OS NÍVEIS DE ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Publicado em 04 de outubro de 2021 por Everson Augusto Marques
OS NÍVEIS DE ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Everson Augusto Marques Gabriela Araujo Graciano Rachel Giglioti Silmara Aparecida Vigatti
INTRODUÇÃO
O currículo inclusivo vem garantir ao aluno o direito a ser alfabetizado na idade certa com condições favoráveis ao seu desenvolvimento em relação a aprendizagem, sendo a escola responsável pela garantia dessa aprendizagem, criando ambientes e condições favoráveis ao aluno.
Durante o processo de alfabetização o aluno passa por diversos níveis de escrita. De acordo com Emília Ferreiro e Ana Teberosky em seu livro “Psicogênese da Língua Escrita” a criança traz consigo um repertório e passa por um processo que deve ser levado em consideração durante o desenvolvimento da linguagem escrita.
São estabelecidos, a partir dos estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, níveis de escrita de acordo com o que a criança escreve quando lhe é proposta uma situação. Esses níveis são:
Nível Pré – silábico,
Nível Silábico,
Nível Silábico – alfabético e
Nível Alfabético.
Dentro de alguns níveis existem algumas subdivisões que serão descritas e explicadas.
É de extrema importância que o educador leve em consideração os níveis de escrita para que ele possa desenvolver estratégias que façam os alunos refletir e avançar de um nível para outro, por essa razão propor atividades que explorem a escrita espontânea da criança são de extrema importância para analisar o nível que cada uma se encontra.
1. Nível Pré – silábico.
O nível pré - silábico pode ser dividido em duas etapas. Na primeira etapa a criança pode representar a escrita através de desenhos ou rabiscos, o que é chamado de garatuja, até o momento em que ela descobre a função social das letras e começa a associa-las a escrita.
No nível pré – silábico as crianças utilizam as letras aleatoriamente, sem ter nenhuma relação da grafia com o fonema. Uma relação que pode ser observada é que elas acabam associando a quantidade de letras ao tamanho do animal ou objeto que ela quer escrever. Nesse nível também é comum que as crianças utilizem predominantemente as letras que fazem parte do seu nome, uma vez que eles a utilizam com grande frequência e fazem parte de seu cotidiano.
Abaixo pode se observar a escrita espontânea de uma criança no nível pré – silábico e ao lado temos as palavras que foram ditadas a ela.
LAPISEIRA
CADERNO
SALA
GIZ
Para que a criança do nível pré - silábico avance é necessário utilizar algumas estratégias e atividades que propiciem o seu desenvolvimento.
Atividades como reconhecer a letra inicial das palavras através do som, trabalho com letras móveis, como a escrita do próprio nome, recorte das letras para completar palavras e listas são exemplos de exercícios que podem ajudar no desenvolvimento dos alunos pré - silábicos e fazer com que a criança avance em seu nível de escrita.
2. Nível Silábico.
O nível de escrita silábico também pode ser dividido em duas etapas. A primeira etapa é o estágio silábico sem valor sonoro e a segunda etapa é o estágio silábico com valor sonoro.
A criança no nível silábico é capaz de compreender que a escrita das palavras tem relação com as emissões sonoras que produz.
As sílabas, que são os “pedacinhos” que formam a palavra, são representadas por letras e por essa razão ela utiliza uma letra para representar cada sílaba e a partir dessas letras identificamos em qual dos dois estágios do nível silábico a criança se encontra, pois, se ao escrever ela utiliza letras que não tem correspondência com a palavra a ser escrita, ela está no nível silábico sem valor sonoro, como por exemplo se ao escrever CAVALO ela utilizar as letras ERT.
Já no estágio silábico com valor sonoro a criança utiliza letras que possuem correspondência com a palavra a ser escrita, como por exemplo ao escrever CAVALO ela utiliza as letras CAO.
Nessa etapa podemos observar o repertório das crianças, pois se ao escrever as palavras ela utilizar somente as vogais dizemos que ela está no nível silábico com valor em vogais e por essa razão devemos propor atividades que façam as crianças ampliarem o seu repertório de letras para começarem a se apropriar e utilizar as consoantes.
Abaixo podemos observar a escrita espontânea de uma criança em processo de alfabetização no nível silábico com valor sonoro, onde a criança representou cada sílaba da palavra com uma letra, todavia podemos notar que ela utiliza com maior frequência as vogais, precisando de atividades para aumentar o seu repertório de letras.
APONTADOR
ESCOLA
SALA
GIZ
Algumas atividades que ajudam as crianças a avançarem são as de completar palavras com letras faltosas, analisar a escrita de palavras observando sílaba inicial, sílaba final e número de letras que formam as palavras, pseudoleitura de parlendas que a criança sabe de cor.
3. Nível Silábico - alfabético.
O nível silábico - alfabético, como o próprio nome diz, é a transição do nível silábico para o alfabético, nele a criança escreve as palavras utilizando em algumas sílabas apenas uma letra para representa-la e em outras a sílaba inteira, como por exemplo na palavra CAVALO, ela pode escrever CAVLO.
Abaixo podemos observar a escrita espontânea de uma criança no nível silábico – alfabético.
APONTADOR
ESCOLA
SALA
GIZ
A ESCOLA É LEGAL.
Nesse estágio a criança está muito próxima da escrita alfabética e com algumas intervenções e atividades significativas como cruzadinhas, caça-palavras, complete com letras faltosas ela poderá avançar e chegar no nível alfabético.
4. Nível alfabético
No nível alfabético a criança se apropria do sistema de escrita e já consegue relacionar as emissões sonoras com as letras para representa-las através da escrita.
Abaixo temos a escrita alfabética de uma criança, nesse nível o aluno pode escrever ortograficamente, quando segue as normas ortográficas, ou não, por essa razão podemos dividir esse estágio em duas etapas, a primeira seria o grupo alfabético não ortográfico e alfabético ortográficos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aprendizagem não acontece de maneira simultânea em todas as crianças, então é normal em turmas de alfabetização ter crianças em todos os níveis de escrita, por essa razão o trabalho com duplas produtivas pode ser uma boa estratégia a ser adotada pelo educador.
As duplas produtivas ou agrupamentos produtivos, consistem em colocar alunos com níveis próximos para trabalharem juntos, pois dessa razão um aluno levará o outro a refletir sobre a sua escrita e isso levará ao avanço no nível de escrita.
Todavia para que isso aconteça as situações propostas pelo educador deve levar em consideração o estágio em que as crianças se encontram e ser significativa, para que elas possam refletir, pensar e criar soluções para resolver a situação proposta.
O educador pode propor uma mesma situação para ser resolvida por toda a sala, mesmo que os níveis sejam diferentes, mas a maneira de abordar e resolver a proposta devem ser adequadas a cada nível. Por exemplo ao trabalhar com uma cruzadinha ele pode propor que as crianças do nível pré silábico identifiquem as letras iniciais de cada figura que formam a cruzadinha, já os alunos silábicos devem registrar a silaba inicial de cada palavra e a quantidade de letras que a formam. Os alunos silábicos alfabéticos devem completar a cruzadinha com o auxílio de um banco de palavras e os alunos alfabéticos completam a cruzadinha através da observação das imagens.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRO, Emília & TEBEROSKY, Ana. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.
LERNER, Delia & PIZANI, Alicia Palácios. A aprendizagem da língua escrita na escola – reflexões sobre a proposta pedagógica construtivista. Porto Alegre: Artmed, 1995.
