OS BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO PARA OBTENÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM PESSOAS DA TERCEIRA IDADE

 

Mirian Ribeiro da Costa [1]

 

Resumo

 

O objetivo deste artigo é realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o treinamento de força na terceira idade, enfocando as adaptações fisiológicas e suas implicações na qualidade de vida do indivíduo. No mundo globalizado, a evolução tecnológica, as melhores condições de trabalho e o lazer têm trazido benefícios à população em geral, refletindo numa maior expectativa de vida e aumentando com isso o número de idosos no planeta. Esse processo de “envelhecimento da população” faz surgir uma preocupação com a qualidade de vida desses cidadãos, visto que o sedentarismo é uma característica frequente em seus estilos de vida. A adoção de um estilo de vida ativo, expresso pela prática regular de exercícios físicos, poderia reduzir drasticamente a morbidade entre os idosos. A força é um fator importante para as capacidades funcionais, e sua redução com o avanço da idade pode comprometer a realização de atividades comuns à vida diária. O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis genética, estilo de vida e doenças crônicas que interagem influenciando a maneira pela qual envelhecemos. Como a população está com uma expectativa de vida maior, torna-se importante determinar os mecanismos pelos quais o exercício físico pode melhorar a saúde, a capacidade funcional, a qualidade de vida e a independência dessa população. Entende-se por “boa qualidade de vida” a condição das pessoas não se sentirem limitadas para tarefas que desejam realizar por falta de condição física. A prática de exercícios físicos resistidos, bem como o estilo de vida ativo, propiciam ao organismo humano uma série de adaptações, cardiorrespiratórias (repouso e esforço físico) e músculo osteoarticulares que produzem benefícios, e ao bom funcionamento geral dos sistemas, proporcionando saúde e, consequentemente, melhor qualidade de vida. O quanto de exercício físico praticado adequadamente pode ter efeito de prolongamento da vida, como é postulado em alguns estudos, ainda está em aberto. Entretanto, fazer exercícios com pesos, quando se observa a relação entre a inatividade corporal e a redução da capacidade de desempenho do homem, envelhecendo, é o melhor meio de envelhecer de maneira saudável.

 

Palavras-chave: Qualidade de Vida. envelhecimento. Força. Evolução Tecnológica.

 

 

 

Abstract

 

The aim of this article is to carry out a bibliographical research on strength training in the third age, focusing on physiological adaptations and their implications on the individual's quality of life. In the globalized world, technological evolution, better working and leisure conditions have brought benefits to the population in general, reflecting in a greater life expectancy and thus increasing the number of elderly people on the planet. This process of “population aging” raises a concern with the quality of life of these citizens, as sedentary lifestyles are a frequent feature of their lifestyles. Adopting an active lifestyle, expressed by regular physical exercise, could drastically reduce morbidity among the elderly. Strength is an important factor for functional capacities, and its reduction with advancing age can compromise the performance of activities common to daily life. Aging is a complex process that involves many genetic, lifestyle and chronic disease variables that interact influencing the way we age. As the population has a longer life expectancy, it is important to determine the mechanisms by which physical exercise can improve the health, functional capacity, quality of life and independence of this population. “Good quality of life” is understood as the condition of people not feeling limited to the tasks they want to perform due to lack of physical condition. The practice of resistance physical exercise, as well as the active lifestyle, provide the human body with a series of adaptations, cardiorespiratory (rest and physical effort) and osteoarticular muscle that produce benefits, and to the good general functioning of the systems, providing health and, consequently, better quality of life. How much physical exercise practiced properly can have a life-prolonging effect, as postulated in some studies, is still open. However, exercising with weights, when observing the relationship between body inactivity and the reduction in the ability of men to perform, aging is the best way to age in a healthy way.

 

Keywords: Quality of life. aging. Strength. Technological Evolution.

 

 

Introdução

 

No mundo globalizado, a evolução tecnológica, as melhores condições de trabalho e o lazer têm trazido benefícios à população em geral, refletindo numa maior expectativa de vida e aumentando com isso o número de idosos no planeta.

Esse processo de “envelhecimento da população” faz surgir uma preocupação com a qualidade de vida desses cidadãos, visto que o sedentarismo é uma característica frequente em seus estilos de vida. A adoção de um estilo de vida ativo, expresso pela prática regular de exercícios físicos, poderia reduzir drasticamente a morbidade entre os idosos.

A força é um fator importante para as capacidades funcionais, e sua redução com o avanço da idade pode comprometer a realização de atividades comuns à vida diária. Nesse sentindo, o objetivo deste artigo é realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o treinamento de força na terceira idade, enfocando as adaptações fisiológicas e suas implicações na qualidade de vida do indivíduo.

Numa sociedade caracterizada pela desvalorização e discriminação do idoso, acreditamos que este artigo se torna relevante pela urgente necessidade de discussão sobre a realidade do idoso no que se refere à atividade física e qualidade de vida.

 

FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO

 

O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis genética, estilo de vida e doenças crônicas – que interagem influenciando a maneira pela qual envelhecemos. Segundo o American College of Sports Medicine (1998), em 2003 o número de indivíduos com 65 anos ou mais alcançará 70 milhões apenas nos Estados Unidos. Como a população está com uma expectativa de vida maior, torna-se importante determinar os mecanismos pelos quais o exercício físico pode melhorar a saúde, a capacidade funcional, a qualidade de vida e a independência dessa população.

 

IDADE CRONOLÓGICA

 

É expressa pelos números dos anos ou meses desde o nascimento. Esse critério é independente, ou seja, não leva em consideração fatores fisiológicos e sociais. Diferenças na capacidade funcional entre indivíduos de mesma idade cronológica sugerem que apenas a idade cronológica é insuficiente para determinar o envelhecimento. Alguns autores acreditam que a idade cronológica precisa ser associada a outras medidas de envelhecimento. Essas medidas são descritas como índices de idade funcional. O critério mais comum de idade funcional é a idade biológica, embora outras idades funcionais, incluindo idade psicológica e idade social, tenham sido identificadas.

