Os desafios da Educação digital

Richard Batista Silveira

Atualmente vivemos em um período de transformações cada vez mais rápidas, um momento de plena evolução tecnológica, e por que não dizer, humana. O processo de globalização e integração das diversas plataformas tecnológicas na vida dos indivíduos proporciona novas formas de interação, comunicação, informação e obviamente, educação. Não podemos desatrelar o sistema educacional dos avanços tecnológicos, uma vez que a escola deve acompanhar esse avanço e não deixar ser superada.

Não podemos negar que as diversas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) já são parte integrante de nosso cotidiano, e nesse compasso não podemos deixar de lançar mão dessas tecnologias, essas novas ferramentas nos colocam diante de um novo mundo, e no âmbito educacional nos faz mudar determinados paradigmas e alterar nosso modo de ver o mundo e pensar. Segundo Pierre Levy (2010) é preciso deixar de lado a forma como fomos educados, no processo linear, na família, na igreja e na sociedade – uma crítica apresentada também por Serres (2013) ao nos apresentar um novo perfil de aluno, que não mais está habituado ao sistema tradicional de ensino, pois o digital possibilita outro modo de pensar, outra forma de construir o conhecimento, pautado em uma lógica não mais linear, mas em um conjunto ligados por conexões.

Os estudantes que nos sãos apresentados nos dias de hoje possuem na palma de suas mãos um oceano de informação, sendo assim o quadro negro já não mais será um atrativo frente a dinâmica do facebook e da Wikipédia que apresenta o hyperlink como uma nova forma de pesquisar, e por que não pensar, determinado tema. Serres (2013) afirma que o pensamento de avanço tecnológico é facilmente aplicado no contexto educacional, uma vez que o conhecimento também é transferido e construído por meios físicos: na antiguidade eram os pergaminhos, depois os livros, e hoje é a internet. Diante disso, o autor afirma que o conhecimento está em todos os lugares, disponível para todos, distribuído e não concentrado, assim, segundo ele, é urgente a necessidade de mudança do ensino levando em consideração esses fatos.

Diante de um cenário de mudanças cada vez mais rápidas, o professor possui um papel importantíssimo, não mais como um “transmissor de conhecimento”, mas um mediador, uma vez que, como dito por Serres (2013), o conhecimento está em todo lugar, e é facilmente buscado pelos jovens alunos, o problema agora é mediar essa construção de conhecimentos, segundo Levy (2010) as funções humanas modificam-se, pois as tecnologias intelectuais são dinâmicas, objetivas e podem ser compartilhadas por várias pessoas. O professor dentro desse contexto é um incentivador e animador do intelecto de seus alunos, ampliando também seus horizontes ao invés de se restringir ao papel de fornecedor direto de informações.

Diante de todas as análises dos autores Levy (2010) e Serres (2013) ainda fica uma problemática que é a educação a distância, Serres (2013) apresenta um panorama de rompimento com a tradição, onde antes os alunos obedeciam os professores, sendo submissos aos mesmos, puderam se libertar das correntes que os prendiam nas cadeiras da sala de aula ao transportar consigo todo o conhecimento que precisavam, Levy (2010) por sua vez apresenta um cenário menos romantizado e mais prático ao citar o processo de democratização da educação e do conhecimento gerado pelo processo de Educação a Distância (EaD), afirmando que o ponto crucial dessa nova dinâmica é a ampliação do espectro educacional, mediante a transição de uma educação e de uma formação estritamente institucionalizadas, para outra, erguida em meio a aprendizagens que decorrem da troca de saberes, em diversas instâncias sociais que não somente as instituições de ensino tradicional.

 

Referências bibliográficas: 

PIERRE LEVY. Cibercultura. Editora 34, 2010

SERRES, Michel. Polegarzinha. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013