Introdução

Antônio Raposo Tavares, que percorreu grande parte do continente sul americano – saindo de São Paulo, atingindo o Peru, alcançando o Alto Amazonas e o Pará, e daí retornando ao ponto de origem –, está entre as figuras mais representativas dos sertanistas que, através das entradas e das bandeiras, ajudaram a conquistar o Brasil. As entradas – expedições de caráter oficial – foram organizadas primeiro com o objetivo de reconhecer a terra e submeter os índios, e depois para procurar riquezas minerais. As bandeiras, de responsabilidade particular, tiveram início no começo do século XVII: os bandeirantes capturavam índios e, como Fernão Dias Pais, buscavam também pedras preciosas. Mais tarde, encontraram ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Com diversos objetivos – desde a simples exploração da terra, para seu melhor conhecimento, até a procura de metais e pedras preciosos e a captura de índios para serem usados como mão de obra escrava – foram organizadas, desde o início do século XVI até o século XVIII, várias expedições ao interior, conhecidas como entradas e bandeiras e que vieram a ser também as maiores responsáveis pela expansão territorial do Brasil. As entradas eram organizadas com recursos oferecidos pela coroa portuguesa, e por isso tinham caráter oficial. Logo após o “achamento” da terra partiram as primeiras expedições desse tipo em direção ao interior do país. Cerca de cem anos mais tarde, formadas independentemente de autorização do governo, e muitas vezes contrariando algumas de suas determinações, surgiram as bandeiras, sob a responsabilidade particular. Geralmente saindo de São Paulo, os bandeirantes visaram primeiro ao aprisionamento de índios, mas depois partiram também em busca de metais preciosos. Possuindo maior liberdade de ação, as bandeiras tiveram uma importância histórica bem mais notável do que as entradas.

Início das Entradas

A primeira entrada de que se tem notícia foi realizada por Américo Vespúcio, que partiu de Cabo Frio em 1504. Depois, até 1531, ano em relação ao qual se tem registro de três expedições ordenadas por Martin Afonso de Sousa, são imprecisas as informações sobre a organização de entradas. A primeira dessas três expedições partiu da Guanabara em maio de 1531, e em 60 dias percorreu 230 léguas, sem que no entanto se saiba por onde andou.

A segunda teve Cananéia como ponto de partida: instigado por Francisco de Chaves, que garantiu a obtenção de enorme carregamento de ouro e aprisionamento de índios, Martim Afonso de Sousa fez equipar 80 homens, que sob a chefia de Pero Lobo, saíram para o interior e nunca mais regressaram. Foram todos exterminados pelos índios num local situado entre os rio Iguaçu e Paraná. A terceira entrada teve o rio da Prata como meta, mas não se registrou notícia de seus resultados. Durante o resto do século XVI, muitas outras entradas foram formadas, algumas fracassando em seus objetivos, mas muitas outras – principalmente as organizadas pelos jesuítas – sendo bem sucedidas. A expedição de Cristóvão de Barros, em 1574 e 1575, quase exterminou os índios Tamoios de Cabo Frio. O capitão-mor do Espirito Santo, Miguel de Azeredo, empreendeu campanha contra os Goitacases, sem que haja, porém, documentação a respeito dos resultados obtidos. 

A conquista de regiões

A conquista de regiões ainda ocupadas pelos índios foi outro dos objetivos das entradas. Luís de Brito de Almeida, governador da parte norte do Brasil, enviou Garcia d’Ávila para conquistar Sergipe. Luís Álvares Espinha saiu de Ilhéus no rumo do ocidente, percorrendo mais de 30 léguas. Francisco Caldas e, depois, Gaspar Dias de Ataíde partiram de Pernambuco para o sertão do São Francisco. Da Capitania de Pernambuco saiu também Francisco Barbosa da Silva, que chegou a Cotinguiba, Sergipe, em 1578, tendo sua expedição destroçada. Em 1584, saindo de Pernambuco, Frutuoso Barbosa, apoiado pela esquadra de Diogo Flores Valdez, ocupou a Paraíba. A Capitania de Sergipe foi conquistada entre 1587 e 1590 por Cristóvão de Barros, que venceu o chefe indígena Boipeba. Foram ainda enviadas entradas a Alagoas e ao Rio Grande do Norte. Para o Maranhão partiram duas, ambas sem sucesso, entregues a Aires da Cunha e a Luís de Melo.

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