 

IDADE BIOLÓGICA

 

A idade biológica enfoca o envelhecimento através de mudanças nos processos biológicos ou fisiológicos e suas consequências no comportamento do indivíduo. Uma pessoa pode estar acima ou abaixo da sua idade cronológica – cálculo da idade reativa – dependendo do modo de vida que ela leva, como hábitos alimentares, prática de atividade física e estado de saúde. Se a pessoa possui hábitos de vida saudáveis, sua idade biológica será menos que a cronológica. Entretanto, se o indivíduo possui fatores de risco para doenças cardiovasculares – hipertensão, diabetes, fumo, obesidade, sedentarismo – sua idade biológica será maior que a cronológica. Muitas vezes pessoas com a mesma idade cronológica podem diferir biologicamente, pois possuem diferentes idades psicológicas.

 

IDADE PSICOLÓGICA

 

Refere-se às capacidades individuais envolvendo dimensões mentais ou função cognitiva, como autoestima e auto- suficiência, assim como aprendizagem, memória e percepção. A atividade física regular é de extrema importância na saúde psicológica, social e fisiológica de pessoas idosas.

 

IDADE SOCIAL

 

Refere -se à noção de sociedade muitas vezes com expectativas rígidas do que é e do que não é um comportamento apropriado para o indivíduo daquela faixa etária. A socialização é um processo extremamente complexo, onde não podem existir generalizações sobre a aquisição de papéis sociais anteriores. Infelizmente, apesar muitos anos de pesquisa, não há consenso sobre qual é a melhor alternativa para mensurar a idade real do indivíduo. Entretanto, a idade cronológica parece não ser uma medida adequada para caracterizar o envelhecimento, sendo necessárias outras definições e não somente a biológica psicológica e social já existentes.

 

ENVELHECIMENTO E FUNÇÃO CARDIOVASCULAR

 

Um dos índices de aptidão física é o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), que por sua vez depende de um sistema cardiovascular e respiratório eficiente. A interação desses mecanismos pode ser mais bem compreendida através da fórmula:    VO2máx = DC x dif. a- VO2.

Todos os componentes do sistema de transporte de oxigênio tendem a melhorar com o treinamento, especificamente com o treinamento aeróbio. O débito cardíaco (DC) representa a quantidade de sangue bombeada pelo músculo cardíaco por minuto e é um produto da frequência cardíaca (FC) pelo volume sistólico (VS) que é a quantidade de sangue ejetada pelo miocárdio a cada contração. A diferença arteriovenosa (dif. a- VO2) corresponde à quantidade de oxigênio que está sendo utilizada pelas células a partir do sangue arterial. Diante do exposto, podemos concluir que o indivíduo que apresentará um maior débito cardíaco e uma maior diferença arteriovenosa de oxigênio, em outras palavras, um sistema cardiorrespiratório mais eficiente.

 

RESPOSTAS AGUDAS AO EXERCÍCIO FÍSICO DINÂMICO

 

O VO2máx declina a 5 a 15% pode década após os 25 anos. Esses declínios parecem ser provocados por uma diminuição no débito cardíaco e na diferença arteriovenosa de oxigênio. A variável que mais contribui para essa diminuição parece ser a frequência cardíaca máxima que diminui 6 a 10 batimentos por minuto (bpm) por década de vida. As razões para o declínio da frequência cardíaca máxima não são totalmente esclarecidas, mas provavelmente incluem alterações na liberação e resposta das catecolaminas e uma crescente rigidez da parece cardíaca. Entretanto, existem evidências de que o volume sistólico no exercício máximo pode refletir, entre outros fatores, uma perfusão miocárdica deficiente, uma menor resposta inotrópica e cronotrópica do miocárdio às catecolaminas, uma menor elasticidade da parede ventricular e, portanto, enchimento diastólico menor. Durante a realização do exercício máximo, os idosos contam com o mecanismo de “Frank Starling” para obter um maior volume sistólico. A utilização desse mecanismo é evidenciada pelo aumento do volume diastólico final.

A pressão arterial sistólica e diastólica e a resistência vascular periférica também são maiores durante o exercício submáximo em idosos quando comparados com adultos jovens. A frequência cardíaca na mesma carga relativa de trabalho (mesmo percentual de VO2máx) é menor em idosos quando comparada com adultos, jovens, entretanto, em cargas absolutas a frequência cardíaca de indivíduos jovens e idosos se composta de maneira semelhante. O débito cardíaco em idosos na mesma carga relativa e absoluta de trabalho é menor, enquanto a diferença arteriovenosa de oxigênio tende a ser maior. Os idosos também apresentam menor volume sistólico em cargas absolutas e relativas de trabalho quando comparados com adultos jovens. Durante o exercício físico, a resistência vascular periférica diminui com a intensidade do exercício e é maior em idosos quando comparado com adultos jovens na mesma carga absoluta e relativa de trabalho, principalmente na mulher, porque o aumento na pressão arterial com a idade é mais dramático em mulheres, embora a pressão arterial com a idade é mais dramática em mulheres, embora a pressão arterial seja maior em ambas as cargas de trabalho.

 

ALTERAÇÕES NAS CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS INDUZIDAS PELO ENVELHECIMENTO

 

A variação genética contribui para a variabilidade fenotípica, ou seja, ela é influenciadora na variabilidade entre grupos que apresentam caracteres exteriores iguais, porém geneticamente diferentes. Esta variabilidade pode gerar diferentes formas de estruturação corporal, surgindo assim diferentes variações morfológicas no homem. Estas variações morfológicas são classificadas através de características. Nosso interesse são as características quantitativas que são produto da interação de muitos genes e podem ser classificadas em antropométricas.

