Os paradigmas da Educação - Mário Osório Marques

 A educação, quanto sujeito, somos possibilidades infinitas, é importante compreender que a educação não se restringe em apenas formar as pessoas direitinho, mas sim reconhecer que os indivíduos podem ser qualquer coisa que optar para si. Neste sentindo, precisamos reconstruir a educação. Segundo Marques (1992), à medida mesmo que a educação se faz mola mestra e propulsora das sociedades contemporâneas, mais necessário se torna repensá-la radicalmente e para além do que revelam as ideias claras e distintas, ao estilo cartesiano. Trata-se de repensar o próprio pensamento no que tem ele de impensado, nos seus pressupostos mais esconsos. Para além, ou para mais fundo do que costumamos denominar pressupostos filosóficos, científicos ou técnicos, para além dos modelos, e teorias que decididamente esposamos, torna-se imperioso repensar a educação nos seus paradigmas, entendidos estes como as estruturas mais gerais e radicais do pensamento e da ação educativa.

Não criamos teorias, paradigmas e concepções, mais ressignificamos com as relações pessoais, com os teóricos que nos apoiam em novo percurso. Para Marques (1992) Colocamos aqui a questão dos paradigmas não apenas no âmbito da evolução das ciências singulares ou de setores da atividade humana, mas no sentido abrangente de toda ação humana e de todo conhecer em seus eixos de mudanças mais radicais, não estritas, esporádicas ou parciais. E a colocamos, ao mesmo passo, sob o signo da permanente reconstrução histórica em que os paradigmas não se sucedem apenas, mas se interpenetram e permanecem na novidade de nova estruturação na cultura e nas cabeças, necessitados de se distinguirem para sabermos qual deles nos comanda.

Como sujeitos, precisamos ter mais reflexões e discussões sobre os paradigmas, necessitados de reexame, com base do esclarecimento e da práxis política, articulada em ampla publicidade crítica. Vale ressaltar que nesse processo é preciso “inovar”, mas sem perder a "essência" e reconstruir respeitando a cultura, a história que a educação viveu até no tempo atual.

Reconstruir a educação que responda às exigências dos tempos atuais não significa o abandono do passado, o esquecimento da tradição, mas uma releitura dela, sendo a luz do presente que temos e do futuro que queremos, uma hermenêutica que parta do pressuposto de que nenhuma tradição se esgota em si mesma, bem como nenhuma é dona original de seu próprio sentido. Requer a dialética da história que se superem os caminhos andados, mas refazendo-os.

Para Marques (1992) neste sentido, necessitamos realizar a hermenêutica das tradições da educação, porque nelas nós achamos imersos, nós e nossa cultura; e porquê de seus aspectos ultrapassados não nos podemos libertar, nem a eles liberar de seus anacronismos, sem uma reflexão abarcante e sem as discussões amplas em que se envolvam todos os interessados na proposta das aprendizagens hoje necessárias. Os paradigmas básicos do saber, que se sucederam interpenetrados e que continuam operantes, necessitam recompor-se em quadro teórico mais vasto e coerente. Sem percebê-los dialeticamente atuantes, não poderemos reconstruir a educação de nossa responsabilidade solidária.

Mas o que podemos enxergar na prática nas escolas é uma guerra de espaço do novo x tradicional. Sendo que os dois são necessários para a construção de um novo olhar

educação no paradigma ontológico do saber 

É impossível apagar certas ideias, sempre haverá classe, e também as vivências de sala. Então precisamos fazer tais questionamentos: qual é o aluno que temos na cadeira, com as diferenças do qual é a formação do professor? e será que ele vai querer fazer o que quiser?

Precisamos fazer reflexão sobre essas questões, pois, ao reproduzir as grandes verdades, essas verdades reproduzem a que tipo de verdade, quem é que dá as cartas, podendo esse sujeito se colocar na divindade, mas então o que os professores devem fazer?

Continuando ainda com algumas reflexões, surge tais questionamentos, como:  quem tem o direito de dizer o que é certo ou errado, por isso a mudança traz essa filosofia, ou seja, não a presenta a verdade, porque essa é a verdade.

Em alguns momentos, podemos também perder as referências, e não saber o que fazer, como por exemplo, o que vem pela frente, ou seja, sabemos que estamos fazendo, mas então o que fazer?

Cada sujeito tem uma compreensão, não podemos apontar aquilo e dizer que é a solução para não cairmos no abismo, isso é pragmatismo é bom para mim, mas não é para o outro, ou seja, não iremos resolver de uma hora outra, precisando de muito diálogo.

Descobrimos a partir da filosofia que as teorias podem ser desconstruídas, surgindo várias teorias com seus pontos de vistas, para resolver os problemas do mundo dentro do mundo, por isso precisamos ter mais diálogo, caso o contrário teremos um desajuste muito grande.

É importante ter o respeito a todas as teorias, segundo o filósofo Bal precisamos dialogar agora, para não voltar a uma sociedade medieval, ou seja, uma época onde alguém apresentava a verdade, e essa verdade era posta a todos, sem poder contestá-la. É preciso, que não se abra mão da racionalidade, onde permite que os outros pensem por nós, veja como funciona os paradigmas, as pessoas com poder intelectual têm o poder de moldar outras a pensar, tornando difícil esse sujeito pensar de um modo diferente.

Neste paradigma ontológico do ser para sempre posto, educar é inserir o educando na ordem do mundo e dos homens. Da educação que se faz nas mesmas condições de vida das famílias segundo suas ordens e estados, ou seja, ontológico: relativo ao ser em si mesmo, em sua dimensão ampla e fundamental, em oposição ao ôntico, que se refere aos entes múltiplos e concretos da realidade.

Passamos por várias regulações, a única que deve ser considerada é aquilo que irá dá certo para si. A liberdade dentro da sociologia, ela nunca será uma sociedade desregulada, se não conseguimos viver em sociedade. Só se vivermos sozinho.

O que estamos discutindo é quem regula, um diz que é a burguesia, outros dizem que é o proletariado, outros acham que são os valores cristões, outros acreditam que sejam as entidades ligadas a transcendentes, entre outros. Ninguém tem ciência de uma regulação absoluta, isso não serve, ou seja, seria um caos. A liberdade de Foucault e de vários outros filósofos, permite cada sujeito, seja ele mesmo, com o seu modo, e permita que essa diferença manifeste o modo de ser de cada um na sociedade. Resumo baseado no livro de Mário Osório. Conhecimento e educação p. .547-565.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARQUES, Mário Osório. Conhecimento e educação. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 1988.

GRACIELE CASTRO SILVA, RENATA RODRIGUES DE ARRUDA, VALQUÍRIA MENDES MARQUES SÃO PROFESSORAS EM RONDONÓPOLIS