Por Ludmilla Paniago Nogueira, Noêmia Pereira de Souza e Simone Batista Campos 

Para melhor compreender o ensino da leitura e escrita, é importante reconhecermos a sua perspectiva histórica. Este capítulo objetiva discorrer sobre essa perspectiva de forma a colaborar para uma melhor contextualização da alfabetização nos dias atuais.

Segundo Barbosa (1994), o processo de alfabetização hoje se refere ao aprendizado coletivo e simultâneo da leitura e da escrita, porém nem sempre fora desta maneira. Durante muito tempo, o ensino do ler e do escrever ocorria de forma individual e separada. Primeiramente as crianças aprendiam a ler com um mestre escolar especializado, para que anos seguintes viessem a aprender os traçados das letras. Naquela época os ensinamentos eram separados; havia aqueles que ensinavam a ler, a escrever e outros só a contar.

Nas classes onde se ensinavam as três habilidades o ensino era individualizado, sendo as crianças divididas em níveis de aprendizagem. O único tipo de ensino dado coletivamente era o catecismo. Durante esse período, somente as crianças de famílias abastadas é que podiam se dar ao luxo de custear um preceptor e então serem ingressadas na arte de poder traçar as letras no papel. Cada competência exigia um custo diferente e o material era também mais um obstáculo a ser vencido. Para as crianças da época, escrever era uma atividade extremamente complexa, visto que era feita com pena de ganso entre os dedos, lembrando que a pena de aço foi inventada posteriormente. A escrita era considerada arte, uma coreografia da pena, exigia postura correta do corpo e um manuseio cuidadoso com os materiais.

As práticas de leitura e escrita que até então eram consideradas distintas, começam a ser vistas de maneira associada a partir de meados do século XIX. Desde então, de arte, a escrita passa a ser tida como trabalho manual. A partir daí surgem vários aportes e procedimentos que ajudariam no ensino da leitura e escrita simultaneamente. O guia do Ensino Mutual orientando o professor nesse ensino simultâneo, o quadro de giz, cartazes com a finalidade de expor

aos alunos as letras e sílabas para que eles visualizassem. É adotado um novo mobiliário escolar adequado à nova atividade, além de um novo modelo arquitetônico planejado, o qual separava as crianças por classes isoladas.

O aperfeiçoamento das técnicas de alfabetização, na verdade, estava relacionado com o novo modelo cultural, movido pelas idéias republicanas que nesse momento, fazia exclusão às pessoas que ainda não eram alfabetizadas.

Daí por diante, com o crescimento industrial, a urbanização gerou a necessidade de adoção de novos valores por parte da população, essa nova etapa histórica pedia urgência a todos e o mínimo de instrução.

A educação passa então a ser vista pelos pais, como sendo processo social indispensável ao futuro dos filhos, poupando estes, de trabalhos braçais desgastantes e mal remunerados. Além de a população ansiar por melhores condições de vida em termos de saúde, salário, habitação entre outros. É em 1946, com a inauguração dessa nova fase da alfabetização, que no plano nacional se apresenta os maiores índices de expansão da escola básica regular. Foi também o pontapé inicial para inúmeras iniciativas a favor da educação de adolescentes e adultos, tanto para dispor de mão - de - obra qualificada, quanto para o exercício do voto.

Com o intuito de expandir a educação desde as áreas rurais o Ministério da Educação promoveu campanhas nacionais de erradicação do analfabetismo com escolas improvisadas e variadas atividades educativas de caráter artístico cultural. Uma ação que se destacou nos anos 70 foi o movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) que atingiu 30 milhões de jovens. No entanto todas essas iniciativas não atingiram o objetivo de expandir a alfabetização, visto que não a coloram como sendo um projeto de democratização social efetiva. 

“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.”

(John Dewey) 

A alfabetização pode-se dizer, é um dos períodos mais importantes da formação escolar humana; não obtendo sucesso, o aluno chega a desistir, de maneira a aumentar o quadro de evasão escolar nas séries iniciais. 

Diante dessa afirmação surge a indagação: será que o fracasso escolar é uma questão que envolve o método aplicado nas escolas? No nosso país, as discussões sobre o que vêm sendo apresentado na aplicação e eficácia dos métodos de alfabetização, concentram-se na superação dos déficits de aprendizagem.

Para melhor compreender o ensino da leitura e escrita, é importante reconhecermos a sua perspectiva histórica que resultou da necessidade de tornar essa prática cada vez mais eficiente e interessante. A história do ensino da leitura e escrita é marcada por duas categorias de métodos: a dos métodos sintéticos e a dos métodos analíticos. Os de natureza sintética são os mais antigos, tendo mais de 2.000 anos. O ponto de partida desses métodos é o estudo dos elementos da língua, ou seja, considera o processo de leitura como um esquema somatório, onde o aprendiz somará as partes para chegar ao todo. 

As letras com as vogais para se chegar as sílabas, somando as sílabas para se chegar as palavras, em seguida as palavras para formar frases e frases para se formar textos.

Em seus primórdios, o chamado método sintético seguia os seguintes procedimentos: o aprendiz deveria dominar o alfabeto, nomeando cada uma das letras, independente do seu valor fonético e de sua grafia. O aprendiz aprendia repetindo em coro, soletrando. Após esse período era apresentada a grafia das letras do alfabeto e, numa primeira síntese, apresentavam-se as sílabas sistematicamente em ordem. Em seguida eram introduzidas as palavras mais simples (monossílabas) e depois, as mais longas, consideradas pronúncias mais difícil. (BARBOSA, 1994, P.47).

Este método estava estritamente ligado a oralidade, o ato de ler visava sempre eliminar os defeitos da língua oral, sendo assim não tinham pontuação e as palavras não eram separadas por espaços em branco, a forma da letra era rebuscada e ornamental. Todas essas dificuldades visuais do texto levavam o leitor à oralização como estratégia de leitura, no entanto este modo de ensino progredia lentamente, muitas vezes era preciso quatro anos de estudos para começar a ler um texto completo, e somente após o inicio da leitura é que o aprendiz iniciaria a aprendizagem da escrita, este modelo de ensino atravessa toda a antiguidade e predomina a idade Sobre este mesmo método,

MORTATTI (2008), afirma que os métodos sintéticos foram criticados e combatidos pelos propositores e defensores dos métodos analíticos a principal critica aos métodos sintéticos é a de que estes impedem que a criança aprenda o sentido do que lhe é oferecido no momento inicial da aprendizagem da leitura, ou seja, a criança aprende letra por letra ou silaba por silaba ou palavras por palavras soltas sem estarem inseridas num contexto