INTRODUÇÃO

A falta de lazer ativo por parte da sociedade brasileira acarretam inúmeros problemas, tais como queda de rendimento no trabalho, o aparecimento de diversas patologias como o stress e o sedentarismo com diversas outras consequências que poderiam ser evitadas com a prática de uma atividade desportiva, recreativa, dança ou qualquer outra forma de lazer ativo (da Silva, 2013).

Esse trabalho se justifica no sentido de mostrar a importância do esporte lazer na vida das pessoas. O estudo justifica-se ainda para mostrar as pessoas e levá-las a refletir que de fato elas estão trabalhando mais e se preocupando mais com atividades relacionadas ao trabalho mesmo quando estão em horário de folga, deixando de lado o tempo livre que pode ser utilizado para a prática de alguma atividade de lazer, que pode ser essa, esportiva ou qualquer outra que lhes proporcione prazer (da Silva, 2013).

 

“A disponibilidade de tempo significa possibilidade de opção pela atividade ou pelo ócio.”

(MARCELLINO, 1998, p. 17). (Capi, 2006)

 

Lazer

Lazer é uma palavra muito presente na realidade brasileira e percebe-se, a partir da literatura, que o lazer tomou o sentido de um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais (Aquino, Martins et al, 2007).

O lazer tem se constituído assunto polêmico, até mesmo para seus estudiosos, pela complexidade de suas implicações filosóficas, sociológicas e psicológicas. Registram-se, também, duas tendências na conceituação do lazer: uma com enfoque para o aspecto atitude, que vê o lazer como um estilo de vida, em que tempo livre determinado não é a condição básica; outra, que exige um tempo livre do trabalho e de outras obrigações (Aguiar 2000).

 

Constituindo-se, então como um tempo e espaço de organização da cultura, o lazer cria e recria um novo circuito de práticas culturais lúdicas e educativas, doravante experimentadas de acordo com a capacidade de consumo dos indivíduos, com as forças político-sociais em disputa e com a nova funcionalidade – produção e reprodução da força de trabalho – a ele atribuída. Sendo assim, o lazer pode ser compreendido, tal como sugere MASCARENHAS (2003, p. 97), como “um fenômeno tipicamente moderno, resultante das tensões entre capital e trabalho, que se materializa como um tempo e espaço de vivências lúdicas, lugar de organização da cultura, perpassando por relações de hegemonia (Rosado, et al.).

 Os autores brasileiros não apresentam tendências claramente definidas em torno dessas duas linhas, mas seguem a tendência atual, que une tempo e atitude (Marcellino, 1990). Uma definição amplamente difundida é a de Dumazedier (1973) para quem lazer é : ... conjunto de ocupações às quais o individuo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação social voluntária, ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais (Aguiar 2000).

Lazer ativo

A pratica de atividades físicas e, reconhecidamente, um importante fator de proteção em relação as doenças crônicas não transmissíveis e elemento chave na promoção da qualidade  de vida (Nahas et al. 2010).

Após os sucessivos processos de downsizing, reestruturação e reengenharia que marcaram toda a década de 90, nota-se atualmente que as pessoas tem trabalhado cada vez mais, e, por extensão, tem tido menos tempo para si mesmas (VEIGA, 2000). 

Diante das evidencias cientificas acumuladas durante as ultimas décadas quanto a inter-relação “atividade física - saúde” e considerando a elevada prevalência de inatividade

física no lazer4 e baixo nível de atividade física global5, instituições cientificas tem alertado para a necessidade de desenvolvimento de intervenções com vistas a promoção da atividade física (Nahas et al. 2010).

O Passivo do lazer ativo 

O significado do que seja passivo no lazer é alvo de reflexões divergentes. No campo da abordagem biológica da saúde, ele é tomado como as práticas com baixo gasto de esforço corporal; na abordagem sociocultural seria a exposição alienada do indivíduo ao consumismo. Nele não é possível que o ócio seja criativo, sendo um indicativo - por exemplo - das crianças não terem brincadeiras saudáveis como antigamente ou da pouca adesão/aderência ao exercício físico no tempo livre (Pimentel, 2012). 

