O espelho reflete imagens. São, pois, réplicas imateriais do que - ou de quem existe e é colocado - ou se coloca à sua frente.

Quando olhamos não só nossa figura projetada, mas - e principalmente - para dentro de nossos próprios olhos, podemos, sim, ver quem na verdade somos. Nossos olhos - "olhar" (?) revelam toda a variada gama de sentimentos de nosso Ser: amor, raiva, ternura, compreensão, solidariedade, felicidade, tristeza, medo, esperança ...

TUDO o que somos ou sentimos pode ser 'lido' por nós - tanto em nossos olhos (frente ao espelho) quanto nos olhos de nossos semelhantes. Tanto assim é que dizem ser os olhos as janelas da alma. Nada mais correto.

Quem não se lembra da serenidade projetada pelo olhar do Guerreiro da Paz , Mahatma Gandhi? Quem poderia esquecer-se do olhar cheio de amor do papa João Paulo II, que mesmo sofrendo dores atrozes percorria o mundo pedindo paz e plantando sementes do Amor Incondicional da verdadeira Igreja de Pedro?

Poderia alguém esquecer-se dos olhos sempre plenos de humildade amorosa e doação de Madre Thereza de Calcutá, quando - principalmente - estava a cuidar dos leprosos na longínqua Índia? Ou da bondade, tristeza e profunda melancolia que dimanavam dos olhos da princesa de Gales, Diana?

Ou mesmo da solidariedade que iluminava a face de Audrey Hepburn, já bastante doente, na África, segurando em seus braços criancinhas subnutridas? Mais recentemente, haverá alguém que não se lembre do carinhoso amor refletido nos belos olhos de Angelina Jolie, que mais belos ainda ficam ao distribuir amor para as crianças desamparadas da Ásia e África?

Quem pode todos esses exemplos de indizível caridade esquecer? Quem poderia???

Escavações arqueológias descobriam há anos, em certo local na antiga região da Judéia, uma descrição de Jesus. Quanto a seus olhos, quem escreveu registrou no pergaminho que não tinha condições de descrever Seu olhar. A bondade que emanava de Sua Face era tal que não se considerava hábil, o desconhecido escriba, para escrever o olhar do Mestre dos Mestres. Escreveu apenas :"Era luz"!

Óbvio está que nenhum de nós ousaria querer comparar seu olhar ao do Filho de Deus.

Sigamos, portanto, como simples mortais que somos, a tentar ver em nós QUEM realmente somos, o QUE, em verdade, estamos sentindo, QUE TIPOS DE SENTIMENTOS nossa alma abriga.

Certamente poderemos ter muitas surpresas se, com os olhos do corpo, tentarmos adentrar o âmago do Ser .

Se formos sinceros conosco e não quisermos ver o que não somos (a imagem criada por nós mesmos) , mas QUEM REALMENTE SOMOS, por sermos seres em construção, poderemos ter vontade (ou necessidade) de mudarmos para melhor, de iniciarmos a sempre difícil "caminhada ao longo do rio", morro acima, para chegarmos à sua nascente, ao topo da montanha, e sermos capazes, finalmente, de ver o todo que nos cerca.

Convido os leitores para essa introspecção. Será uma viagem inesquecível para um mundo interno que talvez ainda não conheçam. Os que têm vida interior rica passam sua existência toda à procura de si mesmos (o filósofo grego já ensinava com sabedoria: "cognosce te ipsum" (conhece-te a ti mesmo)... .

Continuemos procurando, amigos. Durante este processo, estaremos todos 'fazendo a diferença' , pois veremos que há muito mais à nossa volta do que nós mesmos. Estaremos descobrindo nosso verdadeiro EU no contexto do SER e da sociedade humana.

HÁ MUITO O QUE FAZER EM FAVOR DO PRÓXIMO.