Terra do calcário e da Capela dos Paim

Cravada na fertilidade de suas matas

Sustentada por um povo generoso e

Pelas estalactites e estalagmites.

 

Da Senhora do Carmo uma história

História contadas por nossos pais

História que contamos aos filhos

História guardadas no coração.

 

Lembranças das moças e moços na praça

Das músicas tocadas no coreto florido

Dos olhares trocados, dos flertes

Eles iam e elas vinham...!

 

Dos meninos faceiros corriam na praça

Aos poucos a praça estava tomada

A noite era curta para os intentos

Dama da noite, perfume no ar.

 

Na esquina uma casa de alpendres

Nela, uma floresta em miniatura

A Pharmácia do Seu Chiquinho

Abaixo, o bijú bem quentinho!

 

O domingo, a Igreja era o lugar do encontro

Mães com rosários, pais com escapulários

Depois, frango caipira na panela e

Matines do Tarzan, balas Chita.

 

Dona Maria Eulália e seus discursos

Com seu olhar para o alto dizia:

“Para mim, para Pains!”

Ela amava Pains.

 

Na segunda, os meninos de uniformes

Pareciam pássaros azuis em revoada

Filas antes entrar pra sala de aula

Alunos de pés, a diretora chegou!

 

Era comum as carrocinhas com carneiros

O soro da figuinha tinha destino certo

Das espigas de milhos o fino fubá

Do fubá, broa e mingau quente.

 

As avós guardavam suas palhas de pito

E delas fazíamos nossos pitinhos

Como esquecer das procissões

Do pássaro Ferreiro do Lopes.

 

Como esquecer do bar do Véio

Do hotel do senhor Samuel

Da primeira professora

Da paixão de criança

 

Saudades dos picolés de amendoim

Da peça de teatro onde fui ator

Eu era o João Magriça o

Fantasma da fome.

 

O Zé da Farmácia com suas injeções

Do rio que fica final da ladeira

Dos mergulhos em suas águas

Peguei esquistossomose!

 

Saudades da loja do senhor Zé Maria

Da bicicleta Braziliana 1964

Das ruas encascalhadas

Do barro da chuva.

 

O tempo não apagou as lembranças

Das artes de criança e dos amigos

Como esquecer da infância

Como esquecer de Pains?


Por: Lourival Jose Costa 10/05/2017 às 11:10hs