Os pecados capitais sob controle

Por Jean Carlos Neris de Paula | 04/04/2011 | Sociedade

Inteligência emocional

Os sete pecados capitais - gula, avareza, inveja, ira, soberba, luxúria e preguiça - se mostram de maneira diversificada nos dias atuais e têm trazido enormes prejuízos à sociedade, mas, se forem administrados com responsabilidade, podem apresentar efeitos positivos na vida das pessoas, diferenciando-se dos aspectos pecaminosos.
A gula, ato de comer além do necessário e a toda hora, está relacionada à ganância, a qual evidencia a desigualdade social e o consumismo desenfreado que escraviza os consumidores e prejudica o meio ambiente. Entretanto, quando se deseja crescer na vida, com ética e trabalho, sem prejudicar os outros, a boa ambição pode ser de grande utilidade contra o conformismo. O comportamento do guloso traz, tanto em sentido literal como em sentido figurado, vários tipos de obesidade e de riscos de doença. Contudo, convém ressaltar que se não deve exagerar na preocupação estética a ponto de se deixar de desfrutar com a família e os amigos os bons pratos da vida, pois existe o risco de anorexias diversas. A avareza, cobiça por acumulação de dinheiro, exclui as pessoas do desfrute de bons momentos. Porém poupar um pouco, sem gastar tudo que se ganha, torna-se imprescindível a quem deseja evoluir e garantir uma reserva para as emergências e para o futuro. A inveja, desejo de atributos, status, posses e habilidades de outra pessoa, gera assassinatos de todas as formas, cria rivalidades e competitividades e isola as pessoas em mágoas secretas que precisam de tratamento psicológico. Mas pode existir uma admiração positiva por outrem, quando se deseja respeitosamente ser como alguém de sucesso, e esse desejo impulsiona o indivíduo ao crescimento honesto. A ira, junção dos sentimentos de raiva, ódio e rancor incontroláveis, tem levado a crimes no trânsito, no lar, nas escolas, no trabalho, isto é, no seio da sociedade. No entanto todos devem entender que uma dose certa de revolta e de raiva contra o que está errado no mundo apresenta-se relevante para que se lute contra a injustiça enfrentando os problemas de maneira aguerrida. A soberba, caracterizada por falta de humildade e excesso de autossuficiência, está ligada à vaidade em exagero e se apresenta nos projetos de poder daqueles que se acham melhores que os outros apenas pela ilusão de riqueza e de cargos, bem como pela ostentação de bens materiais e preocupação excessiva com a aparência em detrimento da essência. Quem age assim não entende o caráter transitório da vida. Por outro lado, não se pode negar que a autoestima saudável evidencia-se capaz de fazer o indivíduo cuidar melhor de sua imagem, ter mais higiene e se apresentar de forma mais digna no meio social, conforme merece o ser humano. A luxúria, apego aos prazeres carnais, tem conduzido muitos ao sexo irresponsável, à gravidez indesejada, ao aborto e às doenças sexualmente transmissíveis. Todavia os indivíduos, guardadas as devidas exceções, não podem abrir mão da sexualidade, pois precisam do sexo e do amor, tão essenciais na formação de pessoas e famílias felizes. A preguiça, aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço físico, tem paralisado os que passam anos reclamando de governos e nada fazem em busca de crescimento pessoal, não entendendo que a dinâmica hodierna exige um cidadão diferente, em busca de estudo, qualificação, aperfeiçoamento. Mas o lazer e o descanso na medida certa fazem bem ao corpo e à mente, haja vista que a correria atual tem levado muitos ao estresse e à depressão. O ideal é não se alienar no trabalho nem no lazer.
Em vista disso, observa-se que há um limite estreito entre o pecaminoso e o saudável. Cabe, portanto, a cada um analisar seus desejos e comportamentos, evitando exageros e agindo com moderação, a fim de se viver com os sentimentos sob o controle da inteligência emocional (QE).

Jean Carlos Neris de Paula