O Esporte mocinho ou vilão 

No contexto histórico de  desenvolvimento do lazer  nas empresas, destacasse um  fenômeno que não pode deixar de ser mencionado BRACHT (2005) apresenta o esporte com as seguintes características:  ­ é um sistema de ação coisificado e conforme com o trabalho industrial­ é um instrumento de repressão de desejos, é um meio, um fenômeno de manipulação, através da compensação, socialização e  integração por ele cumpridas (BRACHT, 2005).

 Como o esporte consegue cumprir estes papéis ? Utilizando as críticas efetuadas por Brohm , Laguillaumie, Rigauer, Vinnai e Bohme, Bracht apresenta alguns postulados para o  esporte:  ­ - atenuador de conflitos e tensões sociais. ­

- desviador de agressividade social para as ações desportivas. ­

- repressor do instinto sexual com direcionamento do impulso libidinoso.

­- suposto igualador de chances através de regras universais.

- desmantela o engajamento político pelo desvio da atenção do trabalhador.

-­ adaptador do homem às normas de  comportamento competitivo, básico para  a  estabilidade e/ou reprodução da ordem sócio ­econômica capitalista. 

Segundo Rigauer, o esporte e o trabalho industrial possuem características comuns, quais sejam:  disciplina,  técnica, organização, autoridade, concorrência, rendimento, racionalidade e burocratização (Inacio, 1997)

 

Elaborando uma  crítica  ao artigo “Esporte,  educação  e sociabilização:  algumas reflexões à luz da sociologia do esporte” de Mauro Betti (1988), a autora nos mostra  como o esporte  está  diretamente relacionado com a  lógica  do sistema  capitalista  e  com o  trabalho industrial, bem como, de que formas este esporte reproduz os valores dominantes.

Para  iniciar  o debate,  Silva  apresenta  as características que  Betti  aponta  para  o  esporte quais sejam:  ­

- rendimento máximo  ­

- competição  ­

- hierarquia social  ­

- recompensa extrínseca  ­

- regras padronizadas

Além dessas características, Betti aponta  alguns aspectos positivos para  o esporte:  espírito de  equipe,  impressão de  justiça  social pela  igualdade de  condições, caráter  indiscutível das regras, hierarquia flexível, justiça e  imparcialidade; o autor aponta ainda para um esporte onde se busque a resolução de conflitos e sugere que se substitua o controle externo pelo interno, no que diz respeito à elaboração, interpretação e aplicação de regras.  (Inacio, 1997). 

 

Saúde do trabalhador

 Em relação ao conceito de saúde, percebe-se que estamos longe de estabelecer um consenso. Todavia, parece ser universal o entendimento de que saúde não se resume apenas à ausência de doença. Há uma tendência em se mudar de um paradigma biológico para ecológico, definindo saúde como uma condição multidimensional, avaliada numa escala contínua, resultante de complexa interação de fatores hereditários, ambientais e do estilo de vida (Bouchard et al. apud NAHAS, 1997).

 Ao considerar saúde com esta amplitude, admiti-se que muitos fatores (a nível individual ou coletivo) podem influencia-la. Aspectos coletivos importantes são a poluição ambiental e a infra-estrutura do local de moradia (água encanada, saneamento e coleta de lixo). Do ponto de vista psicossocial, aparecem os diversos níveis de exigências da vida em sociedade e das relações com outros seres humanos, seja a nível comunitário ou no trabalho, capazes de gerar ansiedade e estresse. A nível individual, os fatores mais importantes relacionam-se com o estilo de vida pessoal, incluindo a dieta, atividades físicas, comportamento preventivo e controle do estresse (BOUCHARD et al., 1990; BRASIL, 1995; NIEMAN, 1990; ORNISH et al., 1990).

As chamadas doenças crônico-degenerativas (doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral, câncer, diabetes e as doenças pulmonares obstrutivas crônicas), lideres em mortalidade precoce nos países industrializados, estão associadas ao hábito de fumar, dieta inadequada e inatividade física .(Barros et al, 2007)