OS MARCADORES DO DISCURSO E SUAS MÚLTIPLAS VARIAÇÕES: UM DESAFIO PARA A PRÁTICA ESCOLAR DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

AGUIAR, Solanielly da Cruz
LUNA NETO, Francisco Moreira

RESUMO: A linguagem humana é tida como a livre expressão do pensamento que expõe todos os artefatos linguísticos que comungam a língua. Esses artefatos são palavras, vocábulos, enunciados que soltos ou em conjunto, formando a tecitura textual, correspondem para o surgimento dos argumentos que estruturam os discursos. Com o surgimento de várias ciências da linguagem ( retórica, linguística, psicolinguística, filosofia da linguagem, análise do discurso, semântica e a própria gramática ) começaram a estudar os aspectos linguísticos sobre diversos ângulos e posicionamentos diversificados. Contudo, este trabalho não irá deter sobre os inúmeros dizeres dessas ciências que tem como objeto de estudo, a linguagem, só apenas dizeres sobre a importância delas para o aprimoramento da mesma. O que se tem como foco aqui é mostrar dentro de uma visão estruturalista ? gramática e semântica - e até mesmo da análise discursiva e pragmática, o uso dos marcadores discursivos e suas funções para a construção dos argumentos dentro de um discurso e utilizando-os como proposta para o ensino da língua materna. Para tanto, adotou-se como aporte teórico, os estudos de Koch (1996), Ducrot ( 1977), Lima ( 1994), como outros autores que subsidiaram esse estudo.

Palavras ? chave: Marcadores do discurso, Funções, Prática Escolar.

ABSTRACT: Human language is considered the free expression of thought that exposes all the linguistic artifacts shared in language. These artifacts are words, expressions or statements that either isolated or together forming a textual weaving, corresponding to the emergence of arguments that structure the discourses. With the emergence of many sciences of language (rhetoric, linguistics, psycholinguistics, philosophy of language, discourse analysis, semantics and grammar itself) the linguistic aspects began to be studied from different angles. However, this work will hold only in addressing the importance of these sciences to the improvement of language. The focus here is to show within a structuralist view - grammar and semantics - and even in the discourse analysis and pragmatics, the use of discourse markers and their functions to the construction of arguments in a discourse and using them as a proposal for teaching the mother tongue. To this end, it was adopted as the theoretical, studies of Koch (1996), Ducrot (1977), Lima (1994), like other authors who subsidized this study.
Key - words: Discourse Markers, Functions, School Practice


I ? INTRODUÇÃO

A linguagem humana é tida como a livre expressão do pensamento que expõe todos os artefatos linguísticos que comungam a língua. Esses artefatos são palavras, vocábulos, enunciados que soltos ou em conjunto, formando a tecitura textual, correspondem para o surgimento dos argumentos que estruturam os discursos.
Com o surgimento de várias ciências da linguagem ( retórica, linguística, psicolinguística, filosofia da linguagem, análise do discurso, semântica e a própria gramática ) começaram a estudar os aspectos linguísticos sobre diversos ângulos e posicionamentos diversificados. Contudo, este trabalho não irá deter sobre os inúmeros dizeres dessas ciências que tem como objeto de estudo, a linguagem, só apenas dizeres sobre a importância delas para o aprimoramento da mesma.
O que se tem como foco aqui é mostrar dentro de uma visão estruturalista - gramática, semântica - e até mesmo da análise discursiva e pragmática, o uso dos marcadores discursivos e suas funções para a construção dos argumentos dentro de um discurso e utilizando-os como proposta para o ensino da língua materna. Para tanto, adotou-se como aporte teórico, os estudos de Koch (1996), Ducrot ( 1977), Lima ( 1994), como outros autores que subsidiaram esse estudo.
Assim, o que se observou como modelo é que o ensino da Língua Portuguesa sempre foi estruturado de acordo com propostas metodológicas que propiciaram na exposição de uma gramática estrutural, canônica, gramatical que se sacralizou pore vários anos. Isso sem dúvida foi um acordo de muitos anos em que a Retórica, o Latim acabou implantando em suas estruturas metodológicas de estudar a Língua como uma estrutura.
Essa noção não está errada, porém, a sociedade evoluiu, e com essa mudança, vieram os padrões comportamentais de nossos discentes que agora, utilizam as tecnologias como algo superável para o tradicionalismo de nossos métodos gramaticais. Dessa forma, faz-se necessário um repensar de como, nós docentes podemos inserir-nos nesse ambiente de mudanças e como atrelar um ensino gramatical sem discordâncias.
Em suma, este trabalho adota uma versão de trabalho textual, tendo os marcadores do discurso como alicerces para uma abordagem de construção textual. Mesmo, porque, gramática, textos e análise lingüística, andam juntas, se relacionam para um aprofundamento de trabalho, visando à construção pelos discentes, de seus inúmeros textos e suas fórmulas de ligação de idéias junto com os marcadores textuais.

