Para a educação ser transformadora, ela precisa ser emancipadora, as famílias e as escolas precisam ser espaços significativos e não lugares

 

A nossa sociedade está marcada pela evolução tecnológica e as novas formas de interagir.  Dentro do contexto de evolução tecnológica, as mídias são os instrumentos que mais representam essa Era. Elas exercem fortes influências sobre os adolescentes, contribuindo para a construção de seus pensamentos e formas de se comporta perante a sociedade. A mídia torna o corpo um produto do mercado econômico, social e cultural, ou seja, ela o molda de acordo com seus interesses e suas determinações.

Os mais diversos tipos de redes sociais são o resultado de uma nova forma de organização social que surgiu na contemporaneidade, a sociedade em rede. A internet é um dos principais dispositivos que a cultura oferece atualmente para os adolescentes realizarem o processo de inserção social, pois ela apresenta ao jovem a possibilidade de socialização, da forma mais rápida, fácil e abrangente. As diversas comunidades virtuais existentes oferecem aos adolescentes expectativas de identificação, uma necessidade pontual desta etapa da vida, e de agrupamento social.

Neste contexto, surgem as mais variadas formas de expressar, incluindo os interesses sociais, de estilo de vida e a sexualidade, tais como exposição de fotos, vídeos e conceitos sobre seus corpos e sexo. 

Atualmente as redes sociais têm sido alvos de muita crítica e preocupação dos adultos responsáveis por adolescentes, pois são infinitas as possibilidades de interação, que variam, desde  diversão, curiosidade, informações e perpassam por violências (cyberbullying), jogatinas, entre outros comportamentos e conceitos impressos por essa nova forma de se relacionar, sobretudo, as exposições sexuais.

 Entretanto, não se deve negar que as mídias, através das redes sociais,  também exerce um papel importante na formação dos adolescentes, pois pode contribuir abordando temas da atualidade e contrapondo–os as noticias veiculada com a realidade social, ampliando os conhecimentos dos mesmos. A rede pode funcionar como via de autoconhecimento, de trocas de conhecimentos e experiências, fonte de pesquisas e acessibilidade às outras culturas.

O termo “redes sociais” representam um grupo de pessoas autônomas, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses em comuns, compartilhados através de ambientes criados na internet; o que de pode contribuir para a construção de concepções distorcidas sobre segurança e sigilo, corroborando para que o adolescente use cada vez mais esses ambientes para expor suas dúvidas e fragilidades, tornando alvos de exposições das suas sexualidades.  

É importante compreender ainda que a adolescência, é considerada uma das fases em que os seres humanos buscam se diferenciar do mundo dos adultos, tentam criar uma identidade própria, com seus próprios conceitos, opiniões e estilos.  Tudo o que os adolescentes querem é reinventar o mundo e traçar seu próprio caminho, em que a partir do seu desenvolvimento psicossocial os adolescentes tentam trilhar novas passagens e redescobrir o mundo para se diferenciar do mundo dos adultos.

Os ambientes produtivos devem estar atribuídos de significados, sejam eles de consumo ou de vivências, nos quais os adolescentes lhes atribuam algum valor, como a família, a escola e as redes sociais (ambiente virtual). Já os lugares, são espaços vazios, onde não há um significado atribuído aos mesmos, ou seja, o grupo ideal seria aquele que oferece tudo que se precisa para levar uma vida significativa e compensatória. É importante para o individuo participar do meio e interagir com ele, o conhecendo e refletindo a sua dinâmica, sobretudo, produzindo junto e ativamente neste contexto.

Portanto, abordar a sexualidade e redes sócias, com os adolescentes, enquanto orientação educativa no âmbito familiar é indispensável, mas também é de suma importância que a escolar também inclua essa discussão em sua programação educacional, sobretudo, é uma necessidade que reque a desconstrução dos conceitos atuais vinculados entre sexualidade, redes sociais, família e escola. O papel da escola é contribuir para a formação humana de seus estudantes, considerando  que o ser humano não é um ser fragmentado, mais em sua totalidade.

Para a educação ser transformadora, ela precisa ser emancipadora, as famílias e as escolas precisam ser espaços significativos e não lugares, ou seja, levar o indivíduo a transformar o conhecimento que possui, por meio de questionamentos e da reflexão, além de dialogar com os conflitos existenciais, seja de natureza coletiva ou individual, para se tornar autônomo na construção do seu próprio conhecimento e ativo diante de sua cultura.

A sexualidade é um conhecimento produzido na cultura, que sofre instabilidade, multiplicidade e se expressa singularmente em cada indivíduo conforme os novos códigos culturais, assim sendo, é importante compreender que é preciso falar com os adolescentes sobre suas formas de expressá-la, pois a educação escolarizada e a orientação familiar possibilita ao adolescente, discussão reflexiva sobre os diversos valores relacionados à sexualidade e redes sociais,  contribuindo para que possam ressignificar os valores recebidos e vividos nesses espaços.

Referências Bibliográficas

MEYER, Dagmar Estermann; SOARES, Rosangela de Fátima Rodrigues, orgs. Corpo, gênero e sexualidade. Mediação. Porto Alegre, 2004.

OZELLA, Sergio (organizador). Adolescências construídas: a visão da psicologia sócio-histórica. Cortez. São Paulo, 2003.

RIBEIRO, Fernanda Teixeira. Amor e sexo em tempos de Internet. Revista Mente e Cérebro. Ed. 231. São Paulo: Editora Duetto, 2012, p. 24.

Ana Márcia Carmo Duarte Almeida