OS PERIGOS DE UMA NARRATIVA HISTÓRICA ÚNICA

Hudson Silva Lourenço

Graduando em História pela UFRRJ

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

O objetivo desta atividade é estabelecer um diálogo

entre o discurso da Escritora Nigeriana Chimamanda

Adichie no evento Tecnology, Entertainment and

Design (TED), disponibilizado em vídeo através do site

YouTube, em que, trata-se do perigo da história única -

juntamente ao livro “O Roubo da História” 2006, Goody, Jack

acrescido do artigo “Razão ou Raciocínio? Clio ou Shiva?” 2004, Sanjay Seth.

Resumo

A atividade em curso tem por objetivo estabelecer um diálogo apontando aspectos igualitários ou divergentes entre o discurso da escritora nigeriana Chimamanda Adichie prosseguido com os textos citados acima.

Chimamanda nos diz a respeito do “perigo da história única” – termo formulado e dito por ela em seu discurso. Termo ao qual se faz referência à elaboração e construção de um estereótipo intitulado a pessoas e/ou lugares diferentes, onde, uma possível formulação sem muitos esforços foi criada para explicar e/ou criar uma perspectiva de construção cultural e consequentemente uma vasta distorção de diversos tipos de identidades, onde estas passam a valer como única e verdadeira informação sobre qualquer aspecto. Como podemos observar no discurso, Chimamanda fará com que percebamos diretamente o olhar Ocidental em relação à historiografia mundial, julgo ser este, o primeiro pressuposto de algo que é preciso levar em consideração na contemporaneidade que estão imersos em nossa sociedade. A partir do que é exposto por Chimamanda através de suas falas, se abre em nossas mentes um campo de indagações a respeito desse papel do Ocidente em homogeneizar as culturas e criar uma implantação única a respeito de todos.

Temos as historiografias construídas no Ocidente como únicas, como fontes manipuladoras e a rigor, com um incalculável nível influenciador. Em outra visão, sendo instaurada como primeira, única e verdadeira forma de se contar a história.

Introdução

A partir da visualização do vídeo, podemos observar uma forte presença da descriminação e desvalorização do povo africano e de todo o seu continente decorrente ao crítico e impiedoso olhar Ocidental. Chimamanda conta sua história desde sua infância, fala da forte experiência que obteve graças à leitura. Desde cedo, começa a ler livros infantis britânicos e americanos e a partir dai, escreve suas primeiras histórias se baseando nessas leituras do Ocidente. Sem saber, ela estava sendo influenciada.

Chimamanda também diz que assim que começou a escrever, escrevia exatamente igual aos tipos de histórias que estava acostumada a ler. Aponta características de seus personagens, onde eram brancos e de olhos azuis, brincavam na neve, comiam maçãs e falavam a todo o momento sobre o tempo, de como era maravilhoso o Sol ter aparecido. Decorrente a isto, ela diz o quão somos vulneráveis mediante a uma história imposta sobre nós.

Levando em consideração que ela não estaria apenas sendo influenciada na leitura e na criação dos personagens, havia também a questão de seu País estar totalmente longe dos acontecimentos naturais que ocorriam em outros países (Estados Unidos, por exemplo).

A escritora nigeriana, diz que em seu país não existia neve e sequer tiveram contato com ela, diz também que não comiam maçãs como contavam nas histórias britânicas e americanas, comiam mangas e jamais tocavam no assunto do tempo, porque não era do interesse deles fazerem tais reflexões, pelo fato do Sol ser visível na maioria das vezes.

Portanto, surge uma “ruptura” nessas influências geradas pelas histórias Ocidentais. Chimamanda tem contato pela primeira vez com a sua própria identidade histórica, a sua própria cultura. A partir desse contato com as histórias de seu próprio continente, Chimamanda têm os olhos abertos, onde ela cita em seu discurso que houve uma virada em sua percepção a respeito da literatura, passa a questionar, ler e escrever sobre suas culturas. Ela descobre então que existem escritores africanos e começa a ler suas historiografias africanas. Contudo, esse contato foi importantíssimo para Chimamanda, foi uma libertação de sua mente, ela foi retirada daquele calabouço de apenas uma verdade sobre tudo e pôde então perceber que não existia apenas uma única história, aquelas que vinham em seus livros lidos na infância, que não eram apenas brancos e estrangeiros que podiam estar presentes em livros, meninas como ela, da pele cor de chocolate também poderia estar incluída na literatura.  [...]