II - OS MARCADORES DO DISCURSO: UMA PERCEPÇÃO DA GRAMÁTICA

Partindo para uma noção mais estrutural, "mecânica" da gramática normativa, os estudos sobre marcadores textuais nunca tiveram uma análise afíncua. Na verdade, a gramática só se detêm sobre as conjunções e suas funções.
Se analisar qualquer gramática do ensino básico, observa-se o uso das conjunções da seguinte forma: aditiva (estabelece adição); adversativa ( indica idéia contrária); alternativa ( exprime idéia de adição); conclusiva ( indica uma conclusão lógica); explicativa (contém uma justificativa ao que está expresso na outra oração). Essas conjunções são chamadas de sindéticas e são utilizadas nas orações coordenadas.
Existem outras conjunções que são utilizadas, nas chamadas orações subordinadas adverbiais e exprimem determinadas circunstâncias e dessa forma, classificadas em função de seu sentido no texto. São elas:
Causal- indica a causa que provoca o fato expresso na oração principal.
Condicional- conjunção-se, a menos que- e exprime a condição necessária para a ocorrência do fato referido na oração principal.
Consecutiva- conjução- tão, tanto- indica a consequência do fato expresso na oração principal.
Conformativa- conjunção- como, conforme- estabelece o modelo de acordo com o qual ocorre o fato expresso na oração principal.
Concessiva- conjunção- embora, mesmo que- exprime um fato que poderia impedir o fato da oração principal, mas não o impede.
Comparativa- conjução- como, mais que- estabelece uma comparação com o fato expresso na principal.
Final- conjunção- para que, afim de que- exprime a finalidade do fato da oração principal.
Proporcional-conjunção- à proporção que, à medida que- indica um fato que ocorre propor ente ao fato expresso na oração principal.
Temporal- conjunção- quando, enquanto- expressa o tempo de ocorrência do fato da oração principal.
A partir daí, observa-se como a gramática deixa uma certa lacuna para a compreensão geral dos marcadores textuais, não dando uma ênfase maior para este estudo. Contudo, como observou-se no início deste trabalho, o surgimento de novas ciências da linguagem, em especial, a análise do discurso e a pragmática vão estabelecer uma análise mais concreta sobre os marcadores discursivos e a partir de agora, observa-se esta aplicabilidade.