A quantificação das características antropométricas do corpo, bem como, a forma e o tamanho são determinados fundamentalmente pela carga genética. As características antropométricas e da composição corporal são as maiores responsáveis pela variação do peso corporal. Onde os três principais componentes do corpo humano são osso, músculo e gordura. Esses componentes podem ser alterados positivamente pela atividade física ou negativamente pelo sedentarismo e doenças (DANTAS, 1999:p-61).

Em relação ao processo de envelhecimento ocorrem modificações estruturais nestes componentes morfológicos em ambos os sexos, tais como um maior acúmulo de gordura na região central do corpo do que na região periférica. Bem como, alterações nas funções orgânicas e mentais, como por exemplo, perda da capacidade de manter o equilíbrio homeostático, alterações na frequência cardíaca, reduções no consumo máximo de oxigênio, musculatura esquelética, densidade óssea e flexibilidade (SILVA, 1987:p.18).

As mudanças na composição corporal em decorrência do avanço da idade, podem ser atribuídas a vários mecanismos fisiológicos, como por exemplo, diminuição do nível de atividade física com o aumento da idade pode contribuir para o aumento do depósito de gordura corporal (WEINECK,1991:p.77). estas alterações são mais intensas no mecanismo de regulação e ocorrem no período da idade de mudanças – 40 a 60 an0s -, podendo estas serem relacionadas com o risco de desenvolvimento de desordens metabólicas e várias doenças. Segundo alguns estudos epidemiológicos e clínicos, se tem revelado que um número de nos mensuram antropométricas do corpo humano podem estar relacionados com estes riscos.

 

O HOMEM MODERNO E SEU COMPORTAMENTO

 

O grande avanço tecnológico que atingiu a população, proporcionando um maior confronto foi acompanhado de um aumento de enfermidades denominadas de doenças degenerativas. Este processo desenvolvimentista trouxe mudanças de hábitos na vida do ser humano. O homem passou a produzir e ingerir mais alimentos do que necessita.

Desenvolveu técnicas e equipamentos que vieram a facilitar na execução das tarefas diárias com um menor dispêndio energético. Esta mecanização trouxe para o homem uma transformação de seus hábitos de vida anteriores em sistema automatizado e sedentário causando sérios inconvenientes à sua saúde. Bem como, a complexidade na formação da sociedade faz com que o homem viva sob um contínuo stress.

Estes aspectos na mudança do comportamento do homem tiveram sua maior intensidade após a segunda guerra mundial, com a industrialização. Pois, segundo WEINECK (1991:p.75), após este período as principais causas de norte nos países industrializados passaram a ser de responsabilidade das doenças cardiocirculatórias, em vez das doenças infecciosas, como é mostrado abaixo.

 

 

 

 

DOENÇAS

Países em desenvolvimento

Países

desenvolvidos

Doenças infecciosas

39%

6%

Câncer

4%

18%

Doenças cardíacas e vasculares

4%

48%

 

 

Como se pode observar no quadro acima, o avanço industrial tem seu papel importante no aumento percentual de doenças e causas de morte provocadas pelo sistema cardiovascular. Nos países desenvolvidos o aumento das doenças ateroscleróticas nas estatísticas de mortalidade de doenças cardiocirculatórias tem sido muito caracterizado.

As doenças cardiovasculares representam importante causa na redução da capacidade física do ser humano, e a mortalidade devida a estas doenças eleva-se exponencialmente após os 65 anos de vida e em 80% dos casos resultam de complicações da aterosclerose (POLLOCK, 1993:p.112).

A diminuição dos espaços urbanos diminuiu a possibilidade de estes serem usados como áreas de lazer acarretando com isso diminuição da prática da atividade física e, como consequência elevando os índices de sedentarismo.

A hipocinesia apareceu como um dos maiores desencadeadores de processos degenerativos no homem. Isto acontece nos dias de hoje devido à diminuição da prática regular da atividade física acarretando o aumento dos índices de sedentarismo. O aumento representativo nos índices de mortalidade é determinado pelas condições de nossa civilização, onde a hipocinesia é o fator importante para a sua formação. Sendo observado que em cada três casos de morte do coração e da circulação ou cada seis casos de todas as mortes registradas um é com doença cardíaca coronariana (POLLOCK, 1993:p.115).

 

ALTERAÇÕES NAS CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E NA COMPOSIÇÃO CORPORAL INDUZIDAS PELO ENVELHECIMENTO

 

O processo evolutivo do homem quando analisamos sua estruturação corporal, acarreta determinantes e modificadores estruturais. Segundo LEITE (1990:p.69), esses determinantes e modificadores podem ser divididos em três classes:

 

  • Fatores genéticos, incluindo sexo, bem como o crescimento e envelhecimento;
  • Fatores nutricionais;
  • Fatores que envolvem os aspectos orgânicos e nível de condicionamento.

 

Alguns aspectos devem ser considerados quando os estudos relatam o trabalho com indivíduos no processo de envelhecimento:

 

  • O nível socioeconômico;
  • O acúmulo de gordura corporal pode ser mascarado devido a densidade óssea e musculatura esquelética;
  • Existe alta relação entre obeso idoso e índice de mortalidade;
  • Por questões éticas os exames são sempre realizados em indivíduos voluntários;
  • As tabelas peso/estatura são bons preditores para jovens, porém para idosos pode haver uma subestimação nos valores.

 

O envelhecimento acarreta modificações na massa e na composição corporal. Estas alterações, por muitas vezes, estão relacionadas à diminuição do gasto energético diário pelo indivíduo. Atividades como caminhar até a parada de ônibus, cuidar do jardim ou trabalhar, não são desempenhadas com a mesma intensidade quando o indivíduo atinge idade igual ou acima de 65 anos (PETROSKI, 1998:p.34).

