General: Aquele velho famoso?

Senén: Isso mesmo.

General: O que ele queria?

Senén: Que deixasse ele e seu povo se hospedar por alguns dias no palácio.

General: E o senhor deixou?

Senén: Sim. Mas, é tudo parte do plano.

General: Que plano é esse?

Senén: Você não conta pra ninguém?

General: Não, senhor.

Senén: Eu também não. Haha! Estou brincando. O plano é “matar Abraão e todo o seu povo”.

General: Sim, senhor. Mas sabes que ele matou milha-res de soldados somente com 318...

Senén: ...homens mal treinados. Eu já sei.

General: E a obra mais recente foi ter derrotado Cad-mo, rei de Cades, e mais cinquenta soldados dele com apenas 20 homens.

Senén: Eu sei. E é por isso que não sou eu que o matarei, mas serás tu.

General: Hehe. O senhor é muito engraçado.

Senén: Hehe. Só que agora eu estou falando sério, ge-neral. Você não acha que eu arriscaria a minha vida, acha? Mas espere ele se acostumar, espere e mate-o somente quando eu mandar. Demorará um pouco.

General: Ufa!

Senén: O que disse?

General: Nada não.

   Maika se levanta da cama de seu pai com cuidado para não acordá-lo. Lágrima escorre devagar pelo seu rosto, ela está claramente triste e arrependida. Já fora da caverna, ela cai de joelhos e coloca o rosto no chão.

Maika: Perdoe-me, SENHOR. Perdoe-me (Caindo aos prantos), eu LHE imploro.

   Danna chega e vê a cena. Vai em direção à irmã.

Danna: Fez tudo certo?

   Maika levanta a cabeça. Seu rosto está sujo de areia misturado com suas lagrimas.

Maika: Não, Danna. Eu fiz tudo errado.

Danna: Não me diga que nosso pai descobriu?

Maika: Não foi isso.

Danna: Não se deitou com ele?

Maika: Não, Danna, não. Aos OLHOS de DEUS eu fiz tudo errado.

Danna: De novo? Pois saiba que valeu a pena. Eu estou grávida.

Maika: Nossos filhos serão frutos de maldição. Danna, a nossa geração pode ser maldita por isso.

Danna: Ah, vira essa boca pra lá.

Maika: É a verdade, Danna.

Danna: Vamos mudar de assunto? Tenho duas opções de nomes para o bebê. Se for menino será chamado Moabe, que significa “família de um pai”, se for menina se-rá chamada Meka, que significa “olhos”.

Maika: Meka? Rapaz, tomara que seja menino. Porque coitada da menina se receber esse nome.

Danna: Eu acho bonito.

Maika: Existe gosto para tudo, mesmo.

Danna: E o seu?

Maika: Não sei. Se eu tiver e for menino, será chama-do Ben-Ami, que significa “filho do meu povo”. No caso de ser menina, será chamada Bettina.

   Gerar está em guerra. Ouve-se retinir de metal contra metal. O rei observa contente, tudo do alto de um monte, pois seu reino está ganhando mais uma vez. Ele orgulha-se de si mesmo. Sangue se espalha pelo chão seco do deserto.

   As portas da sala do trono do rei Senén se abrem. Abraão, Sara, Hagar carregando Ismael no colo, solda-dos e o restante entram no palácio. O general vai para a lateral do tapete que cobre o caminho até o trono. Eles param diante do rei.

Senén: Este é o teu povo?

Abraão: Sim, senhor.

Senén: E esta senhora é o que tua? (Apontando para Sara)

Abraão: Minha irmã.

Senén: Ela é linda.

   O rei se levanta do trono, vai até Sara.

Senén: Qual é o teu nome?

Sara: Sara.

Senén: Para dar prosseguimento a minha descendência é preciso que eu tenha uma esposa, o que ainda não tenho.

Abraão: Se for para ter filhos que queres casar com ela, perde seu tempo.

Senén: Por quê?

Abraão: Porque ela é estéril.

Senén: Como sabe?

Abraão: Ela já foi casada.

Senén: Tem razão. Não iria adiantar. Soldados, por favor, levem-nos para o aposento. Abraão fica. General, vá pedir ao cozinheiro para preparar as melhores comidas e que ele seja rápido. Abraão, aceita uma refeição no jardim enquanto conversarmos?

