Papel do Coordenador Pedagógico: Necessidade e praticidade

[1]Francisco Eudes Gomes

Partindo do princípio de que o ensino de qualidade necessita de profissionais qualificados, devemos tomar por base os entendimentos anunciados na legislação brasileira, que trata da educação. Para tanto, os profissionais da educação terão que continuar estudando com a finalidade de planejar, saber fazer e avaliar tendo em vista construir resultados que espera obter, que é, o desenvolvimento do educando. Na sequência, vamos trabalhar com três atividades fins: planejar, saber fazer  e avaliar.

Ato de planejar

            O ato de planejar é um ato de decisão que passa por três indicadores: político, científico e técnico. O aspecto político estabelece uma finalidade a ser construída. A decisão política define a finalidade mais abrangente da ação do coordenador pedagógico (CP). Toda e qualquer ação pedagógica depende de uma decisão política. Essa decisão dá a direção para onde vai conduzir a ação. O planejamento inclui ainda uma decisão cientifica, pois necessitamos de conhecimentos científicos significativos para dá conta do objetivo político determinado e vigente na instituição escolar. Os encaminhamentos da ação do CP terá que ser a luz da ciência que desvenda conexões objetivas da realidade e de conhecimentos científicos. O planejamento inclui uma decisão técnica que se refere à construção dos modos funcionais que vão mediar a decisão política e a compressão científica do processo da ação do CP.

            Logo, o planejamento não é um ato de preencher formulário, como vem ocorrendo na prática institucional, mas sim um ato de decisão política. Registrar tais decisões faz parte é uma necessidade de fixação e consistência nos dados discutidos entre os atores da escola.

            Desse modo, o planejamento deve ser uma atividade do qual os registros efetue múltiplos modos (não necessariamente em um formulário), tais como uma descrição numa tela de maneira instrutiva. Aqui, o que importa não é o modo de registro, mas sim a decisão, pois, indica o caminho a seguir.  No planejamento do ensino o CP terá que ter clareza da necessidade de decisão sobre os três aspectos especificados, indo da concepção política às suas mediações científicas e técnicas.

            No planejamento da atividade docente, o CP necessita dirigir em conjunto com equipe docente o entendimento do Projeto Pedagógico e de um Projeto Curricular. De forma crítica, o Projeto Pedagógico define os objetivos políticos da ação assim como as linhas guias a serem executadas; o planejamento curricular dimensiona os conteúdos a serem transmitidos e assimilados pelos educandos de maneira que possibilitam atingir os objetivos pedagógicos que se tenha estabelecido. O currículo define os resultados que se espera alcançar em cada área e conhecimento. Vale ressaltar que o planejamento de ensino é o da ação imediata do educador em sala de aula ou cada atividade docente que está em curso.

            O papel do CP constitui no domínio dos três níveis de atuação que se deu com atribuição – dos níveis pedagógicos, curricular e do ensino – deverá ser uma ação coletiva da escola e dos grupos de professores, organizados no geral e pelos componentes específicos de trabalho. Uma determinada instituição escolar terá de organiza-se com um corpo docente dirigente coerente de conduta clara no nível educacional para que os educandos possam ter um caminho relativamente claro e coerente para guiar-se nos seus processos de aprendizagem e educação.

A perspectiva do currículo da escola e de melhora dependerá do planejamento de ensino e do grupo de professores reunidos por áreas ou disciplinas. Os três níveis mencionados dependem das perspectivas políticas, científicas e técnicas, que se assuma ao proceder à educação e o ensino vigente da instituição escolar.

            Consideramos o ato de planejar um ato decisório da maior relevância dentro do projeto coletivo institucional. Para efetuar formação  de um corpo  docente qualificado, o CP terá que está a altura para tal tarefa. O perfil do CP passa por formação diversificada ao qual possibilita o professor ver suas disciplinas com conduta consistente para atuar de maneira crítica e com devida competência. Pois, a escola para funcionar coerentemente, necessita saber fazer e fazer da ação coletiva presente uma porta que se abre com outras instâncias pedagógicas e administrativas.

SABER FAZER

Planejado um determinado escopo de ensino, se deseja obter os resultados esperados, o que se espera é que o protagonista saiba fazer na prática funcional. E saber fazer o planejamento é por em andamento às decisões de forma coerente e consistente. Fazer, no caso da prática do CP, é traduzir em prática cotidiana os princípios acordado em equipe, por meio da transmissão e assimilação ativa dos conteúdos discutidos nos níveis mencionados no planejamento, chegando aos resultados esperados.

O fazer do planejado não é uma ação mecânica. É dinâmica e pode sofrer alterações e adaptações na medida em que a conjuntura educacional venha a exigi-la.  Por exemplo, se um conjunto de alunos não possui as habilidades necessárias de assimilação de um novo conteúdo proposto pelo professor de história, há que se retomar a decisão de criar outras condições. Se se quer efetivamente que os alunos aprendam, pois sem os pré-requisitos básicos eles não terão como aprender. Vale lembrar aqui que o papel do CP significa orientar o professor na retomada do conteúdo trabalhado anteriormente, deve retomar parcelas do conteúdo e habilidades  necessárias para a assimilação do conteúdo novo que se está estudando. O conteúdo proposto terá  que ser executado com sucesso.

