OS CUMPRIMENTOS JÁ FORAM

                                       

 

          Quanto mais as cidades crescem, tanto mais solitariamente vivem os seres. No meio da multidão a gente vive na solidão.

          Nas cidades pequenas todos se conhecem, todos vivem como irmãos, todos sabem dos problemas dos outros. Há mais cooperação, uma vida mais equilibrada e divertida entre as pessoas.

          Já nas cidades grandes acontece o contrário. Com os trabalhos longe de casa, cada um tem que sair correndo, enfrentando engarrafamentos, ônibus, acidentes, etc. Uns passam pelos outros, não se conhecem, não se cumprimentam, todos vivem como se fossem seres indiferentes, como se fossem anti-humanos. Já não há tempo de conversa, de fofocas, de papinhos de leve. Pra dizer a verdade não há tempo nem para curtir uma paquera. Bom dia ou boa tarde já não existem mais. Quando no caminho se cruza com um conhecido já se sabe os cumprimentos: “oi”, “oba”, “tudo bem”, “tudo jóia” – não se espera resposta, não pára a marcha e  continua. Alguns desacostumados acham isto estranho e dizem que é orgulho – orgulho nada, é o progresso desenfreado. Nas pequenas cidades isto não acontece tanto e se acontecer, então podemos falar que as pessoas são mesmo orgulhosas. Nas cidades grandes o povo até já se acostumou, pois ninguém realmente conhece ninguém.

          Em Cuiabá, que é uma cidade de porte médio, esta poluição já está chegando. É sinal de que o progresso para o povo também está  chegando, se é que podemos chamar isto de progresso. É claro que em todas as cidades esperamos a evolução, mas uma evolução para melhor. Os homens precisam de seus semelhantes, uns precisam dos outros. Somos humanos e precisamos agir como tais: sorrisos, abraços, tristezas, alegrias, aperto de mão, amor, carinho, paz, solidariedade, compreensão, ajuda mútua. Não podemos nos considerar como máquinas, pois elas são ferramentas dos nossos trabalhos.