenas duas instituições capazes de deter esse processo: família e a Igreja. Não por coincidência, as duas instituições mais atacadas nos meios culturais, de mídia, por todo o Establishment esquerdista. Isso é a falha no cumprimento do segundo mandamento pura e simples. Por lógica, é a falha na imitação de Cristo. Permitir que esses ideais germinem na mente das futuras gerações é a falta de amor com o semelhante, é a falência do Cristianismo como instituição. Mais do que isso, é o fim da Civilização Ocidental como a conhecemos, é a vitória do anticristo.

Para mais textos, acesse o site: http://criticaelementar.com.br/index.php/2017/08/15/para-onde-estamos-indo/