RESUMO

A vivência dos alunos do ensino médio é marcada por uma série de conflitos. Na atual sociedade e conjuntura exige uma postura do docente bastante rígida no tocante ao conhecimento sistemático aos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) da educação. Isso é uma questão de gestão e de necessidade pedagógica de entrelaçar o fazer docente de forma interdisciplinar, a fim de respeitar as diferenças e a diversidade cultural e étnica, mas para agir com ética, acima de tudo. O ser humano necessita compreender que não se pode discriminar e que o etnocentrismo é um mal a ser banido da esfera social e entre as culturas é preciso haver respeito, harmonia e interatividade. Na atual conjuntura social plural em que se vive é necessário reavaliar posturas pedagógicas e refazer o currículo, no intuito de humaniza-lo. A educação precisa colocar a pessoa humana no centro do processo da aprendizagem, portanto, no atual pluralismo multicultural o respeito pelas diferenças é o diferencial e os temas transversais, tais como educação sexual, ética, política, meio ambiente, educação para a saúde, o consumo e a igualdade de oportunidades, dentre outros não pode reduzir a um adendo. No ensino básico estes temas precisam ser mais explorados e ser conteúdos constantes, sistemáticos, educativo, de forma a formar cidadãos críticos e autônomos.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema Os temas transversais no ensino médio. O objetivo primordial é propor uma nova mudança nos eixos do currículo tradicional. Para tratar de uma importância e das várias perspectivas a serem aprofundadas no ensino básico que, por vezes passam despercebidas.Os temas como educação sexual, ética, educação para a saúde, o consumo e a igualdade de oportunidades, política, cidadania, meio ambiente, não são aprofundados de forma que merecem, de forma interdisciplinar. Deve-se dar mais atenção a estes temas. A adolescência é um período complexo na vida. Por isso é preciso o educador se perguntar: O que é tema transversal no sentido geral? Quais os pressupostos pedagógicos que norteiam o currículo oficial e o oculto na atual conjuntura social brasileira? Qual a importância dos temas transversais para os jovens? Será que existe realmente em nosso ensino médio uma relevância dos temas transversais aprofundados, como uma base educativa e sólida para a juventude, ou é apenas um “verniz” como um faz de conta para preencher o calendário escolar? Diante detais provocações e problematizações, percebe-se que há lacunas em nosso currículo tradicional. É necessário refazê-lo ou readaptá-lo aos diferentes ambientes escolares. Há consequências positivas e negativas no resultado da educação e da aprendizagem de nossa juventude. Há jovens que saem despreparados do ensino básico para a faculdade e para o mercado de trabalho, isso porque não recebeu uma sistematização desses temas no ensino médio.

As disciplinas tradicionais não oferecem uma base interdisciplinar completa para a vida psicológica e vivencial na sociedade. O ser humano necessita conviver com as novas culturas, com as novas tecnologias, com os novos conflitos. Se não encontrar na escola uma base firme que possa sustentar sua vida, vai entrar em colapso o seu sistema profissional.

Dessa forma, num mundo globalizado em que se vive há necessidade de uma mudança nos eixos do currículo e na maneira de organizar o currículo a fim de melhor reorganizar a educação no ensino médio e trabalhar os temas transversais no mundo pluricultural de forma harmoniosa.

DESENVOLVIMENTO

A educação é um processo exigente. Por isso ela necessita acontecer de forma transversal, ou seja, cruzando vários assuntos, tais como saúde, política, afetividade, emocional, fé, racionalidade, afinal o ser humano é pluridimensional. No conjunto de suas dimensões o homem é uma complexidade de formas e expressões que se não for tratado com amor e o fator humanizador não se educa.

Segundo Marrach (1996, p.54-55) a escola não prepara o aluno para lidar com as dimensões éticas, políticas e sociais:

Para a educação, o discurso neoliberal parece propor um tecnicismo reformado. Os problemas sociais, econômicos, políticos e culturais da educação se convertem em problemas administrativos, técnicos, de reengenharia. A escola ideal deve ter uma gestão eficiente para competir no mercado. O aluno se transforma em consumidor do ensino, e o professor, em funcionário treinado e competente para preparar seus alunos para o mercado de trabalho e para fazer pesquisas práticas e utilitárias a curto prazo.

É uma verdade o pensamento acima. Merece aplausos. O tecnicismo está transformando pessoas em máquinas. O ser humano precisa ser preparado para ser gente, para ser humanizado, no mercado de trabalho, para ser bom gerente, bom professor, boa dona de casa, bons vendedores, bons secretários e atendentes.

Na perspectiva ampla de Figueiró (1996, p. 149), os temas de educação sexual e pluralidade cultural são fundamentais:

(...) pode-se dizer que a viabilização dos “temas transversais” é um processo difícil, longo, porém viável, que requer uma construção em coletividade. Os resultados de sua aplicação podem ser bastante promissores, por se tratarem de temas que, ao serem desenvolvidos junto aos alunos os alunos, podem levar os professores a “se trabalharem”, ou seja, a se aprimorarem como cidadãos. Em especial os temas de pluralidade cultural e orientação sexual são muito úteis para ajudar professores e alunos a entenderem o processo de construção histórico-social dos valores da sociedade, sejam eles culturais, morais e religiosos, entre outros, para poderem participar do processo de transformação social.