Abraão: Pode ser.

   Na caverna, Ló conversa com suas filhas.

Ló: Um dia desses visitarei meu tio. Eu não quero morrer enquanto não vê-lo pela última vez.

Danna: Isso se ele não tiver morrido.

Ló: Duvido muito disso. Abrão é um homem muito forte, destemido, corajoso, perseverante e resistente. Não tem como ele morrer agora. Abraão confia muito em DEUS. ELE não deixará que nada de mal lhe aconteça, nem com ele nem com sua família.

   Ló sai, Danna e Maika continuam na caverna.

Maika: Danna, você não está pensando que vai esconder esse bebê por muito tempo, acha?

Danna: Por quê?

Maika: Danna, acorda! Se nosso pai descobrir, ele vai desconfiar de algo, não acha? Não há nenhum outro homem além dele.

Danna: Pela primeira vez você tem razão. O único jeito dele não descobrir ou é a gente fugir ou...

Maika: É melhor fugir.

Danna: Não. Porque onde viveremos depois de fugir? É melhor matar o nosso pai.

Maika: Danna, você tem noção do que está dizendo?

Danna: Claro que tenho.

Maika: Pois saiba que eu não vou ajudá-la nisso. Eu já errei uma vez, não vou errar de novo.

Danna: Você é quem sabe.

   O rei Abimeleque acaba de chegar da guerra, um mensageiro entra na sala do trono com ele. O rei se senta no trono, o mensageiro para.

Abimeleque: O que deseja?

Mensageiro: Majestade, é sobre aquele velho chamado Abraão.

Abimeleque: O que tem ele? Não é problema meu.

Mensageiro: Ele saiu do lugar onde estava morando e primeiro foi a Cades onde derrotou 50 homens de lá e o somente com 20 mal treinados.

Abimeleque: É realmente impressionante, mas não tenho nada a ver com eles.

Mensageiro: E agora ele está em Sur, cada vez mais próximo de Gerar.

   O rei se amedronta. Tenta manter-se calmo.

Abimeleque: Vamos manter a calma. Vamos manter a calma. (Espera alguns segundos) E agora o que vamos fazer?! (Grita desesperado) Pode ir.

   Ele desce as escadas, quando chega perto das portas elas se abrem. Ele vai em direção ao seu quarto, onde encontra sua esposa. Ela percebe que Abimeleque está preocupado com algo ou com alguém.

Galit: O que aconteceu?

Abimeleque: Abraão...está próximo ao nosso reino.

Galit: Qual o problema? Você já derrotou vários inimigos. Não seria um velho que...

Abimeleque: Um velho (interrompendo Galit) que derrotou milhares de soldados somente com 318 homens!

Galit: Mantenha a calma, Abimeleque!

Abimeleque: Tem razão. Quando ele chegar em Gerar se ele vier irei tratá-lo da melhor forma possível. Claro. Será muito melhor se ele não vier.

   Senén e Abraão estão no jardim do palácio. Senta-dos diante de uma mesa, um de frente pro outro.

Senén: Muito bem, Abraão. Conte-me mais sobre as fa-çanhas do seu DEUS.

Abraão: Com todo o prazer.

Senén: Diga-me como você se sustentou todo esse tempo. Desculpe-me, mas você já passou da idade de fazer essas viagens muito longas e cansativas.

Abraão: O SENHOR É QUEM me dar forças e vigor. ELE me tem sustentado todo esse tempo. Se fosse somente pelas minhas forças eu já teria morrido. Tudo acontece somente com a permissão do SENHOR TODO-PODEROSO. Está certo que ELE deu a todos nós o livre arbítrio, mas nós só temos esse livre arbítrio porque ELE nos permitiu tê-lo.

Senén: Está bem. Eu tenho que resolver coisas do reino. Até logo!

   Ele se levanta e entra no palácio deixando Abraão sozinho. De repente uma brisa suave sopra em seu rosto.

SENHOR: Saia já do reino de Sur. O rei deseja matá-lo.

Abraão: Sim, SENHOR. Eis-me aqui.