O guru indiano C.K. Prahalad tem apontado em suas obras (principalmente em “A Riqueza na base da pirâmide) que é possível as empresas crescerem com lucros em mercados com grande incidência de população pobre. Tal afirmação, obviamente muito bem embasada por Prahalad é fácil de compreender.

No Brasil, por exemplo, existem aproximadamente 192 milhões de habitantes. Praticamente 50% desta população pertencem à classe C (e suas variações), aproximadamente 15% pertence às classes A e B e os demais 35% as classes momentaneamente ainda menos abastadas (sim, momentaneamente). Em 2009, inclusive, 50% do consumo do país, foi realizado pela população da classe C.

Em meu artigo “As Massas Também Exigem Qualidade” mencionei o interesse da população em crescimento financeiro ou com maior acesso ao crédito, em adquirir produtos os quais eram quase uma utopia e hoje é acessível a todos.

Bem ou mal, deixando as questões políticas de lado, a população de classe C está aumentando devido à boa parte da população classe D que ano a ano vem fazendo um up grade em direção a classe C, passando assim a aumentar sua renda, seu poder de consumo e paralelamente sua qualidade de vida.

Este aumento de poder aquisitivo colaborou e continuará colaborando diretamente para o aumento do consumo. Os fabricantes de produtos da linha branca e linha marrom, bem como veículos, aparelhos de celulares e até mesmo redes de fast foods podem ficar com o sorriso nas orelhas pois são um dos maiores alvos de consumo desta população. Os lojistas situados em Shopping Centers também tem comemorado o aumento nas vendas e já não criticam mais o excesso de pessoas apenas passeando ou “dando uma olhadinha”.

A situação é clara. Há recursos disponíveis para compra e facilidade de pagamento, logo, existirão esforços de marketing para promover o aumento da demanda. Serão desenvolvidas ações para ampliar de forma significativa os desejos mais profundos da população, para que se consolidem os dois extremos: a população realizando seus desejos de consumo e as empresas, realizando seus desejos de faturamento.

As empresas (indústrias, comércios e serviços) devem estar atentas para esta tendência que tem demonstrado alterações há alguns anos e precisam se adaptar a esta nova realidade sem distinguir sua qualidade em atendimento e respeito em relação às classes sociais existentes. É incrível mas ainda há profissionais de vendas e atendimento atuando nas empresas que representam, “medindo” os clientes pela forma com a qual se vestem ou se apresentam. Se os clientes demonstrarem ter maior quantidade de recursos financeiros, são melhor atendidos ou ouvidos, mas se aparentarem ser menos privilegiados financeiramente ficarão de lado ou nem mesmo serão atendidos.

Dizem que o elefante tem boa memória e jamais se esquece de algo, principalmente de algo que o deixou irritado. O consumidor da classe C é como um elefante. Um dia pode ter se irritado ou se decepcionado com você, pela falta de atenção e respeito quando não teve condições em adquirir produtos ou serviços de sua empresa devido a limitações financeiras. No entanto, quando esta situação se reverter e seu poder aquisitivo aumentar, tenha certeza que ele não terá esquecido sua atitude e por isso desejará que você se esqueça dele!

Ah, falando em se esquecer, não se esqueça que elefantes andam em bando.