Pandemia e Inclusão.

 

Frente à pandemia mundial da Covid-19, o acesso à educação se tornou algo limitado devido a suspensão das aulas presenciais. Consequente ao isolamento social, deu-se o fechamento das escolas, por isso, os profissionais da educação se viram desafiados a encontrar novos caminhos para o ensino-aprendizagem de crianças, jovens e adultos. Ciente de que a educação é fundamental para o desenvolvimento do ser humano enquanto indivíduo, julgou-se necessário a compreensão e implementação de medidas de contenção ao vírus na área da educação. Dessa forma, para efetivar essas medidas é necessário que haja investimento adequado nas redes escolares, uma vez que já é um problema considerarmos a creche como ponto essencial na educação, visto que tal instituição não possui infraestrutura adequada nem investimentos.

  As questões são muitas, profundas e delicadas, principalmente quando se trata de garantir o acesso. No que se refere a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Infantil não se resume apenas a concepção que vincula educar e cuidar. A ele está associado um trabalho pedagógico de extrema relevância para a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio no Brasil. No entanto, sem o acesso e o apoio da instituição escolar para atender as demais, as famílias ficam sobrecarregadas em casa, além de atrasar o processo de pleno desenvolvimento dessas.

   Vivemos um período de muitas urgências. Na educação, foi inevitável a inserção do ensino remoto e o uso de novas tecnologias diante ao contágio global. Desse modo, é premente a necessidade de as instituições de ensino, cada vez mais, lançarem mão de recursos tecnológicos. As tecnologias, por sua vez, favorecem a comunicação e a interação entre os indivíduos, dando ênfase aos professores e estudantes, possibilitam a flexibilidade e a personalização do ensino e promove o aprendizado de cada aluno de acordo com seu próprio ritmo.

Sendo assim, o ensino remoto e o uso da tecnologia como ferramenta trouxeram um novo olhar também para a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, pela possibilidade de os alunos participarem do processo de ensino-aprendizagem em tempo real fora do ambiente escolar. Entretanto, com a realização das aulas de tal modo, desigualdades foram acentuadas e muitos estudantes que já não tinham pleno acesso à educação ficaram desamparados.

   A história da conquista de direitos das pessoas com deficiência ainda é recente, por isso, essa está longe de ser finalmente consolidada. Muitos pais, ainda que super-protetores, acreditam que deixando os filhos em casa, estariam protegendo estes do mundo, mais do que qualquer instituição adequada para recebe-los. Porém, a convivência social, a individualidade e a oportunidade de aprender é direito essencial das pessoas, sem qualquer distinção. Em suma, não há como pensar no desenvolvimento integral de um indivíduo sem que haja interação com outrem.

   Em primeira análise, devemos destacar a importância dos profissionais da educação para a garantia da autonomia e desempenho de alunos portadores de necessidades especiais, ou não. O sistema, mesmo que tenha um projeto de educação inclusiva, sempre deve considerar e respeitar a especificidade de cada aluno. Não existe um parâmetro a ser usado com todas as crianças. Cada caso deve ser observado com um olhar único, não como um todo.  Portanto, esses profissionais educadores que estão presente no dia a dia da criança, favorecem para com o desenvolvimento daquele aluno. São profissionais preparados para todo tipo de desafio do processo de ensino-aprendizagem que virá a aparecer.

Em decorrer da pandemia, houve retrocesso das crianças que já apresentavam evolução e grandes progressos no que diz respeito à independência e autoestima, isso em virtude da ausência desses profissionais assim citados anteriormente. Eles atuavam em favor do desempenho do aluno de maneira especializada, estabelecendo uma rotina adequada a qual incluía afeto e regras básicas de socialização, mas infelizmente, a suspensão das aulas presenciais impossibilitou que estes dessem continuidade ao processo de aprendizagem dos menores. Sendo assim, longe das escolas, as famílias das crianças não encontram as condições para o aprimoramento dos seus entes.

   Em segunda instância, o ensino híbrido surgiu como uma das maiores tendências no século XXI a respeito da educação, sendo uma nova estratégia de ensino que pode amenizar as dificuldades desse retorno. Trata-se de uma mesclagem de práticas on-line e presenciais, por meio do uso de ferramentas digitais com foco na personalização das ações de ensino e de aprendizagem. A combinação de práticas presenciais e remotas com o apoio dos profissionais da educação e o envolvimento das famílias trará novas e muitas possibilidades de atuação, além do sentimento de pertencimento à instituição e em consonância, ao processo de aprendizagem no âmbito escolar, tanto para aos alunos quanto para seus familiares.

   Posto isto, após o retorno das atividades presenciais de maneira consolidada, as instituições deverão observar os pontos que ficaram discrepantes na aprendizagem de cada aluno, para então, proceder do retrocesso e impor de forma clara o conteúdo para todos em igual, sem que haja um desnivelamento de ensino. Além dos fatores supracitados, as escolas – creches, pré-escolas e escolas – poderiam estimular os alunos seja com trabalhos, aulas extra ou rodas de ensino, para incitar a educação inclusiva. Podendo, para isso, contar com o apoio dos próprios colegas de classe que estiverem dispostos a ajudar, promovendo ainda mais a inclusão e a socialização de todos os envolvidos no processo. Por fim, nas escolas de educação básica, a oferta de tecnologias para fins pedagógicos ocorre de diversas formas, e são promovidas por órgãos públicos. Essa licitação pode atender necessidades de infraestrutura e disseminação de conteúdo, por conseguinte, haja vista a disponibilização de recursos suficientes pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

   Se hoje temos a oportunidade de transformar a educação usando recursos tecnológicos, esforços podem ser direcionados à promoção das oportunidades de aprendizagem por meio da inclusão de todos nas creches, pré-escolas, escolas e universidades. A tecnologia pode ser a chave fundamental para promover mudanças no que se refere a cultura educacional − principalmente universalizar o acesso à educação e transformar barreiras atitudinais à medida em que encoraja a diversidade em sala de aula.  Que o ensino, de modo geral, possa evoluir cada dia mais além da pandemia, tanto nos aspectos tecnológicos, quanto no aspecto social e inclusivo, promovendo, portanto, a equidade no direito à educação.

 

 

1-JANE GOMES DE CASTRO: Graduada em Ciência Biológicas; Especialista em Eco Turismo e Educação Ambiental; Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

 

2-ADRIANA PERES DE BARROS: Graduada em pedagogia: Especialista em Educação Infantil e Psicopedagogia; Professora na Rede Pública de Ensino na cidade de Rondonópolis.

 

3- GEAN KARLA DIAS PIMENTEL: Graduada em Secretariado Executivo Trilíngue e Pedagogia: Pós Graduação em Psicopedagogia. Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.