Para melhor compreender o ensino da leitura e escrita na atualidade é importante resgatarmos ainda que de forma breve sua trajetória histórica.  Este capítulo objetiva discorrer sobre essa perspectiva de forma a colaborar para uma melhor contextualização dos principais métodos e metodologias de alfabetização.

A história do ensino da leitura e escrita é marcada por duas categorias de métodos: a dos métodos sintéticos e a dos métodos analíticos.  Os de natureza sintética são os mais antigos, tendo mais de 2.000 anos.  O ponto de partida desses métodos é o estudo dos elementos da língua, ou seja, considera o processo de leitura como um esquema somatório, onde o aprendiz somará as partes para chegar ao todo. O método sintético possui certa seqüência, consiste no ensino da letra como forma inicial partindo para a soletração, após sílabas, palavras e por fim frases.

Há três métodos de natureza sintética, o alfabético, o fônico e o silábico. No método alfabético, a criança aprende inicialmente as letras, depois começa formando as sílabas e acoplando às consoantes, vogais, para então poder posteriormente, formar as palavras que mais tarde formarão a frase..

Em seus primórdios, o chamado método sintético seguia os seguintes procedimentos: o aprendiz deveria dominar o alfabeto, nomeando cada uma das letras, independente do seu valor fonético e de sua grafia. O aprendiz aprendia repetindo em coro, soletrando. Após esse período era apresentada a grafia das letras do alfabeto e, numa primeira síntese, apresentavam-se as sílabas sistematicamente em ordem. Em seguida eram introduzidas as palavras mais simples (monossílabas) e depois, as mais longas, consideradas pronúncias mais difíceis. (BARBOSA, 1994, p.47).

            O método alfabético, nomeado por alguns como método de soletração, parte do princípio de que a leitura é concebida como decodificação, ou seja, soletração das letras do alfabeto, depois, todas as suas possíveis combinações de silabas e, por fim, as palavras. Partindo daí o aluno começa a aprender palavras curtas, compridas, frases, até chegar no texto. Por esse método, o aluno vai soletrando todas as sílabas até conseguir decodificar a palavra. O método alfabético possibilita o aporte no uso das cartilhas. Esse método sofreu muitas criticas, visto que o excesso de repetição ocasionava desinteresse nas crianças.

            Sob a mesma influência da lingüística, posterior ao método alfabético, é desenvolvido o método fônico. Em concordância com Mendonça (2007) ele se desenvolve partindo da oralidade. A unidade mínima de som da fala é o fonema. O processo, então, consiste em iniciar pelo fonema, associando-o à sua representação gráfica. Faz-se necessário que o indivíduo seja capaz de isolar e de reconhecer os diferentes fonemas de seu idioma, para poder, a seguir, relacioná-los aos sinais gráficos. Como a ênfase está posta na análise auditiva para se separar os sons e estabelecer as correspondências grafema-fonema, ou seja, letra e som, para tanto, Mendonça (2007) aponta algumas premissas:

Que a pronúncia seja correta para evitar confusões entre fonemas, e que as grafias de formas semelhantes sejam apresentadas separadamente para evitar confusões visuais. Outro fator importante é ensinar um par de fonemas-grafema por vez, sem passar para o próximo enquanto essa associação não estiver bem fixada. No quesito aprendizagem, se coloca em primeira instância a mecanização da leitura, o que depois disso, dará lugar à chamada leitura inteligente, que na verdade é a compreensão do texto lido. Todo esse ensejo culminará em uma leitura expressiva e com entonação[F1] .

        

Referências:

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez,1994.-2.ed.rev – (Coleção Magistério.2º grau. Série formação do professor; v.16)

CRUVINEL, Fabiana Rodrigues. Ensinar a ler na Escola: a leitura como prática cultural. Ensino Em-Revista, Uberlândia, v.17, n.1, p.249-276, jan./jun. 2010.

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

MENDONÇA, Onaide Schwartz, Olympio Correa. Alfabetização: método sociolingüístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007.

MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Os sentidos da alfabetização (São Paulo -1876/1994) São Paulo: Editora UNESP: CONPED, 2000.