 A cada dia os jovens necessitam quebrar paradigmas e tabus, conceitos que já não satisfazem, uma cultura obsoleta que tradicionalmente foi arraigada em suas mentes no passado e que isso é preciso desconstruir isso hoje. Os conceitos e significadoscarregados de preconceitos precisam ser retirados do vocabulário do uso e do preconceito linguístico do mundo plural e globalizado atual. A ideologia intrínseca da atual conjuntura não tolera mais preconceito contra os homossexuais, preconceito de gênero, homofobia. Todo esse vocabulário não existia na década de 80, nem 90. Isso é novo. A violência e o extermínio da juventude na atual sociedade são algo assustador. Este pensamento é que o homem precisa sempre aprender a conviver com os novos modelos de família, com os paradigmas novos, com os protótipos hodiernos. Quem não se comportar assim é tachado de obsoleto. É preciso viver a diversidade. 

  Para Machado (1998, p. 93) o contexto atual o tema cidadania precisa ser tratado como as demais disciplinas:

(...) as Áreas convencionais, classicamente ministradas pela escola, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, não são suficientes para alcançar este fim. Dizer que não são suficientes não significa absolutamente afirmar que não são necessárias. É preciso ressaltar a importância do acesso ao conhecimento socialmente acumulado pela humanidade. Porém, há outros temas diretamente relacionados com o exercício da cidadania, há questões urgentes que devem necessariamente ser tratadas, como a violência, a saúde, o uso de recursos naturais, os preconceitos, que não têm sido diretamente contemplados por essas áreas. Esses temas devem ser tratados pela escola, ocupando o mesmo lugar de importância.

Há uma diversidade de temas citados como saúde, meio ambiente, drogas, violência, o sentido da vida, os preconceitos, dentre outros que trazem sentidos e significados para a vida educativa dos estudantes. Entretanto isto não é uma rotina. É necessária uma análise mais acurada do currículo no ensino médio, à luz das ciências sociais e da antropologia, a fim de refazer o currículo e enriquecê-lo. É preciso tratar dos temas com maturidade e não apenas minimizar com pequenos adendos. A irresponsabilidade e omissão da educação está sendo enorme nesse sentido. A educação é apenas tecnicista e bancária.

A partir da exposição acima pode-se pensar numa perspectiva político-ideológica dos temas transversais. Segundo Lopes e Macedo (2006, p. 272) é necessário flexibilizar o currículo no ensino médio, em vista dos eixos e temas transversais:segundo as autoras citadas “(...) é preciso pensar e construir políticas educacionais que tenham suas bases na escola e na aprendizagem dos alunos”.

Pensando assim urge uma, necessária flexibilização, mudança urgente, a fim de um sistema homogêneo, para que a prática docente seja mais significativa, pois o currículo do Estado é elitista e autoritário, além de ser colonizado. É necessário um processo de descolonização, isto é, sair do sistema antigo. Por isso é fundamental analisar os aspectos ideológicos escondidos no currículo e readaptá-los a cada contexto e a cada escola.

Segundo Covas (2016, p. 12) os PCN/MEC exigem ética:

A Ética constitui um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC) e reflete a preocupação com a constituição de valores de cada aluno, ajudando-o a se posicionar nas relações sociais dentro da escola e da comunidade como um todo. São quatro blocos temáticos principais: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade. 

Os Direitos Humanos enfocam a ética como tema primordial e indispensável na educação, a fim de educar para a vida, evidenciando cidadãos autônomos, acostumados a viver em sociedade em constante diálogo, respeito pelo diferente, além de construir consciência coletiva solidária e política de forma humanitária, em que os valores sejam reciprocamente vivenciados. 

Ainda na perspectiva de Covas (2016, p. 19) o tema meio ambiente é essencial:

Para o educador, o Meio Ambiente não se restringe ao ambiente físico e biológico, mas inclui também as relações sociais, econômicas e culturais. O objetivo é propor reflexões que levem o aluno ao enriquecimento cultural, à qualidade de vida e à preocupação com o equilíbrio ambiental.

Para nosso interlocutor urge que a sustentabilidade seja uma tarefa constante e de todas as pessoas. Não se pode reclamar dos governos, mas pensar em mudanças de hábitos de todos. Urgente, se faz implantar sistemas de convivência com os lixos, tanto físicos, quanto gasosos. A reciclagem é outro fator necessário a ser repensado. Aprática de todas as pessoas começa na escola, pois debatendo com os professores adquire uma consciência maior e significativa, pois o cidadão necessita ser autônomo e crítico na sociedade, além disso, participativo.

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