III - UM ESTUDO DA ANÁLISE DISCURSIVA E DA PRAGMÁTICA SOBRE OS MARCADORES DISCURSIVOS

Antes de entrar na análise dos marcadores do discurso é importante mencionar à ideologia da análise discursiva e da pragmática sobre o assunto em questão. A análise do discurso estuda os marcadores de discursividade, associando-os com a natureza ideológica da argumentação, ou seja, o uso dos mesmos transparece outros significados interligados na argumentação.
Já para a pragmática, a argumentação discursiva põe em jogo determinados "dispositivos" existentes na língua, designados operadores e conectores argumentativos. A Semântica estuda o sentido destes dispositivos e a Pragmática, o estudo da acção deles. É preciso dizer, pelo menos, que toda a semântica comporta um aspecto pragmático. (Ducrot, 1977, p.19)
A partir da dialogicidade que estas duas ciências da linguagem salientam, o que pode-se depreender é que, os operadores argumentativos transformam os enunciados referenciais em premissas, das quais podemos tirar uma conclusão e não outra, situam o enunciado numa certa direção, implicitam determinadas conclusões.
Segundo Portolés (1999, p.34), os marcadores do discurso são unidades linguísticas invariáveis, não exercem uma função sintática no marco da predicação oracional, são elementos marginais e guia o discurso de acordo com suas propriedades morfossintáticas, semânticas e pragmáticas, as inferências que se realizam na comunicação.
Outros autores fazem diversas denominações para estas unidades linguísticas: Enlaces Extraoracionales ( GAYA, 1961; FUENTES, 1987); Conectores ( MARTINEZ, 1997; PONS BORDERÍA,1998); Ordenadores del Discurso ( BLECAUA,1975); Relacionamentos Superacionales ( FUENTES, 1996).
Porém, segundo a natureza da sua informação e, sobretudo, a função discursiva que desempenha na comunicação, dividi-se os MD em três grupos: conectores, operadores e marcadores conversacionais.
Os conectores divide-se em três grupos:
1- Comentadores- Introduzem um novo comentário que se diferencia do discurso anterior;
1.2- Ordenadores- Indicam um lugar que ocupa uma parte do texto do conjunto, atuando como enumerativos.
1.3- Digressores- Introduzem um comentário episódico relacionado como tema principal, mas desvia o elo do discurso;
2- Argumentadores- Proporcionam instruções que podem guiar as conclusões adequadas dos dois elementos conectados. São eles:
2.1- Somativos ou aditivos- Unem um elemento anterior com outro e ambos indicam a mesma orientação.
2.2- Consecutivos- Introduzem uma consequência que se infere do discurso anterior.
2.3- Contra-argumentativos- Introduzem elementos que refutam uma determinada conclusão que pode extrair-se de um elemento anterior.
3- Reformuladores- Apresentam um elemento com uma expressão mais adequada ou mais válida do que a que foi dito antes.
3.1- Explicativos- Esclarecem a informação que se pretende dizer anteriormente.
3.2- De distanciamento- Indicam que o importante não é o dito antes, mas o introduzido por eles.
3.3- Retificativos- Corrigem o dito antes que se considera insastifatório.
3.4- De generalização- Introduzem um resumo ou uma conclusão extraidos do discurso anterior.
Marcadores conversacionais:
São características da língua falada. Ajuda a organizar as distintas intervenções que vão sendo produzidas na conversação ou no diálogo e podemos dividir em três grupos:
Para abertura de temas: serve para iniciar a conversa;
Em sequências de pergunta e resposta: utiliza-se para demonstrar a intervenção do interlocutor sobre o que está falando.
Para concluir a conversa: anuncia o desejo da conclusão.
Operadores Pragmático:
O termo operador originou da álgebra e da lógica onde surgiu a linguística formal, gramática e semântica e logo a pragmática. Segundo R. L. Trask (1993) os operadores se referem a qualquer elemento gramatical sobre alguma parte da frase. A partir dessa perspectiva, os operadores são:
Quantificadores e moldais- são morfemas e os advérbios. Seus estudos estão inseridos nos níveis gramaticais e semânticos. Ex:
Perífrases Verbais: Você terá de estudar muito
Apreciativo: Me deu um susto quando o vi
Certos Adjetivos: O que lhe digo é pura verdade
Determinantes: É ignorante
É um ignorante
Algumas locuções que especificam o tópico oracional: A respeito do aumento de salário, deixamos para falar na próxima semana, ok?
Diante dessa noção exposta pela análise linguística e a pragmática, observa-se o quanto os marcadores do discurso são complexos e não se restringe somente à idéia que a gramática normativa salienta.