O mesmo autor revela que em alguns estudos transversais os resultados mostram uma diminuição em torno de 5-7 cm de estatura em alguns grupos. Porém, com relação ao peso, a análise das alterações é um pouco mais complexa e difere entre sexos, como, por exemplo, o homem pode aparentar uma pequena diminuição no peso corporal entre 65-70 anos quando comparados com a idade de 40 anos. Enquanto que a mulher frequentemente mostra um aumento através deste período.

PIRES NETO (1993:p.72), em seus relatos descreve com mais detalhes sobre os aspectos relacionados com o envelhecimento:

 

  • Nos rapazes ocorre um aumento na porcentagem de gordura corporal, a um nível de 15 a 20% por volta de 20 a 30 anos;
  • Na meia idade (40 a 49 anos) é comum um acúmulo de 5 a 10 kg de gordura, elevado o percentual de gordura para 25 a 30%;
  • A massa corporal volta a declinar no final da década da vida ativa (55 a 65 anos), porém esse declínio é devido a uma maior perda de massa magra do que a gordura corporal;
  • Na mulher é característico um percentual de gordura em torno de 20 a 25% na adolescência e idade adulta jovem, após a menopausa ocorre um acúmulo no tecido adiposo a nível de 30 a 35% de gordura. Mudanças na hidratação corporal, desmineralização óssea e alterações na massa magra corporal também são problemas apresentados com o avanço da idade.

Alguns outros aspectos são enfatizados por outros autores, como por exemplo, em relação a massa magra corporal, onde através do método da diluição de potássio, observaram a perda da massa magra corporal com o avanço da idade.

As dobras cutâneas com o avanço da idade também sofrem modificações, tanto no sexo masculino como no sexo feminino, em consequência ocorrendo um aumento progressivo nos valores de adiposidade com o passar da idade.

O processo de envelhecimento tem uma tendência, na mulher, de acumular gordura de tendência central e a relação cintura/coxa é um bom índice para determinação da distribuição de gordura em mulheres.

 

ENVELHECIMENTO E ESTRUTURA ÓSSEA

 

Um problema muito comum com o avanço da idade é a osteoporose. A osteoporose é um dos maiores problemas relacionado à saúde em nossa sociedade, particularmente, em mulheres idosas. A maior frequência desta doença degenerativa está associada à mulheres idosas que têm uma queda na produção de estrogênio que acompanha a menopausa (MCARDLE & KATCH, 1998:p.201). Para alguns autores isto ocorre a partir dos 30, 40 anos ou na menopausa. Outros autores citam que o início da perda da densidade óssea no colo do fêmur começa aos 20 anos ou na idade adulta jovem, e indicam quatro fatores primordiais que estão associados à osteoporose:  genéticos, exercício, estado hormonal e nutrição (MATSUDO et al. 1991:p.143). Contudo os fatores genéticos parecem ter grande impacto sobre a osteoporose.

 

ENVELHECIMENTO E FUNÇÃO MUSCULAR

 

A força máxima é atingida por volta dos 25 anos de idade, e entra platô até a faixa dos 35-40 anos, quando mostra um declínio rápido com perda de 25% de força muscular máxima na idade de 65 anos. A massa muscular diminui, aparentemente com uma perda seletiva na secção transversa. Não está claro se isto é uma hipotrofia geral do músculo esquelético ou uma hipoplasia e degeneração das fibras tipo II, associada com a perda do broto terminal do nervo motor. Outras causas da perda funcional incluem uma deterioração das estruturas terminais das placas motoras, junções mioneurais, piora do mecanismo de excitação/contração, e diminuição do recrutamento de fibras. Tanto o tempo de contração e o tempo de relaxamento estão prolongados e, por isto, a velocidade de contração máxima é diminuída. Mudanças são maiores nas pernas que nos braços, possivelmente porque há uma maior diminuição no uso das pernas com a idade. A resistência muscular em dada fração da força voluntária máxima, aparentemente, melhora com a idade, em parte devido aos músculos agora conterem uma maior proporção de fibras tipo I, e também pela menor força muscular, que diminui a pressão sobre os vasos sanguíneos, restringindo, menos em pessoas jovens, a perfusão dos tecidos (SANTARÉM, 1999:p.34).

A perda da força progressivamente impede ações normais do dia-a-dia. Torna-se difícil transportar um pacote de 5 kg de alimentos, abrir um frasco de remédio, e até levantar o próprio corpo do assento da toalete. A relação de força homem/mulher não é alterada.

A força muscular pode ser bastante melhorada por um período tão curto como 8 semanas de treinamento com pesos, até mesmo em sujeitos com 90 anos de idade. A síntese proteica ocorre mais lentamente que em adultos jovens, porém a comparação de secções transversas de músculos entre pessoas ativas e inativas sugere que muito da perda de articulações, reduzem o risco de quedas e diminuem a magnitude da dispneia. Algumas vezes há o temor que exercícios com peso possam causar um perigoso aumento na pressão arterial, provocando um ataque cardíaco. Todavia, se o sujeito evitar a manobra de valsalva, e mantiver 60% da força máxima voluntária por mais que poucos segundos, o aumento da pressão sanguínea não será maior que durante uma série de exercícios na bicicleta ergométrica (SANTARÉM, 1999:p.37).

 

ENVELHECIMENTO E FLEXIBILIDADE

 

A elasticidade dos tendões, ligamento e cápsulas articulares diminuem devido a deficiências no colágeno. Durante a vida ativa adultos perdem algo como 8-10cm de flexibilidade na região lombar e no quadril. A restrição na amplitude do movimento das maiores articulações torna-se maior durante o período da aposentadoria, e eventualmente, a independência é ameaçada porque o indivíduo não consegue utilizar um carro ou um banheiro normal, subir uma pequena escada ou combinar movimentos de vestir-se e pentear os cabelos.

