Certa vez ouvi o comentário de uma mulher a respeito de um rapaz o qual ela o comparava a um camarão. Ela o chamava de "homem camarão" porque para ela só se aproveitava o corpo do individuo. Segundo esta mulher o rapaz era bem dotado de corpo, mas a sua mentalidade não era das melhores. Quanto à analogia com o crustáceos é porque em seu preparo geralmente é desprezado a cabeça do animal e é consumido somente o corpo.
Em nossa sociedade há muito tempo se é observado um numero cada vez mais crescente de jovens que freqüentam clinicas de estética e academias na busca do corpo que eles julgam ser perfeito. Porem o numero dos que freqüentam teatros, museus e demais ambientais favoráveis ao fortalecimento cultural não aumenta tanto assim.
Preparar e cuidar bem do corpo é importante, principalmente porque é ali o habitat de nossa mente. Mas exercitar a nossa mente também é fundamental porque é ela quem deve bem governar nosso corpo.
Embora nossa educação nos tempos atuais tenha uma característica muito mais comercial e de "... ajudar o governo a vencer a próxima eleição" (BAUMAN, 2009, pag. 40) devemos aproveitá-la mesmo assim. Pois é o que temos e temos também a responsabilidade de aperfeiçoar tal conhecimento para torná-lo em nossas vidas melhor.
Curiosamente os gregos do século IV a.C em especial Sócrates ensinavam seus conhecimentos nos ginásios de Atenas onde eram praticados os esportes da época. Onde os homens exercitavam seus corpos. "Surgiu assim uma ginástica do pensamento que logo teve tantos partidários e admiradores como a do corpo..." (JAEGER, 2003, pag. 523).
Precisamos mostrar aos "homens camarão" que "uma educação consciente pode até mudar a natureza física do homem e suas qualidades, elevando-lhe a capacidade a um nível superior" (JAEGER, 2003, pag. 3).
O "rótulo" de "homem camarão" deve desaparecer de nossa sociedade para vir a tona um elevado tipo de homem, consciente e responsável de seus atos. Um ser humano que possua cultura, uma boa educação e principalmente comprometido com o futuro da raça humana.

Referência:
BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
JAEGER, Werner. Paidéia ? A formação do Homem Grego. São Paulo: Martins Fontes, 2003.