IV - OS OPERADORES ARGUMENTATIVOS E SUAS FUNÇÕES

Os operadores argumentativos são elementos linguísticos que servem para orientar a sequência do discurso, isto é, " para determinar os encadeamentos possíveis com outros enunciados capazes de continuá-lo (KOCH, 1993, p.104-105), tornando-o coeso e contribuindo para a construção de sua coerência.
Funcionam como operadores argumentativos, os advérbios, as preposições, as conjunções, as locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas ou então palavras que não se enquadram em nenhuma das dez classes gramaticais, como os denotadores de inclusão e os denotadores de exclusão.
Porém, antes de começar a falar sobre as funções dos operadores é importante mesclar a idéia de tal assunto com a visão de Ducrot: o termo operadores argumentativos serve para designar certos elementos da gramática de uma língua que tem por função mostrar a força argumentativa dos enunciados, o sentido para o qual apontam. (1977, p.54)
Ele ainda utiliza duas noções básicas:
Classe Argumentativa- constituida de um conjunto de enunciados que podem igualmente servir de argumento para uma mesma conclusão.
Escala Argumentativa- quando dois ou mais enunciados se apresentam no sentido de uma mesma conclusão.
A partir da interface das duas idéas de Koch e Ducrot, citadas acima, faz-se uma análise do estudo dos operadores e as suas funções dentro da argumentação.
1- Os operadores de adição- Assim chamados, porque somam argumentos a favor de uma mesma conclusão. São eles: e, também, ainda, nem. Por exemplo, se obsevar a frase, Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito, o operador destacado soma os argumentos, mas, em uma outra ótica, pode-se chamá-lo de argumentativo, somativo e classificá-lo em escala argumentativa ou seja, os argumentos apresentam-se em ordem crescente no sentido de uma mesma conclusão.
2- Operadores de Finalidade- Indicam uma relação de finalidade. Destacam-se: a fim de que, com o intuito de, para, para que, com o objetivo de. Observando a frase, Nas duas semanas seguintes, mais de uma vez armou-se de coragem para falar com Aurélio, pode-se salientar que a palavra em negrito além de expressar uma finalidade, pode ser chamado de reformulador, porque para alguns teóricos são conectores. Pode ser consecutivo porque introduz uma consequência que se infere do discurso anterior. E pertence a classe argumentativa, na qual os argumentos servem igualmente para uma mesma conclusão.
3- Operadores de causa e consequência- Iniciam uma oração subordinada denotadora de causa. São eles: porque, visto que, em virtude de, uma vez que, devido a, por motivo de... Na frase que se segue, A esposa trabalhava agora com mais vontade, e assim era preciso, uma vez que, além das costuras pagas, tinha de ir fazendo com retalhos o enxoval da criança, além do operador demarcar causa e consequêcia, podemos chamá-lo de conector argumentador consecutivo, por introduzir uma consequência que se infere do discurso anterior e pertence a classe argumentativa.
4- Operadores de explicação- Introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao enunciado anterior. Entre eles, citam-se: porque, que, já que, pois. Podemos depreender na frase, Restavam-se, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco,que o operador em destaque, pode ser classificado, também, de reformulador explicativo, por esclarecer a informação que se pretende dizer anteriormente e pertence a chamada classe argumentativa.
5- Operadores de oposição- Contrapõem argumentados voltados para conclusões contrárias. Os principais são: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora.. A frase Posso perfeitamente respeitar uma pessoa diferente e estranha, embora nunca pretenda amá-la, mostra um operador em destaque que exprime oposição. Contudo, podemos chamá-lo de conector argumentador contra-argumentativo, por introduzir elementos que refutam uma determinada conclusão que pode extrair-se de um elemento anterior. Pertence a classe argumentativa.
6- Operadores de condição- Indicam uma hipótese ou uma condição necessária para a realização ou não de um fato. Destacam-se: caso, se, contanto que, a não ser que, a menos que, desde que... Na frase, Mas os meninos teriam de começar tudo do nada, ou passar a vida trabalhando para os outros, como teria sido o destino deles se os pais ficassem na Itália, o operador em negrito, destaca uma condição, mais além disso, podemos classificá-lo de argumentador consecutivo, pois introduz uma consequência que se infere do discurso anterior. Pertence a classe argumentativa.