Pensa-se que a flexibilidade possa ser conservada por suaves movimentos levados em toda a amplitude das principais articulações. Se a fraqueza muscular e artrite estão avançadas, tais movimentos devem ser tentados em água aquecida. A flutuabilidade gerada pelo empuxo da água, que sustenta o peso corporal e o aquecimento da água, incrementa a flexibilidade imediata das articulações.

 

ENVELHECIMENTO E FUNÇÃO METABÓLICA

 

Muitos mecanismos hormonais diminuem sua eficiência em pessoas idosas. Por exemplos, o pâncreas e a tireoide são afetados por lesão e, ou, diminuição no número de células secretoras e, o miocárdio tem uma diminuição no número de receptores para as catecolaminas. Consequências clínicas destas mudanças incluem o desenvolvimento de diabetes resultando em obesidade, diminuição da tolerância ao frio e depressão.

A Diabete Mellitus apresenta um imediato risco de cetose, hiper e hipoglicemia. Complicações crônicas podem limitar a tolerância ao exercício físico. No entanto, um exercício moderado com uma dieta de restrição energética são um tratamento efetivo para a diabete no idoso, muitos pacientes são, assim, poupados de complicações da terapia insulínica e controle rígido da ingesta alimentar. Os exercícios físicos podem, também, corrigir tanto a obesidade e a depressão no paciente com hipotireoidismo (MCARDLE, et al. 1998:p.233).

MUSCULAÇÃO NA TERCEIRA IDADE

 

Existem várias teorias que justificam o envelhecimento. Uma delas é a teoria do envelhecimento geneticamente determinado, programados na cadeia do DNA. Outra teoria bem discutida recentemente é a teoria dos radicais livres onde eles surgem das mais diversas reações orgânicas com o oxigênio molecular, alterando as propriedades das membranas, proporcionando assim, o envelhecimento.

Assim, o treinamento com peso aplicado à pessoa idosa, merece uma atenção especial, devido as várias modificações estruturais e metabólicas que acontecem nessas pessoas, e difere nos seus objetivos de treinamento, em relação às pessoas mais jovens.

Em capítulos anteriores, tratamos das principais modificações estruturais e metabólicas que ocorrem com o envelhecimento. Assim, verificamos que a atividade física para as pessoas idosas se torna importante para nós, profissionais de Educação Física, quando podemos diminuir o impacto e retardar a instalação dessas modificações orgânicas que ocorrem com o passar dos anos.

Podemos com o treinamento de musculação aumentar a área de secção transversa da massa muscular, melhorando a força, a flexibilidade, a capacidade aeróbica, etc.

Assim, ao iniciarmos o programa de treinamento, antes de qualquer coisa temos de realizar uma avaliação pré exercício.

Essa avaliação deve ser minuciosa, constando de uma anamnese médica rigorosa. O exame médico deverá ser completo, com teste ergométrico e, com uma avaliação articular detalhada. Realizar também as medidas antropométricas e a avaliação postural, da mesma maneira que se realizar em jovens e adultos.

Feito todos os exames e medidas, liberado pelo médico para a prática da atividade física, elaboraremos a série de exercícios, levando em conta seus objetivos que geralmente são o de melhoria da resistência aeróbica e o fortalecimento geral da musculatura, principalmente a musculatura dos membros inferiores, onde objetivamos aumentar a densidade mineral óssea dando mais firmeza aos ossos, proporcionando melhor sustentação do peso do corpo.

As séries deverão ser montadas como um circuito aeróbio, trabalhando os grandes grupos musculares com o objetivo de desenvolver a Resistência Muscular Localizada (RML) com mais ou menos 30 repetições, realizando em torno de dois grupos de repetição por cada exercício, com peso leve e, aos exercícios que produzirem modificações na frequência cardíaca, daremos uma intensidade que mantenha essa frequência cardíaca na zona alvo (GUEDES, 1995:p.66).

A frequência semanal deverá ser de três vezes por semana. É necessário realizar um aquecimento geral procurando fazer exercícios de alongamento, antes de qualquer sessão de treinamento.

A seguir vamos abordar a musculação aplicada a idosos com alguns dos tipos mais comuns de patologias.

 

MUSCULAÇÃO APLICADA A HIPERTENSOS   

 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), hipertensão arterial é definida como sendo uma pressão sanguínea sistólica elevada, igual ou superior a 160 mm de Hg e uma pressão sanguínea diastólica igual ou superior à 95 mm de Hg, estando o indivíduo em repouso físico e mental.

A hipertensão geralmente é idiopática, ou seja, de origem desconhecida. Chamada de hipertensão primária ou essencial, não apresenta causa orgânica para a elevação da pressão sanguínea, podendo ser resultante de vários fatores tais como carga genética, obesidade, inatividade física, estresse, etc.

A hipertensão que apresenta alguma causa orgânica para a elevação da pressão sanguínea é chamada de hipertensão secundária e, pode ter como causa, por exemplo, uma doença dos rins.

A hipertensão, principalmente a primária, além de ser uma das doenças mais frequentes no ser humano, é perigosíssima por dois motivos:

 

  1. Primeiro porque as pessoas não sabem que são hipertensas, correndo o risco de desenvolver doenças irreversíveis em outros órgãos;

 

  1. Segundo porque a hipertensão é considerada um dos principais fatores de risco primário para o desenvolvimento de doenças coronarianas.

