OS AVIÕES FRANCESES E O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

 

Está em jogo uma das maiores decisões político/militar/econômica que o Brasil já viveu desde a Guerra do Paraguai.

O ministro Pandia Calógeras foi ministro da Guerra entre 1919 e 1922 e decorridos 88 anos estamos novamente com um civil à frente das três armas: aeronáutica, marinha e exercito.

E justamente um ministro civil hoje é a voz viva da aeronáutica, que esposa a aquisição de um avião de caça, de fabricação sueca, o Gripen NG fabricado pela SAAB. Esta posição do ministro Jobim é o reflexo e a preocupação de quem irá pilotá-los. Quem estará a bordo do caça será um piloto da aeronáutica e não o homem que governa o Brasil e tão pouco o ministro Jobim. Quem estará correndo risco de morte, caso haja alguma anormalidade no avião, será o piloto e não o petista que jamais teve a mínima intimidade com qualquer tipo de aeronave beligerante. Portanto se os militares da FAB decidiram pelo avião da SAAB, o fizeram em função de uma série de argumentos técnicos e protocolos que serão transferidos para a indústria aeronáutica – EMBRAER- brasileira, inclusive o modelo Gripen NG, que ainda não existe, mas que passará a existir realmente no chão de fábrica da EMBRAER. O Brasil passará a dominar uma tecnologia de nova geração e com possibilidades de fabricar este tipo de avião.

Mas o que chama a atenção neste episódio de aquisição de aviões de caça está focado na sanidade financeira da SAAB e na política agropecuária que a Suécia desenvolve.

No momento atual os países da EU recebem algo como 53 bilhões de Euros por ano e a Suécia subsidia com sete bilhões de Euros. Mas... nem tudo parece ser tão honesto assim. Está em marcha um processo investigatório na Suécia, para averiguar uma anormalidade neste setor. Acredita-se que uma parcela significativa destes sete bilhões de Euros, está sendo usado por pessoas que não são agricultores e moram em grandes cidades suecas ou até na capital.

Mas voltando ao assunto da aquisição dos aviões, da sanidade financeira das indústrias fabricantes e o subsídio agrícola.

Poucas pessoas sabem que a Dassaut Aviation que desenvolveu o Rafale, investiu 39 bilhões de Euros na sua planta industrial para fabricar o caça francês e que só o governo francês os comprou até o momento. Nenhum país dos cinco continentes fez alguma aquisição.

Em termos de agricultura a França subsidiará seus agricultores com 1,65 bilhões de Euro, ou algo como US$ 2,47 bilhões que representa R$ 4,5 bilhões.

Então o Brasil está diante de uma situação que nem o Pandiá Calógeras e nem o Nelson Jobim, se defrontaram.

Explica-se. Quando o ministro da Guerra de Epitácio Pessoa (1919/1922) nós não estávamos em nenhum tipo de guerra e o Brasil ainda era incipiente em termos de exportações agropecuárias.

Hoje o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos, e sofre as conseqüências de políticas de subsídios agrícolas praticados por muitos países, inclusive a França, que pretende subsidiar com R$ 4,5 seus produtores. E não estamos em guerra.

O que se concluí com estas duas situações?

Primeiro: Com a aquisição dos caças franceses, o Brasil estará contribuindo para que a Dassaut Aviation inicie um processo de recuperação do capital investido e ao mesmo tempo sirva de garoto-propaganda para outros países sul-americanos, uma vez que a Venezuela ao comprar os caças russos, micou feio, pois não consegue peças para reposição.

Segundo: O Brasil simplesmente ratifica, abona e aprova a política francesa de subsídios agrícolas. E o que isto representa para o Brasil? Uma forma de concorrência desleal para com o agronegócio brasileiro e pasmem o atual governo brasileiro ainda não despertou para o prejuízo que está causando as nossas economias.

Conclusão: O Brasil colabora para a recuperação financeira de uma empresa francesa e evita a demissão de um número considerável de funcionários.

O Brasil de forma declarada, aceita que o governo francês subsidie a agricultura em detrimento da agricultura brasileira e pior ainda a França taxa o etanol brasileiro e nos acusam de sermos responsáveis pela elevação das commodities agrícolas, por estarmos utilizando áreas antes destinadas à produção de grãos, para a produção de cana.

Portanto, quem irá pilotar os caças não será o petista Lula, quem irá arcar com as barreiras econômicas dos nossos produtos agropecuários na França, não será o metalúrgico Lula, quem irá contribuir para a recuperação financeira da Dassaut Aviation seremos todos nós brasileiros.

Mas como diziam antigamente: Cada um tem o governo que merece.

Só mais um comentário. Em geral estes aviões permanecem por 30 anos em ação. No caso dos franceses, não haverá transferência de tecnologia.