OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO

 

IVANILDA ALVES DE SOUZA GOMES

ANA DE SOUSA CELESTINO SILVA SANTOS

 

A educação no Brasil tem sido palco de temas polêmicos, reflexões indagadoras e resultados nem sempre satisfatórios, em especial aos índices de reprovação e evasão escolar.

A sociedade organizada procura respostas na educação para a fragmentação de seus conteúdos e para a fragilidade que a instituição escolar está subsidiada.

Alunos que não sabem, professores que não conseguem ensinar.

O que de fato tem proporcionado essa insatisfação geral?

Quantas vezes em nossa prática diária não compreendemos o aluno? Somos preparados para o sucesso das crianças e nunca para o fracasso delas. Qual a nossa atitude diante do aluno que não aprende, que não para quieto, que incomoda os demais pelo seu excesso de curiosidade?

Esse aluno não pode ser esquecido, não podemos omitir que nossa sala é cheia de crianças com as mais diferenciadas curiosidades e comportamentos.

Não podemos desprezar o aluno que tem na escola a possibilidade de ter acesso ao saber e a formas mais dignas de existência. Esse também é um momento da alfabetização, a valorização do ser humano, enquanto membro capaz de aprender, decodificar mensagens, agir e interagir dentro de um ambiente que lhe deve ser peculiar: a escola.

Desta maneira, nesse pensar, não podemos analisar um aluno em critérios seletivos, discriminatórios quando o momento é inclusão, é revisão de conceitos, é formação de homem para não apenas estar no mercado competitivo instalado pela globalização da economia, mas para a ideia de humanização, de escola como construção de um ser autônomo e crítico e participativo nas questões de seu tempo e seu espaço.

Pode-se dizer, então, que a educação só se legitima quando se torna mediadora da construção da cidadania, ou seja, quando contribui efetivamente para a emancipação dos sujeitos que ela envolve.

Seu objetivo intrínseco é, pois, utilizando-se do conhecimento como sua ferramenta de trabalho, a plena realização dos sujeitos históricos como cidadãos, no exercício de sua humanidade pessoal, entendida esta como condição em que os sujeitos podem dispor dos bens naturais, dos bens sociais em dos bens culturais de que precisam para a condução de sua existência histórica, satisfeitas todas as suas necessidades. A ausência ou a limitação desses bens desumaniza os homens, tornando-os degradados, oprimidos ou alienados. É por isso que a educação autêntica é investimento na busca de superação dessas condições de degradação, de opressão e de alienação, é esforço sistemático e intencionalizado de emancipação dos homens que nelas eventualmente se encontrem.

Como sentir prazer em um poema, romance, teatro sem a capacidade de ler e entender o que nos é dito? Como se apropriar das informações e de suas complexas mediações, sem um nível abstrato de entendimento que possui exigências mais complexas que a simples posse de um instrumento leitura?

Não há como compreender o desempenhar razoavelmente de uma atividade produtiva sem um mínimo de compreensão dos complexos processos de produção dentro dos quais vivemos; não há nem mesmo como exigir os próprios direitos.

Sabemos que não será a escolarização sozinha que possibilitará esses níveis de clareza e entendimento, mas sabemos que é um instrumento necessário para se chegar a esse patamar de compreensão.

 O acesso ao ensino é um elemento da democratização e a porta de entrada para a realização desse desejo que clamamos por uma sociedade emancipada dos mecanismos de opressão.

Precisamos aqui, para resgatar o histórico da prática avaliativa, retomar um pouco da história de nosso sistema educacional. O papel da escola mudou radicalmente a partir do advento do capitalismo, em função da necessidade de formação de mão de obra para a Indústria. A partir daí a escola começou a viver um processo ambíguo: por um lado é necessário para preparar o futuro trabalhador, dando-lhe certos rudimentos da cultura e preparando-o para a submissão, mas por outro lado, ao favorecer os elementos da cultura, “corre o risco” de formar pessoas conscientes e questionadoras.

Torna-se interessante destacar as relações entre escola nova, escola tradicional para que tenhamos argumentos essenciais para essa abordagem quanto ao processo de avaliação através aos ciclos, ou seja, um destaque para a escola ciclada, uma vez que a negação de uma tem sido a consolidação de outra.

As duas tendências têm seus pontos positivos e negativos.

Na escola tradicional os conteúdos são repassados de forma mais rápida e isso exige que os alunos tenham disciplina para estudar, em compensação o professor chega com o conceito, à finalização, e, muitas vezes, acaba não dando ênfase no caminho percorrido até se chegar à conclusão.

Já na Escola Nova, o aluno é centro de todo processo pedagógico, deve assumir uma postura ativo-reflexiva frente ao seu aprendizado, contudo, essa tendência peca por, muitas vezes, ser assistemática, já que a prática de ensino parte de interesse dos alunos.

Esse passeio dialético sempre nos vem à mente quando ouvimos falar de educação, reformulação, democratização.

O que hoje pode ser exigido como marco maior de todo o processo de educação é o trabalho de formação para a cidadania. Ser cidadão significa ser tratado com urbanidade e aprender a fazer o mesmo em relação às demais pessoas, ter acesso a formas mais interessantes de conhecer e aprender a enriquecer-se com a troca de experiências com outros indivíduos.

Isso implica tomar consciência de problemas coletivos e relacionar a experiência da própria comunidade com o que ocorre em outros contextos. A educação para a cidadania inclui aprender a tomar a perspectiva do outro _ da mãe, do pai, do professor infantil, de outra criança, de quem perdeu a mãe, de quem tem o pai muito doente, ou preso na penitenciária e ter consciência dos direitos e deveres próprios e alheios. As crianças podem conversar sobre esses aspectos ou refletir sobre eles com base, por exemplo, em enredos criados no faz-de-conta. 

A situação educativa torna-se com isso o ambiente ideal para o cultivo da tolerância, do combate a preconceitos, do aprendizado com base nas diferenças. 

 

REFERÊNCIAS

 

CURY, C.R.J. Educação e Contradição. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1995.

MATO GROSSO, SEDUC. Escola Ciclada de Mato Grosso: Novos Tempos e espaços para ensinar – aprender a sentir, ser e fazer. Cuiabá, MT: SEDUC, 2000.