Atualmente, os fatores de risco para a doença coronariana, são divididos de acordo com a tabela abaixo:

 

 

Fatores de risco primário

Fatores de risco secundário

Alteráveis

Alteráveis

Hipertensão

Diabetes

Lipídios sanguíneos

Estresse

LDL- C elevado

Inatividade Física

Triglicerídeos elevados

Obesidade

HDL- C baixo

Inalteráveis

- Fumo

Idade

 

Sexo masculino

 

Hereditariedade

 

 

Sabendo que o fator de risco primário: corresponde ao que o fator sozinho pode causar de dano ao órgão correspondente, e o fator de risco secundário, ao que o fator de combinação com outro pode causar de doença ao órgão.

Sempre é bom lembrar, que ao trabalharmos com pessoas especiais, tais como hipertensos, diabéticos, idosos, etc., estaremos ligados à um grupo de profissionais que estarão trabalhando para o mesmo objetivo: a melhoria da qualidade de vida do indivíduo.

Esse grupo de trabalho deve ser composto, por exemplo, por um médico, um fisioterapeuta, um nutricionista e um professor de Educação Física.

Também é bom lembrar que o idoso só irá iniciar o treinamento físico, a partir do momento em que for liberado pelo médico para tal atividade.

Ao iniciarmos o treinamento físico em hipertensos, primeiramente verificaremos se ele faz uso de remédios tais como bloqueadores beta-adrenérgicos, diuréticos e vasos dilatados periféricos, para que possamos prescrever exercícios apropriados à situação individual do idoso. Os betas bloqueadores, por exemplo, reduzem a frequência cardíaca. Portanto, o acompanhamento da atividade física pela frequência cardíaca não deve seguir padrões normais e, deve-se ter o cuidado na elaboração da intensidade do trabalho (WEINECK, 1991:p.139).

Os diuréticos, ao contrário dos betas bloqueadores permitem que o controle de treinamento físico seja feito através da frequência cardíaca. Os vasos dilatadores periféricos por produzirem o relaxamento da musculatura lisa das artérias e veias, ao final do treinamento físico é importante submeter o idoso a um tempo de volta à calma para que não se desencadeie uma hipotensão. A atividade física pode ser controlada pelos padrões normais de frequência cardíaca (WEINECK, 1991:p.145).

No treinamento físico a ser aplicado é recomendado que os exercícios devam ser de contração dinâmicas e de intensidade média procurando proporcionar um trabalho de resistência Muscular Localizada (RML), embora no contexto geral do programa de treinamento o objetivo seja o de proporcionar uma reação cardiorrespiratória e hemodinâmica  ao exercício, propiciando ao idoso um treinamento aeróbico, pois, estudos realizados mostram resultados onde o trabalho aeróbico, consegue-se reduções moderadas tanto na pressão sanguínea sistólica quanto na pressão diastólica.

Em uma sala de musculação poderíamos elaborar para os nossos idosos, séries aeróbicas de exercícios com contrações dinâmicas, utilizando baixa quilagem, buscando atingir o objetivo proposto.

Os trabalhos isométricos e de intensidade elevada, não são recomendados para indivíduos hipertensos, segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva.

 

MUSCULAÇÃO APLICADA A DIABÉTICOS

 

A Diabete Mellitus é uma patologia que se caracteriza pelo comprometimento da produção de insulina pelo pâncreas, causando o aumento dos níveis de glicose sanguínea, mesmo a pessoa estando em jejum.

Pode ter como causa vários fatores tais como a hereditariedade, a obesidade, a inatividade física, o estresse, a alimentação inadequada, a gravidez, o envelhecimento, etc.

A Organização Mundial de Saúde caracteriza as pessoas como sendo diabéticas, quando os níveis de glicose no sangue ultrapassam a 140 mm%.

 

Existem dois tipos de diabetes mellitus:

 

  • Tipo I – também conhecida como diabete juvenil, ou insulinodependente – caracterizada pela redução ou não produção de insulina no pâncreas. Ocorre normalmente até os 24 anos e, também é, normalmente hereditária.
  • Tipo II – também conhecido como diabete adulta, ou não-insulano-dependente - caracterizada pela diminuição do número ou da afinidade dos receptores de insulina das células, proporcionando uma resistência à ação da insulina. Ocorre normalmente após os 24 anos e é associada à obesidade que pode ser a responsável pela insuficiência insulínica.

 

A insulina é um hormônio hipoglicêmico e anabolizante produzido pelo pâncreas que tem a principal função de promover a entrega da glicose através da membrana das células para a sua oxidação. No metabolismo glicídico é responsável também pela síntese do glicogênio no fígado e nos músculos ne inibe a glicogenólise e a gliconeogênese (MCARDLE et al. 1998:p.171).

No metabolismo proteico a insulina é responsável pela síntese de proteína a partir dos aminoácidos e, inibe a sua degradação.

No metabolismo lipídico a insulina ativa a síntese de ácido graxos e triglicerídeos e inibe a lipólise (produção de ácido graxos livres). A insulina tem o seu controle feito principalmente pelo nível de glicose circulante e por aminoácidos. A diabetes pode produzir a arteriosclerose e, com isso pode provocar a hipertensão, que acarreta em doenças arteriais coronarianas. Além disso, a diabetes está relacionada com a hiperlipoproteinemia e a hiperuricemia (MCARDLE, et al. 1998:p.177).

