Com a expansão da mão-de-obra assalariada, desde o século XI, que proporcionou a expansão dos meios de pagamentos, mesmo tendo em conta que com as constantes fomes/epidemias os recursos de cunhagem de moedas eram e se tornaram ainda mais escassos, quanto à alta dos produtos agrícolas que acabavam levando a uma diminuição dos produtos manufaturados, e de bens e serviços, pressionando também a uma queda na taxa de juro, já a mão-de-obra levava a uma alta constante nos salários.

Acaba ocorrendo que, de uma economia de paz passa-se para uma economia de guerra, que envolve três regiões de estupenda importância econômica - França, Flandres e Inglaterra -, levou a uma exacerbação fiscal por parte dos Estados, se tornando danosa. As desposas públicas que acabam atingindo três ou quatro vezes mais as receitas normais, a alternativa foi à elevação da carga tributária, tanto em impostos diretos (subsídios, captações), como em indiretos (monopólio do sal, circulação de mercadorias, taxas alfandegárias), acabando por diminuir o poder aquisitivo da população, também os Estados recorreram a empréstimos a juros com banqueiros italianos, que acabou produzindo o fim de alguns destes.

Como o soberano acaba sendo incapaz de contar com fontes regulares de crédito, estes acabam sofrendo violentas contestações de seus súditos pelos impostos altíssimos, fazendo com que ocorresse em alguns casos revoltas camponesas, exemplo a jacquerie, de 1358, que era contra a coleta de um subsídio extra para o pagamento do resgate do rei João e outros senhores franceses. Com muita freqüência ocorre à manipulação monetária, que são fundidas algumas com teores mais baixos de metais e outras com teores maiores, estas passam a ser entesouradas, e acabam saindo de circulação, e as outras são utilizadas para pagamentos. O que acabou acontecendo foi que em um período com falta de oferta e demanda, de elevação dos custos de mão-de-obra, e esta manipulação monetária acabou pressionando os preços dos produtos tanto agrícolas como manufaturados para baixo, acentuando uma época de extrema depressão.

A conseqüência dessa crise de crescimento foi à diluição do sistema econômico funcional tal qual se funde, como o cenário era de uma estrutura danificada que acarretou uma parcela redução nos níveis da oferta e da demanda. Os agricultores agiram na diminuição da produção, principalmente em áreas menos produtivas, isso faz com que ocorra um aumento na produtividade e pressionou em uma baixa generalizada dos preços dos produtos agrícolas, isso não teria resultado em uma situação de inércia comercial, mas levou a um encorajamento por parte das atividades comerciais.

Com a perda progressiva na exclusividade da prestação das funções funcionais, por parte dos senhores e da Igreja, ocorre um fácil acesso do centralismo que fora empreendido pelas monarquias nacionais. O que acaba acontecendo é que a Igreja acaba exercendo apenas o monopólio cultural, já o Estado acaba interferindo em outras particularidades, suas intervenções nos níveis de preços e salários, denominados Estatutos dos Trabalhadores. O francês de 1349, e o inglês de 1351 estabelecem um teto para os preços e os salários, reajustando-os 30% a mais dos praticados em 1347. Faz com que seja obrigado o trabalho para a população com menos de sessenta anos, mantendo medidas punitivas para os que desrespeitassem. Foram feitas essas mesmas medidas em outros Estados como medida para fugir da crise, para a nobreza era com um meio para solucionar problemas relacionados à economia rural, e procurar reativar a economia.

Mesmo sabendo que período de depressão com suas características acabou favorecendo a atividade comercial, porém só seria impulsionada se houvesse um aumento dos meios de pagamento, tanto para alargar o mercado consumidor, como para baratear os custos de produção. O que acaba acontecendo é que a falta de capitais leva a uma procura de metais preciosos, tanto em explorações como em reativar o comércio de luxo do Oriente, isso visava provocar fazer com que senhores e Igreja se desfizessem de todo ouro retido por ambos. O que acaba acontecendo é uma aliança de ocasião, de um lado a burguesia que se associa as empresas comerciais controladoras dos meios de produção, e de outro o Estado, tanto nacional como regionais estes premidos de insuficiência de recursos, só podem consentir sua centralização se forem capazes de manter um poder civil e militar, para taxar suas populações. A burguesia consegue superar a falta de capitais, com a formação de sociedades comerciais privadas, grandes companhias de comércio, que se estendem pelo interior da Europa - sul da Alemanha e Lombardia -, e pelas suas costas - Inglaterra e Holanda.

Essas companhias possuíam características tipicamente capitalistas: os lucros são repartidos na razão direta do capital investido, isso com uma moderna sociedade anônima, estas se desenvolvem rapidamente montando uma rede de filiais em toda a Europa. Se por um lado essas companhias comerciais deram vida ao comércio europeu, por outro provocou um deslocamento do eixo econômico continental, para regiões determinadas: Alemanha do sul, Inglaterra, Holanda e Lombardia, preparando para a grande mudança dos séculos seguintes, o comércio Atlântico.