OS GOLPISTAS PEDEM VOTOS NOVAMENTE

* Heráclito Ney Suiter


Se o principal objetivo das estratégias econômicas desenvolvimentistas do Século XX foi o bem estar social, vê-se necessário uma reavaliação da dinâmica de funcionamento do capitalismo, haja vista que o modelo adotado não trouxe melhoria de vida as pessoas, se considerarmos um necessário viés de equidade na distribuição de riquezas e consequentemente das tecnologias ? se a economia é global, os ganhos e consequentemente a distribuição de seus resultados (positivos) também devem ser globais.

O que vemos na realidade é que a única coisa que é distribuída de forma equânime nesse processo de globalização econômica é a degradação do meio ambiente (o passivo ambiental). Alguns podem até achar que certas comunidades serão de imediato as mais atingidas com as catástrofes advindas da falta de respeito para com a natureza, como é caso das populações caiçaras e ribeirinhas - as pequenas ilhas do pacífico ou cidades como Palmares no Nordeste brasileiro, recentemente devastada pelas enchentes -, no entanto o resultado certo é que todos, sem exceção, de uma forma ou de outra vão pagar esses prejuízos (a conta dos prejuízos é globalizada). Os problemas ambientais advindos do capitalismo nefasto que acompanhamos pela mídia sensacionalista é a cópia perfeita do modelo padrão da nossa evolução histórico-social, onde o homem ocupa o papel de conquistador, e a natureza, de vítima.

Este Capitalismo que aí está, um Capitalismo nos moldes da escola neoliberal, é um prefácio da Idade Média do capital que foi sucessor da Idade Média do altar, dominada pelo clero. Os neoliberais contemporâneos caíram no mesmo erro da previsão dos teoristas socialistas que tanto combateram - parece que não aprenderam a lição de que não se pode instituir um modelo e/ou regime como único, como novidade e verdade absoluta.

Quero deixar claro ao amigo leitor que não sou contra a Globalização nem ao Capitalismo, simplesmente busco interpreta-los nos moldes aos quais os neoliberais os transformaram. O panorama é o retrato de um Capitalismo mais comprometido com a especulação do que com a produção, e uma Globalização que passou a ser serva de um tipo de Capitalismo opressor, degradando e corrompendo a natureza humana, esmagando personalidades, negando a soberania e anulando a identidade dos povos.

Só se ouve falar de globalização econômica e globalização cultural, mas e a globalização política? A silenciosa reengenharia do Estado e da sociedade promovida pelo doentio pensamento neoliberal - com o mesmo viés da loucura hitleriana que tomou conta da Alemanha nas décadas de 30 até meados da década de 40?. Isso se chama "golpe de Estado institucional", um golpe muito mais fatal do que o modelo clássico que conhecemos; um golpe sem tanques nas ruas, sem interdição de veículos de comunicação, sem fechamento do Congresso. Na realidade esse novo golpe se utiliza do Congresso e dos meios de comunicação para anestesiar e sufocar a consciência de um povo, calar a reação popular, ele não remove governos, como no velho e clássico modelo, ele agora remove regimes; não lida com pessoas, mas sim com valores; não buscam direitos, mas privilégios; não invade a casa dos Poderes, mas domina por cooptação os seus titulares. Os liberais e globalizadores estão se apoderando não de governos, mas sim das instituições que os compõem, tudo isso por debaixo dos panos, num discreto silêncio e clandestinidade, como uma homeopática receita prescrita, com efeitos que aos poucos nos levaram a uma total perda de identidade nacional e a redução de nosso
país ao status de colônia.

O período eleitoral, que coloca em nossas mãos o direito do voto - que talvez seja única arma para combater essa triste realidade, está se aproximando. Aqueles que apoiaram a política do golpismo institucional através das privatizações desnacionalizadoras, das assinaturas de acordos com o FMI, da administração por Medidas Provisórias, do extremo servilismo à casta de banqueiros e a política de Washington, estão pedindo votos para dar continuidade nos seus planos mirabolantes, quero dizer, globalizantes...



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