Os exercícios físicos produzem efeitos benéficos no controle da diabetes. Entretanto, é importante que saibamos o que a atividade física pode produzir em uma pessoa diabética com deficiência de insulina:

 

  • no metabolismo glicídio há o aumento da glicemia no sangue devido ao aumento da produção de glicose pelo fígado para suprir a necessidade dos músculos que estão em atividade e, a diminuição da captação da glicose pelo músculo produzindo hipoglicemia. Aumenta a glicogenólise e a gliconeogêneses que influenciam na produção de corpos cetônicos, no metabolismo lipídico.
  • no metabolismo lipídico, há o aumento da produção de ácidos graxos livres que passa a ser utilizado como fonte energética (permitindo o emagrecimento do diabético), aumentando a produção de corpos cetônicos, que também é estimulado pelo bloqueio da síntese da gordura aumentando a liberação de ácidos graxos livres.
  • no metabolismo proteico ocorre a diminuição da síntese de proteínas, fazendo com que o indivíduo tenha perda de massa magra. Da mesma forma que o exercício pode levar o diabético com deficiência de insulina a ter problemas, nos diabéticos com exercício de insulina também ocorrem efeitos indesejáveis: Pode ocorrer hipoglicemia devido ao exercício aumentar a captação pela insulina da glicose sanguínea para o músculo. A hipoglicemia também está relacionada devido ao fígado não ter aumentado sua produção de glicose.

A prática de atividades físicas em diabéticos do Tipo I (insulina- dependentes) deve ser bem controlada, devido às razões anteriores citadas e, a outras que descrevermos a seguir (Fonte: CARVALHO, 1993:p.55-57).

durante a atividade física o idoso deve se alimentar para manter o nível de glicose, através de nutrientes facilmente digeríveis tais como açúcares e suco de frutas. Deve-se também ingerir os carboidratos antes e após os programas de exercícios;

  • o idoso deve dosar a glicemia quando for iniciar a série de exercícios;
  • Deve-se diminuir a dose de insulina ou aumentar o consumo de carboidratos antes de iniciar a série de exercícios;
  • Para se evitar a hipoglicemia, a atividade física deve ser iniciada de uma a três horas após as refeições;
  • Procurar injetar insulina na musculatura que não entrará em atividade durante o exercício, porque se a atividade física se localizar no músculo onde foi aplicado insulina, observa-se que a taxa de absorção de insulina aumenta, produzindo hipoglicemia;
  • Evitar realizar atividade física durante o tempo da atividade máxima da insulina;
  • Recomenda-se que os exercícios sejam iniciados uma hora após a aplicação de insulina no organismo;
  • Procurar estimular o gasto calórico do programa para poder balancear com a ingestão de alimentos, principalmente carboidratos;
  • É importante a presença de alguém que conheça os sintomas da doença, para acompanhar o desenvolvimento do programa de exercício.

Recomenda-se para diabéticos insulana- dependentes que o programa de exercícios seja realizado em sessões diárias (5 a 7 vezes por semana) com o tempo de duração da sessão de 20 a 30 minutos. Não é indicado proporcionar exercícios de grande intensidade ou longa duração para evitar a hipoglicemia (ARDUINO,1963:p.67).

Para os diabéticos não- insulina- dependentes o exercício também deve ser diário com sessões de 40 a 60 minutos. Busca-se sessões longas para manter o gasto calórico e controlar o peso gorduroso, proporcionando a diminuição do volume do adipócito melhorando o número e a tolerância a glicose (CHIUMELLO et al. 1993: 46).

É importante lembrar que o controle de toda essa elaboração do programa de treinamento (tempo e intensidade dos exercícios), da dieta (quantidade e qualidade dos carboidratos), da medida do nível de glicose, do local da aplicação e dos níveis de insulina e de outros tópicos, será frito por um grupo de profissionais da área de saúde que agirão junto aos diabéticos no sentido de diminuir a dependência a insulina, buscando a melhoria da sua qualidade de vida.

 

MUSCULAÇÃO E OSTEOPOROSE

 

Estudos transversais e longitudinais concordam que o exercício físico aumenta o pico de massa óssea atingido nas primeiras décadas de vida, mantém a massa óssea e reduz a brusca perda de tecido ósseo que ocorre nos primeiros anos após a menopausa. Contudo, o exercício físico isoladamente não tem capacidade de reverter ou restaurar a massa óssea, nem modificar os efeitos deletérios das baixas taxas de estrogênios ou da baixa ingestão de cálcio (SANTARÉM, 1999:p.96).

A musculação exerce stress mecânico sobre os ossos que favorece uma mudança estrutural local chamada de remodelação óssea. A carga mecânica sobre o esqueleto favorece o aumento da massa óssea e ela mantém-se em bom nível proporcionando a sua estrutura suportar carga funcional. A inatividade exerce influência negativa sobre a densidade mineral óssea e os efeitos benéficos da musculação podem ser comprometidos pelo estado nutricional e hormonal (MATSUDO & MATSUDO, 1992:p.119).

Existe relação entre massa muscular e conteúdo mineral óssea local. O conteúdo mineral ósseo está correlacionado com a força óssea e pode ser usado como indicador de força óssea. O efeito do exercício sobre o esqueleto está na dependência de sua intensidade, frequência, tipo e duração (MATUSO & MATSUDO, 1992:p.121).

A intensidade do stress proporcionado pelo exercício tem maior influência sobre a ossatura do que o número de ciclos de exercícios. Para que o conteúdo mineral ósseo melhore depende, principalmente, da força exercida sobre o local de interesse.

Exercícios realizados com pesos demonstram que a densidade mineral óssea aumenta. PICKLES (2002:p.202) observou o aumento de 5,2% no conteúdo mineral ósseo da coluna vertebral num grupo de mulheres pós-menopáusicas submetidas a treinamento com pesos por um período de nove meses.

Existe relação entre história de atividade física e dimensão óssea em adultos, aqueles que praticam atividade física desde cedo na vida apresentam menor risco de osteoporose.

O exercício regular, com pesos, é recomendado pelos prováveis benefícios musculoesqueléticos. Estas atividades favorece o aumento da força, densidade mineral óssea, coordenação, flexibilidade e reduz o risco de quedas principalmente em idosos. Os exercícios têm condições de abranger maior número de segmentos corporais que o aeróbio, como a corrida, exercendo tensão e/ou pressão suficientes a cada um deles resultado numa possível melhora de massa óssea local e consequentemente uma melhor DMO total (MATSUDO & MATSUDO, 1992:p. 71).