No sexto ano, por exemplo, recuperar um conteúdo de Língua Portuguesa não será recuperar tudo o que se estudou dessa disciplina; mas retomar aquele conteúdo específico que está impedindo o andamento da aprendizagem do educando. Sabe-se da existência de habilidades complexas que merecerão um trabalho conjunto de todos os docentes. Por exemplo, a capacidade de ler e interpretar, de analisar e sintetizar. Se no andamento da aprendizagem do aluno há essa carência, será necessário, coletivamente, trabalhar com todos os professores para superar essa defasagem por meio das diversas disciplinas vigentes na vida do educando. “É melhor acender um fósforo que lamentar a escuridão”, diz o ditado popular. Reclamar da não existência dos conteúdos não estabelecidos nos educandos, não faz com que eles acendam, é necessário construí-los.

O saber fazer deve ser uma forma de construção dos resultados específicos, por meio da retomada das atividades a partir de decisões tomadas em decorrência de avaliações. O avaliar deve propiciar o acompanhamento e reorientação do processo de construção dos resultados esperados.

No caso do ensino e aprendizagem, o saber fazer do planejamento do ensino docente deverá ser de forma ao qual possa construir resultados como o desenvolvimento dos educandos. Caso queira obter resultados em relação ao objetivo, terá que construir o resultado esperado, investir na obtenção de habilidades e construir novos patamares avaliativos.

ATO DE AVALIAR

A finalidade que preside o agir não será necessariamente consciente; poderá ser explícita ou implícita, consciente ou inconsciente. Uma ação avaliativa por desejos inconscientes pode chegar a resultados satisfatórios, mas por caminhos que ainda não são claros. O que importa, é ter consciência de que não se age por puro acaso. Portanto, do ponto de vista consciente, o ser humano necessita estabelecer perspectivas.

A seguir vamos identificar a fenomenologia da aferição da avaliação. O termo avaliar tem sua origem no latim, provindo da composição a-valere, que quer dizer “dar valor” ... logo, o conceito “avaliação” é formulado a partir dos condutores de atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ou ainda curso da ação, que por si, é ampliar um posicionamento positivo ou negativo em relação ao objeto avaliado. Isso quer dizer que o ato de avaliar não se encerra na configuração do valor ou qualidade atribuído ao objeto proposto, exigindo uma tomada de posição favorável ou desfavorável ao objeto de avaliação, com uma consequente decisão de ação. O papel do CP necessariamente será de orientar o corpo docente de que o ato de avaliar implica em coletar dados, analisar e sintetizá-los, o objeto da avaliação deve ser acrescido de uma atribuição de valor ou qualidade, que se processa na sala de aula a partir do fazer dos conteúdos.

Nas entrelinhas do processo avaliativo, o CP deve ter certo cuidado, pois a avaliação tem sido executada como se existisse independente do projeto pedagógico e do plano de ensino estabelecidos pela equipe docente. O resultado de uma gestão escolar passa por uma boa infraestrutura e pela existência de espaços pedagógicos atrativos. A escola que busca sucesso e desempenho na aprendizagem, terá que ter biblioteca de boa qualidade, investir na qualificação dos seus professores, assim como na busca de resultados satisfatórios de aprendizagem para seus estudantes, com diretores e coordenadores pedagógicos debruçados, a cada semestre escolar, sobre os resultados dos desempenhos dos alunos.

Para compreensão do papel do gestor escolar e do coordenador pedagógico, cabe ressaltar que a “gestão escolar” faz a diferença nos resultados positivos e/ou negativos. O que se diz é que as instituições que apresentam melhor sucesso em seus resultados, notadamente tem uma direção competente na escola, ou seja, tem um diretor líder eficiente com mais de cinco anos no cargo com formação sólida, sendo assim, a equipe gestora da instituição deverá ser capaz de organizar novos conhecimentos a partir da conjuntura vigente, além de construtor na área do saber, nas ideias e habilidades acerca do componente curricular, apresentar aos docentes conceitos e métodos para que possam atingir seus objetivos educacionais. O CP deve ter conhecimentos sólidos em sua área de atuação, boa comunicação e didática a ser transmitidos aos professores que trabalham com educação e que seja apaixonado por educação.

Referências:

DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. São Paulo: Cortez, 1987.

GOMES, Francisco Gomes. A Proposta curricular de geografia de Estado de São Paulo e seus impactos no trabalho docente. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2016.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2011.

Autor: Francisco Eudes Gomes, Mestre em geografia (ênfase nas dimensões currículo e avaliação), pela PUC/SP, 2016.

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São Paulo

2018

[1] Francisco Eudes Gomes é Mestre em Geografia, título obtido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), 2016. Mestre com ênfase nas dimensões currículo e avaliação. Contato por email: [email protected]