7- Operadores de tempo- Indicam uma circunstância de tempo. Entre eles, relacionam-se: em pouco tempo, em muito tempo, logo que, assim que, antes que, depois que... Na frase, Ela responde que não é nenhum incômodo, ao contrário, fará isso com o maior prazer. Depois poderão conversar sobre o livro, se ela quiser, é claro. Além do operador denotar um sentido de tempo, pode-se classificá-lo como conector argumentador de distanciamento, por indicar que o importante não é o dito antes, mas o introduzido por ele. Pertence a escala argumentativa, porque os argumentos apresentam-se em ordem crescente no sentido de uma mesma conclusão.
8- Operadores de proporção- Indicam uma oração em que se refere a um fato realizado ou para realizar-se simultaneamante a outro.. São eles: à medida que, à proporção que, ao passo que... Observando a frase, Na Nova Zelândia ou nos EUA, um pontinho a mais de inflação causa enorme estrago, pois afeta contratos longos por toda sua extensão, ao passo que, no Brasil, o efeito só é sentido até o reajuste, o operador em destaque expressa um fato realizado, porém é chamado, também, de conector consecutivo explicativo, porque esclarece a informação que se pretende dizer anteriormente. Pertence a classe argumentativa.
9- Operadores de conformidade- Exprimem uma idéia de conformidade ou acordo em relação a um fato expresso na oração principal. Os principais são: para, segundo, conforme, de acordo com... Na frase, Manaus é a maior e a melhor cidade do Norte do país, segundo pesquisa da Simosen Associados, publicada pela revista Exame, o operador além de exprimir uma idéia de conformidade, pode ser classificado de reformulador retificativo, no qual corrige o dito antes que se considera insatisfatório. Pertence a escala argumentativa.
10- Operadores de conclusão- Introduzem uma conclusão relacionada a argumentos apresentados anteriormente. Destacam-se: portanto, então, logo, assim, por isso, por conseguinte, pois... Na frase, Um escritor responder que se parasse de escrever morreria, portanto escrevia para não morrer... Pode-se ver que o operador dá uma sequência de conclusão, mas pode ser chamado de conector reformulador de generalização, por introduzir um resumo ou uma conclusão extraído do discurso anterior. Pertence a escala argumentativa.
11- Operadores alternativos- Introduzem argumentos alternativos, levando a conclusões opostas ou diferentes. Entre eles, relacionam-se: ou, ora, então, seja.. Se observar a frase, Sem ninguêm por perto ia se esquecer até de falar, ou ia terminar falando sozinha, como fazem os loucos, além de depreender que o operador em destaque exprime uma alternância, pode-se classificá-lo de argumentador consecutivos, por introduzir uma consequência que se infere do discurso anterior. Pertence a classe argumentativa.
12- Operadores de comparação- Estabelecem relações de comparação entre elementos. Destacam-se entre eles: mais, menos que, como, tão, quanto, assim como...Na frase, Sentia que a luz do sol a trespassava, como a um vitral, pode-se ver que o operador além de demonstrar a idéia de comparação é chamado, também, de reformulador explicativo, por esclarecer a informação que se pretende dizer anteriormente. Pertence a escala argumentativa.
13- Operadores de esclarecimento- Introduzem um enunciado que esclarece o anterior. Dentre eles, citam-se: vale dizer, ou seja, quer dizer, isto é... A frase, Uma língua não pára nunca. Evolui sempre, isto é, muda sempre, o operador em destaque, além de dar a idéia de esclarecimento, pode ser chamado de reformulador explicativo, por esclarecer a informação que se pretende dizer anteriormente. Pertence, também a escala argumentativa.
14- Operadores de inclusão- Assinalam o argumento mais forte, orientando no sentido de uma determinada conclusão. Citam-se: até, mesmo, até mesmo, inclusive, também... Observando a frase, Das Dores sente-se livre em meio às tarefas, e até mesmo extrai delas algum prazer, têm-se um operador que produz um argumento que denota uma conclusão, mas em uma outra visão, pode-se classificá-lo como reformulador retificativo, por corrigir o dito antes que se considera insatisfatório. Pertence a escala argumentativa.
15- Operadores de exclusão- indicam uma relação de exclusão entre duas orações. Entre eles, destacam-se: só, somente, apenas, senão... Na frase, Quando a última carroça alcança a estrada, os braços param de acenar e a praça vai aos poucos se esvaziando e caindo em silêncio. Somente ficam as flores espalhadas pelo chão, de mistura com as folhas secas do outono, e o vento frio que desce dos Alpes
O operador em destaque da frase anterior, delineia, como já foi dito, uma idéia de exclusão entre duas orações, contudo, pode-se chamá-lo de conector estruturador comentador, pois introduz um novo comentário que se diferencia do discurso anterior. Pertence a classe argumentativa.