 

A MUSCULAÇÃO E A QUALIDADE DE VIDA

 

Entende-se por “boa qualidade de vida” a condição das pessoas não se sentirem limitadas para tarefas que desejam realizar por falta de condição física. Evidentemente uma pessoa que tenha bem desenvolvidas todas as qualidades de aptidão estará preparada para qualquer tipo de esforço. O sedentarismo é a causa mais frequente de má condição física, dominando todas as qualidades de aptidão. Considerando-se os esforços mais comuns na vida diária e no trabalho braçal, a diminuição de força e flexibilidade são as mais prejudiciais para a qualidade de vida. A condição aeróbica acima da média, que seria importante para prolongar esforços de baixa intensidade, não é condição necessária para a realização das tarefas da vida diária, e da grande maioria das formas de trabalho braçal, quando uma pessoa debilitada apresenta dispneia e taquicardia frente a pequenos esforços, estamos diante de um efeito da falta de força muscular. Explicando melhor:  a queda da homeostase nos exercícios é proporcional à intensidade do esforço, ou seja, quando maior a intensidade do esforço, maior a repercussão hemodinâmica. A intensidade do esforço é um conceito relativo, e que depende do percentual de capacidade contrátil que está sendo utilizado. Assim sendo, uma tarefa qualquer será de baixa intensidade para uma pessoa forte e de alta intensidade para uma pessoa enfraquecida. Pessoas fortes utilizam menor percentual de capacidade contrátil do que pessoas debilitadas, para as mesmas tarefas. Ao aumentar a força muscular, portanto, consegue-se diminuir a intensidade dos esforços em geral. No caso de uma pessoa com boa força muscular, na vida diária e no trabalho braçal, a homeostase comente será afetada na medida em que houver necessidade de prolongar os esforços, o que exige resistência. Nestas situações, o tipo de resistência necessária é a anaeróbica. Estes recentes conhecimentos de fisiologia do exercício explicam porque os exercícios com pesos são tão eficientes em reabilitação geriátrica. O aumento da força e da flexibilidade devolve rapidamente qualidade de vida aos idosos e, mais do que isto auxiliam na prevenção de quedas, com consequente diminuição da mortalidade. Além disso, a adaptabilidade dos exercícios com pesos as pessoas com qualquer condição física, e o baixo índice de lesões, contribuem para a escolha preferencial desses exercícios para pessoas idosas e debilitadas (PRZYEZNY, 2000).

Então, o quanto de exercício físico é suficiente em termos de saúde?  O Colégio Americano de Medicina Esportiva (1995), em posição recente de seu Centro de Controle de Doenças, recomenda que trinta minutos de atividade física no maior número de dias possível traduz aquilo que, em termos populacionais, podemos dizer que é um grande passo rumo à melhoria da saúde e da qualidade de vida.

 

CONCLUSÃO

 

A prática de exercícios físicos resistidos, bem como o estilo de vida ativo, propiciam ao organismo humano uma série de adaptações, cardiorrespiratórias (repouso e esforço físico) e músculo- osteoarticulares que produzem benefícios, e ao bom funcionamento geral dos sistemas, proporcionando saúde e, consequentemente, melhor qualidade de vida.

O quanto de exercício físico praticado adequadamente pode ter efeito de prolongamento da vida, como é postulado em alguns estudos, ainda está em aberto. Entretanto, fazer exercícios com pesos, quando se observa a relação entre a inatividade corporal e a redução da capacidade de desempenho do homem, envelhecendo, é o melhor meio de envelhecer de maneira saudável. O único método até hoje cientificamente seguro de manter o homem que está envelhecendo biologicamente mais jovem do que corresponde à sua idade cronológica, é o treinamento corporal (WEINECK, 1991:p.99).

Ao nosso ver, o treinamento com pesos é a maneira mais eficiente de aumentar a hipertrofia muscular, a densidade óssea e também a flexibilidade.

A adaptação funcional mais importante que acontece é a força e consequentemente, vai haver um aperfeiçoamento no desempenho das atividades relacionadas com essa valência física. O idoso vai fazer menos força, por exemplo, para agachar e levantar, subir e descer escadas, vestir-se, carregar uma sacola de supermercados, etc., diminuindo, assim o seu duplo produto, que é o resultado da multiplicação da pressão arterial pela frequência cardíaca sistólica, dando assim, toda a segurança cardiovascular ao idoso de realizar qualquer atividade que requisite esforços, assim como estará mais protegido de eventuais fraturas, devido a maior consistência óssea, e também pela reduzida possibilidade de queda, já que estará mais apto fisicamente.

Toda essa melhora fisiológica e funcional do idoso que pratica trabalhos com pesos, vai refletir no seu lado social e psicológico, pois se sentirá mais útil, aumentando a sua autoestima, a sua confiança, permitindo-lhe uma maior integração dentro da sociedade.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

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MCARDLE, Willian D.: KATCH, Frank I, : KATCH, Victor I. Fisiologia do exercício: energia. Nutrição e desempenho humano. Porto Alegre: Artmed, 1998.

 

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VASBEK JUNIOR, P. Condicionamento físico: aspectos multidisciplinares na prevenção e reabilitação cardíaca. São Paulo: Sarvier, 1994.

 

WEINECK, J. Biologia do esporte. São Paulo: Editora Manole, 1991.

 

[1] Licenciada em Educação Física, Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul - São Paulo em 19 de dezembro de 2003. Pós graduada em Educação Infantil e Especial, pela Faculdade de Selviria 12/2004. E-mail: [email protected]