V - METODOLOGIA: UMA PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL ATRELADA COM OS OPERADORES DA ARGUMENTAÇÃO.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas hoje pelo docente de Língua Portuguesa é a de aplicar no ensino, sobretudo no que diz respeito à produção textual, análise lingüística e competências discursivo-textuais. Essas dificuldades têm suas origens remontadas no ensino de regras gramaticais e leituras pautadas na decodificação e memorização de textos literários instituídas por escolas e acadêmias do século XIX e meados do século XX.
Assim, buscou-se dialogar, aqui, o ensino da análise lingüística, especialmente com o uso dos operadores argumentativos na produção textual de Artigos de Opinião, bem como o (s) grau (s) de informatividade nos referidos textos, mostrando que é possível ressignificar o ensino de produção textual através de duas instâncias consideradas tão distintas pelo ensino tradicional, mas que fazem parte do mesmo universo lingüístico.
Dessa forma, a aplicabilidade desse trabalho foi feito na Escola Normal Lígia Pessoa Cavalcanti, nos dias (10 e 14) de Junho, para os discentes do 3º ano do Ensino Médio, utilizando os textos da Olimpíada de Língua Portuguesa.
Para a aplicação do mesmo, mostrou-se o que são os Gêneros Textuais e os tipos de texto; trabalhou sobre o que é a Informatividade; como se desenvolve o Gênero Artigo de Opinião e suas características; o grau de informatividade do texto se é alto ou baixo- selecionando alguns artigos para serem mostrados como exemplo; destacou-se que o entendimento de uma informação vai depender do repertório cultural do observador, tanto para quem escreve o texto como para quem lê ; como, também, o trabalho dos operadores argumentativos dentro do Gênero Artigo de Opinião.
Terminada esta parte teórica, passou-se uma atividade para que eles analisassem um Artigo de Opinião e descobrissem os componentes básicos que participam das situações discursivas deste gênero - quem fala, para quem fala, com que intenção e como fala.
Em um segundo momento, estabeleceu-se o contato dos aprendizes com atividades que ponham em prática o conteúdo explicitado, descubrindo nos textos o grau de informatividade.
E em um outro momento, os aprendizes criaram um Artigo de Opinião a partir da temática da Olimpíada de Língua Portuguesa que é O lugar onde vivo.


VI ? CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo a linguagem inata ao ser humano e como nós somos indivíduos em constante contato com a sociedade, observa-se a grande pluralidade de sentidos que uma palavra exerce em um diálogo, enunciado, frases e em um texto. Se observarmos os marcadores do discurso, veremos uma gama de significados distintos que estruturam os argumentos.
Porém, a gramática normativa não esclarece com detalhes, este grande aparato de sentidos que são os operadores, conectores e os marcadores da conversação. Para isso, a análise discursiva e a pragmática se detêm, com um estudo mais minucioso, analisando as póssiveis denotações dos marcadores do discurso em uma argumentação.
Em suma, este trabalho denotou uma melhor compreensão sobre os marcadores e suas múltiplas variações dentro de um discurso, estabelecendo a partir desta idéia, uma construção metodológica para a práxis docente, como à atribuição pelos discentes da construção de uma produção textual que foi o Gênero Artigo de opinião e a relação dos mecanismos lingüísticos ? operadores argumentativos ? no discurso textual.








REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



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